Grandes Períodos da História da Arte: Uma Visão Geral

Classificado em História

Escrito em em português com um tamanho de 21,41 KB

Pré-História: Arte Rupestre e Primeiras Manifestações

Os primeiros artistas da humanidade foram os homens da Pré-História. Eles viviam em pequenos grupos e eram nômades, sem lugar fixo para habitar. Alimentavam-se da caça, da pesca e da colheita de frutos.
O homem aprendeu a fazer o fogo, com o qual se aquecia e afugentava os animais, e a utilizar pedras lascadas, com as quais confeccionava instrumentos para caçar, guerrear e realizar entalhes nas paredes. Daí o primeiro período da Pré-História ser chamado de Período da Pedra Lascada ou Paleolítico. Suas características incluem caça e coleta, uso do fogo, instrumentos de pedra lascada, madeira e ossos, além do desenvolvimento da pintura em paredes e esculturas.
O homem pré-histórico costumava abrigar-se em cavernas e cabanas. É nas cavernas que encontramos as primeiras manifestações pictóricas realizadas pelo homem (arte rupestre), com pinturas de ursos, cavalos, bisões, entre outros.
No Período Neolítico ou Pedra Polida, o homem teve seu encontro com a era dos metais. Este período foi marcado por uma grande movimentação entre tribos e povoados, o uso de instrumentos de pedra polida (como enxadas e teares para construções), e o surgimento do artesanato (cerâmica, barro).
Para pintar, o homem produzia suas próprias tintas, misturando terra (vermelha), carvão, sangue e gorduras de animais. Utilizava os dedos e, provavelmente, pincéis rudimentares (tocos de madeira). No desenho nas cavernas, a pedra era utilizada como instrumento para a confecção de suas obras. As cavernas mais conhecidas, encontradas pelos arqueólogos, foram a Gruta de Lascaux (França) e Altamira (Espanha), onde foram observadas as inscrições pré-históricas mais importantes e conhecidas.

Arte Egípcia: Unidade e Eternidade


Toda a produção do Egito Antigo apresenta um fortíssimo sentido de unidade e eternidade. Sua história, dividida por várias dinastias, tem a figura do faraó como um monarca divino, um deus com poderes sobre-humanos ilimitados.
As manifestações artísticas que se destacaram foram as construções de templos e túmulos, e as famosas Pirâmides, feitas em tijolos ou pedras. As pirâmides eram modelos de túmulos, mas destinavam-se exclusivamente aos faraós. As mais importantes do Egito estão na planície de Gizé e recebem o nome dos faraós ali enterrados: Quéops, Quéfren e Miquerinos. Foram construídas por escravos e demoraram muitos anos para serem terminadas. Em seu interior, além da múmia do faraó, continham inúmeras esculturas, joias e objetos de valor.

Arte Grega: Ideal de Beleza e Perfeição


É nesse período da história que surge o ideal de beleza, princípio motor de toda a criação artística do homem. A arte e sua produção começam a ter equilíbrio, harmonia, ordem e proporção, onde o homem era considerado o modelo, o padrão de beleza. Ele era retratado sem imperfeições, idealizado. Deste período nos ficou uma série de elementos que continuam a influenciar a vida atual, como é o caso das Olimpíadas e da busca da beleza idealizada.
A arte grega é dividida em três períodos distintos:

  • O Arcaico, onde há um predomínio de linhas geométricas rígidas. Na arquitetura, surgem os primeiros templos (como os de Apolo, Delfos e Olimpo). Na escultura, as peças representavam modelos de anatomia e beleza. A pintura podia ser vista apenas nos vasos.
  • O Clássico, marcado pela idealização da beleza e busca da perfeição formal, designado como o período da maturidade, o encontro da técnica e do espírito criador. A cidade de Atenas era a grande capital, o centro produtor da arte.
  • O Helenístico, caracterizado por formas com aspectos exagerados de movimentação, onde se ressalta a qualidade expressiva dos elementos.

É nesse período que acontece a fase de grande transformação do estilo grego, que recebe influências de Roma em sua arquitetura. Embora a arte tenha destaque neste período, seus artistas (pintores, escultores) não eram bem vistos, por se caracterizarem como artes manuais. Neste período, valorizavam-se apenas as produções que partiam da mente, do conhecimento, da abstração criativa. A educação era parte do desenvolvimento completo do homem. Outro aspecto relevante na arte grega foi o desenvolvimento do teatro e suas mitologias (deuses), a partir de cerimônias em honra a Dionísio.

Semana de Arte Moderna de 1922

O movimento modernista começou em São Paulo, com a Semana de Arte Moderna de 1922, uma série de eventos (discursos, leituras de poemas, exposições, concertos) no Teatro Municipal de São Paulo.
Entre 11 e 16 de Novembro de 1922, realizou-se na capital paulista a Semana de Arte Moderna, com obras de Lasar Segall e Anita Malfatti, além das esculturas de Victor Brecheret (que havia chegado da Itália, onde estudara a arte de Auguste Rodin, autor de O Beijo), as gravuras expressionistas de Oswaldo Goeldi e as pinturas de Tarsila do Amaral, que dava feição tropical ao futurismo europeu. Entre os participantes, destacam-se: Vicente Rego Monteiro, Emiliano Di Cavalcanti, Cícero Dias, Antonio Gomide, Ismael Nery, Menotti del Picchia, Guilherme da Silva Prado, Mário de Andrade, Oswaldo de Andrade, Villa Lobos e Guiomar Novaes.
É bem verdade que a Semana de 22, como é conhecida, tratou muito mais de anunciar seu rompimento com o passado clássico e acadêmico. Não se preocupou em apontar um caminho ou uma forma definitiva para as novas produções artísticas que nasciam. As consequências imediatas e prolongadas da Semana de Arte Moderna formaram a modernidade cultural brasileira, com uma série de manifestos, exposições e desdobramentos culturais que permearam os anos futuros.

