Perceção e Memória: Conceitos Fundamentais e Processos

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O que é a Perceção?

  • É a base da compreensão da realidade.
  • É o processo através do qual o sujeito organiza a informação proveniente dos sentidos, interpretando-a e dando-lhe um significado.

A perceção dá-nos uma interpretação do mundo e não uma reprodução fiel, pois o sujeito seleciona do meio os estímulos que lhe interessam.

A perceção é um processo mediante o qual a informação sensorial é ativamente organizada e interpretada pelo cérebro, ajudando-nos a compreender o mundo à nossa volta.

É a interpretação, organização e descodificação dos dados sensíveis, feita pelo cérebro.

A perceção seleciona, organiza, interpreta e atribui sentido.

É um processo mental ativo, embora dependa da sensação.

Sensação

É a deteção e receção dos estímulos nos órgãos dos sentidos, que são traduzidos em impulsos nervosos que são conduzidos ao Sistema Nervoso Central para serem processados pelo cérebro.

Leis da Perceção

A teoria da Gestalt foi formulada no início do século XX por um grupo de psicólogos alemães (Wertheimer, Köhler e Koffka). Gestalt significa forma, padrão, configuração.

Este movimento elaborou um conjunto de leis que tentam explicar como a mente, de forma imediata, interpreta as informações sensoriais e produz uma perceção organizada.

Totalidade

A principal tese dos gestaltistas é esta: o todo é maior que a soma das partes. Temos a perceção de formas unificadas e não de peças ou fragmentos.

Exemplo: Assim, só reconhecemos uma melodia ouvindo-a globalmente; isoladas, as notas musicais nada significam. Uma vez organizada a melodia, damos atenção à forma conjunta e não a notas isoladas.

Constância Percetiva

A constância percetiva é a capacidade de percecionar um objeto com os seus atributos básicos, independentemente da variedade sensorial com que ele se apresenta.

Quanto a:

  • Dimensão-tamanho
  • Cor
  • Forma

Figura-Fundo

Quando percecionamos, a primeira coisa que fazemos é separar a figura do fundo. A nossa atenção seleciona partes da imagem e forma a perceção consoante a escolha feita.

Agrupamento Percetivo

Tendência para agrupar os estímulos recebidos num todo coerente.

Quanto a:

  • Proximidade
  • Semelhança
  • Fechamento

Memória

  • Permite-nos codificar, armazenar e recuperar informação. É a base de qualquer sistema cognitivo (suporte).
  • A nossa memória é seletiva, pois escolhe guardar aquilo que lhe interessa. Ainda não foram encontrados limites para a quantidade de informação armazenada.

Memorizar:

  1. Codificar
  2. Armazenar
  3. Recuperar

Codificação

Prepara as informações sensoriais para serem armazenadas no cérebro. Pode ser visual, auditiva ou semântica. Se forem as três em simultâneo, é mais vantajoso.

Após isto, armazenamos a informação, colocando-a em diferentes partes do nosso cérebro. A informação é introduzida, umas vezes automaticamente e outras mediante a repetição ou elaboração na memória. Depois de codificada, a informação é armazenada durante um período variável de tempo.

Armazenamento

Trata-se da manutenção da informação ao longo do tempo. A melhor forma de o fazer consiste em repetir a informação e analisar o significado da nova informação, relacionando-a com a informação já existente na memória.

Recuperação

Quando a informação se torna necessária, realizamos a sua recuperação. Pode ser feita por:

  • Evocação: acesso direto.
  • Reconhecimento: acesso através de informação que rodeia, baseado na associação e no encadeamento de ideias.

Memória Sensorial

A memória sensorial é um tipo de memória que tem origem nos órgãos dos sentidos. É graças a este tipo de memória que é possível ver um filme (memória sensorial visual) e perceber um texto que ouvimos (memória sensorial auditiva). Se a informação não for processada, perde-se; se for processada, passa para a memória de curto prazo.

Memória de Curto Prazo

A memória de curto prazo é um sistema mnésico ligado a processos de retenção temporária de informação, podendo esta ser esquecida ou guardada num sistema de memória de longo prazo. Os dados da memória de curto prazo, se forem processados, passam para a memória de longo prazo. Para que a informação fique armazenada nesta memória, é preciso que seja repetida e codificada.

