Penectomia em Cães e Gatos: Abordagens e Aspectos Cirúrgicos
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Penectomia em Cães e Gatos: Diferentes Abordagens e Aspectos Clínicos Cirúrgicos
Penectomia é um procedimento cirúrgico que significa amputação do pênis. A penectomia parcial é indicada quando há distúrbios específicos do pênis, como deformidade, fratura, ferida, estrangulamento, pequenos tumores distais e necrose em parafimose. A penectomia também pode ser realizada seguida de uretrostomia em casos de obstrução e estenose uretral.
Anatomia
Principais músculos:
- M. isquiocavernosos: Responsável pela ereção do pênis.
- M. bulboesponjoso: Estrutura presente na região peniana de cães e gatos, desempenhando uma função importante durante a atividade sexual e a micção. Durante a atividade sexual, ele se contrai para comprimir a uretra peniana e evitar o refluxo da urina durante a ejaculação.
- M. retrator do pênis: Também conhecido como músculo retractor penis, é uma estrutura presente na região peniana de cães e gatos. Ele desempenha um papel importante no controle do posicionamento e proteção do pênis quando não está em uso. A função principal do músculo retrator do pênis é retrair o pênis de volta para a bainha prepucial.
Nervos
- N. pudendo: Mais abrangente; fornece inervação para estruturas na região pélvica e genital. Localizado próximo ao cóccix e ao sacro.
- N. peniano: Inervação sensitiva e motora do pênis (táteis, térmicas, dolorosas). É uma ramificação do nervo pudendo.
- N. sacral: Proveniente da medula sacral (S1 a S4) e emite ramos nervosos que se distribuem para estruturas inervadas, incluindo o nervo pudendo.
- N. pélvico: Fornece inervação para bexiga, próstata e reto. Localizados na região pélvica, ao longo da pelve.
- N. hipogástrico: Regulação da micção, defecação e função sexual. Ele é formado pelos ramos anteriores dos nervos espinais lombares, indo para a região pélvica.
Artérias
- A. pudenda interna e externa: Ramo da aorta abdominal. São dois ramos da artéria ilíaca interna - fornecem suprimento sanguíneo para a região genital, perianal e glútea. Realiza também a vascularização dos músculos isquiocavernosos.
- A. urogenital: Se origina na A. ilíaca interna. Realiza a irrigação dos rins e dos ureteres.
- A. profunda do pênis: Uma das principais artérias responsáveis pelo suprimento sanguíneo do pênis. Ramo da ilíaca interna. Cão: Porção ventral do pênis (suprimento sanguíneo corpos cavernosos - não possui osso peniano).
- A. dorsal do pênis: Percorre um trajeto ao longo da face dorsal (superior) do pênis. Situada na porção mais superficial do órgão. Origina-se dos ramos da A. pudenda interna.
Exames e Diagnósticos
As principais indicações para a penectomia parcial, ou total com uretrostomia, costumam ser fraturas, traumas, lacerações, neoplasias tanto de pênis quanto de prepúcio, necrose secundária a parafimose, protrusão peniana crônica, além de causas hereditárias ou congênitas. Conforme Fossum (2015), o diagnóstico de enfermidades penianas baseia-se no histórico, exame físico e exames de imagem de uretra e osso peniano, por exemplo, laboratoriais e radiografias torácicas e ultrassonografias abdominais, para pesquisa de metástase anteriormente ao procedimento cirúrgico. Ainda, os exames complementares pré-cirúrgicos devem ser solicitados e devem ser o hematológico, hemograma e dosagem sérica de uréia, creatinina, albumina e alanina aminotransferase (ALT), bem como exames de imagem.
Anestésicos
Cães: Medicação pré-anestésica (MPA) midazolan a 0,3 mg/Kg e petidina 2,0mg/Kg por via intramuscular, para indução utilizar propofol intravenoso a 6,0 mg/Kg, seguida de intubação orotraqueal com sonda de numeração de acordo com o paciente e logo após insuflar o cuff. Realizar o bloqueio locorregional do nervo pudendo com lidocaína 2%. O posicionamento da agulha na região perineal é realizada próximo ao esfíncter anal externo, tendo-se como referências as horas em um relógio analógico que seria o ânus, onde se introduza agulha nos pontos de 10 (lado esquerdo) e 2 horas (lado direito).
Gatos: Quanto à medicação pré-anestésica, poderá ser realizada com acepromazina (0,03mg/kg) e meperidina (3mg/kg). No trans operatório pode-se usar propofol (4mg/kg) e midazolam (0,2mg/kg), intubado com tubo endotraqueal com o tamanho de acordo com o tamanho do paciente com cuff e acoplado ao aparelho anestésico em sistema circular valvular com fluxo de oxigênio, e a utilização do isoflurano para manutenção. Para realização do bloqueio, utilizando lidocaína 2% com auxílio de neurolocalizador, na dose de 0,1ml/kg em cada ponto. Os fármacos do pós-operatório, sendo eles: morfina 0,3 mg/kg intramuscular; cefalotina 30mg/kg endovenosa, meloxicam 0,1mg/kg endovenosa; e dipirona 25mg/kg subcutâneo.
Amputação Peniana Parcial
Deve-se fazer uma incisão elíptica ao redor do prepúcio, pênis e escroto, mantendo uma quantidade de pele adequada para o fechamento. Disseque o pênis da parede corporal de cranial a caudal. Ligue e cauterize os vasos prepuciais. Deve-se fazer a castração com ablação escrotal. Localize e ligue os vasos penianos dorsais, caudalmente à localização desejada para a amputação. Realize a uretrostomia; a uretrostomia escrotal é preferível. Rebata ou Deve-se fazer a transecção do músculo retrator do pênis. Deve-se fazer uma incisão uretral mediana sobre o cateter. Coloque uma sutura circunferencial ao redor do pênis caudal à localização proposta para a amputação e cranial ao local da uretrostomia. Ampute o pênis em cunha. Aproxime a túnica albugínea para fechar a extremidade do pênis com fio de sutura absorvível monofilamento 3-0.
Pós-operatório das cirurgias não eletivas
AINES - Dexametasona 0,5mg a cada 2,5kg de 12 em 12 horas por 7 dias; Dipirona; Antibioticoterapia enrofloxacina 5mg/kg 12/12horas; Clorexidina - Uso Tópico - 12 em 12 horas; Gentamicina - Uso Tópico ; 12 a 24 horas; Bandagem ; Colar Elizabetano ou roupa cirúrgica; Quando necessário, realizar cultura e antibiograma.