Memória Imediata

Forma de memória com fraca capacidade de armazenamento e reduzida durabilidade. É um “armazém” de capacidade limitada; armazena aproximadamente sete itens ou peças informativas, ou seja, pequenas quantidades de informação (número de telefone, matrícula de um carro). Consegue manter a informação captada durante 20 a 30 segundos. Essa capacidade pode ser aumentada se os itens forem agrupados (ex: +352 22 781 33 45).

Memória de Trabalho

É a área onde se colocam e são utilizados os conteúdos mnésicos necessários em dados momentos. Utilizamos a memória de trabalho sempre que realizamos uma tarefa, como conversar com outra pessoa ou fazer um teste, por exemplo. Caracteriza-se por ser um espaço ativo de trabalho onde a informação está acessível para uso temporário.

Memória de Longo Prazo

A memória de longo prazo é um tipo de memória relativamente duradoura, na qual a informação é armazenada para ser utilizada posteriormente. Para os estudiosos, a MLP tem a capacidade de armazenar grandes quantidades de informação durante longos períodos de tempo.

Memória Procedimental (Não Declarativa)

Memória de aptidões motoras. É o nosso conhecimento do modo como fazer as coisas. Forma-se pela prática e pela observação. Exemplos: Andar de bicicleta; tocar um instrumento musical; lavar os dentes.

Memória Declarativa

Memórias de factos e de conhecimentos gerais e episódicos ou acontecimentos pessoais.

Semântica

Onde se armazenam factos sem conteúdo autobiográfico, conhecimentos gerais como regras, conceitos, normas e leis. Tem um conteúdo informativo geral e menos vivencial do que a episódica. Abstrai da relação espaço-temporal.

Exemplos: Saber a capital da Rússia; fórmulas químicas; regras gramaticais.

Episódica

Onde se armazenam informações e factos de caráter essencialmente autobiográfico. É a memória dos acontecimentos da nossa vida. Está ligada a momentos e lugares particulares.

Exemplos: Viagem de férias; nascimento de um filho; primeiro beijo.

A Memória como Processo Ativo

A memória é ativa e dinâmica, pois não permite que a informação se mantenha igual àquela que aprendemos. Por vezes, encontramos buracos na nossa memória e, involuntariamente, a nossa imaginação preenche esses buracos com informação falsa – confabulação.

Fatores que Afetam a Memória

  • Fisiológicos: O bem-estar cerebral, que depende em grande parte da oxigenação dos tecidos nervosos. O exercício físico. A qualidade da alimentação. A qualidade do sono.
  • Emocionais: Estados emocionais perturbadores, situações de pressão e de stress dificultam a concentração, criando um ruído mental e impedindo-nos de prestar atenção, o que dificulta a memorização.
  • Culturais: É a partir do contexto em que vivemos e das nossas experiências como membros de uma cultura específica que construímos as representações do mundo que influenciam o que memorizamos.

Esquecimento

É a incapacidade, provisória ou definitiva, de aceder conscientemente a uma informação adquirida ou a uma experiência vivida no passado mais imediato ou mais longínquo. Tem uma função seletiva: sem o esquecimento, muita informação inútil, desagradável e conflituosa não seria afastada, o que perturbaria a nossa adaptação à realidade.

Esquecimento Regressivo

Ocorre quando surgem dificuldades em reter novos materiais e em recordar conhecimentos, factos e nomes aprendidos recentemente.

Este tipo de esquecimento é especialmente sentido por pessoas de certa idade e pode dever-se à degenerescência dos tecidos cerebrais.

Esquecimento Motivado

Significa que esquecemos porque temos razões (estamos motivados) para esquecer, habitualmente porque uma recordação é desagradável e perturbadora. Neste sentido, Freud apresentou uma conceção de esquecimento que decorre da sua teoria sobre o psiquismo humano, segundo a qual nós esquecemos o que, inconscientemente, nos convém esquecer.

Interferência Proativa

As informações antigas prejudicam a aquisição de novos conhecimentos.

Interferência Retroativa

As informações novas prejudicam a recordação das antigas.

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