Renascimento: Gênios, Razão e Aprimoramento Cultural

Este período foi um dos momentos mais representativos da História da Arte, pela apresentação e noção de genialidade e de obra-prima que existiu. Compreende historicamente os séculos XV e XVI, tendo como berço a cidade de Florença, na Itália.
O Renascimento foi o momento das grandes descobertas científicas e de um aprimoramento cultural. Os preceitos da fé foram substituídos pelos ideais da razão, e o homem passou a ser o centro de todas as medidas. O artista ganhou espaço neste período, passando a assinar suas produções, trabalhando em diversas áreas e sendo requisitado para a execução de grandes encomendas. A arquitetura foi marcada pela proporção, simetria e modulação, e seu resultado final passou a ter um caráter mais voltado para a ornamentação. A pintura ganhou grande destaque neste período devido à estruturação da perspectiva, da técnica e da utilização da tinta a óleo. A arte era usada para espelhar um fragmento do mundo real. Na escultura, houve uma volta à busca da idealização da beleza, proposta pelo período clássico da arte grega, e um detalhamento sem precedentes da anatomia do corpo humano.
O Renascimento foi o período conhecido como o dos grandes gênios da arte: Leonardo da Vinci, Michelangelo Buonarroti, Rafael Sanzio, Sandro Botticelli, Giotto, Donatello, Tintoretto, entre outros.
Algumas obras importantes realizadas pelos artistas renascentistas incluem:

  • De Leonardo da Vinci: Mona Lisa, A Ceia de Cristo.
  • De Sandro Botticelli: O Nascimento de Vênus, A Virgem e o Menino com Quatro Anjos e Seis Santos.
  • De Michelangelo: Capela Sistina, esculturas de Davi e Pietà, e a Basílica de São Pedro (Roma, juntamente com Giacomo della Porta).
  • De Tintoretto: A Última Ceia.
  • De Rafael: Madona do Grão-Duque, A Bela Jardineira, A Sagrada Família com Cordeiro, A Transfiguração.

Impressionismo: Luz, Cor e Percepção (Séc. XIX)

O Impressionismo foi fundamentado na decomposição óptica das cores, ou seja, tinha um caráter científico. O objetivo era transmitir a impressão do que se vê e, para isso, a sensação tornou-se o ponto de partida, a realidade da visão. O estilo encontrou em cada artista uma interpretação diferente, sendo que o único ideal que os unia era o de captar a imagem vista como se fosse um instantâneo. O movimento teve como marco inicial o ano de 1874, em Paris, na França.
O Impressionismo chama a atenção para o fato de que, ao observarmos uma imagem ao ar livre, não vemos elementos individuais, mas sim uma brilhante mistura de matizes que se combinam em nossa mente. Isso era alcançado através de uma técnica embasada nos princípios ópticos e científicos, com pinceladas curtas, fazendo com que a tinta se misturasse na tela e não mais na paleta do pintor. Levou tempo para o público perceber que só ao olhar de longe é que se pode entender um quadro impressionista.
Um dos elementos que facilitou o desenvolvimento e a aceitação do Impressionismo foi a fotografia, o registro bidimensional do real, que ajudou a descobrir o encanto da cena fortuita e do ângulo inesperado, a técnica do registro mecânico, sem, contudo, causar distanciamento dos artistas pintores destes seus novos concorrentes. A influência e colaboração entre ambos seria muito frutífera e definiria os novos caminhos, mais particulares e independentes da pintura.
Na pintura, destacaram-se os artistas: Édouard Manet, Claude Monet, Auguste Renoir, Edgar Degas, Alfred Sisley e Camille Pissarro. Na escultura, Auguste Rodin e Edgar Degas.
Algumas obras importantes incluem:

  • De Manet: Almoço sobre a Relva, O Balcão.
  • De Monet: Impressão, Nascer do Sol.
  • De Degas: A Aula de Dança, e a escultura Bailarina de Quatorze Anos.
  • De Renoir: Rosa e Azul.
  • De Rodin: as esculturas O Pensador e O Beijo.

Cubismo: Fragmentação e Múltiplas Perspectivas (1907)


O Cubismo iniciou-se em 1907, em Paris, na reunião de jovens artistas, e propôs reformular o modo de representação dos objetos. Estes passaram a ser vistos sob vários ângulos ao mesmo tempo, como se o artista se movimentasse em torno deles e captasse todas as suas faces de uma só vez. Para isso, usou composições fundamentadas na estrutura do objeto representado, simplificando sua natureza visual. Ficou marcado pela fragmentação e justaposição das figuras, utilizando o geometrismo. Os artistas desse movimento, liderado por Pablo Picasso (com obras como Mulher na Guitarra, Mulher Jovem, Natureza Morta em Cadeira de Vime, Três Músicos), Georges Braque, Fernand Léger e Marcel Duchamp, entre outros, propunham fazer uma arte que fosse conceitual e não simplesmente perceptual. Para eles, o tema importaria menos que os valores formais da pintura; procuravam construir algo, em vez de copiar a imagem vista.
Principais características:

  • Geometrização das formas e volumes.
  • Renúncia à perspectiva.
  • O claro-escuro perde sua função.
  • Representação do volume colorido sobre superfícies planas.
  • Sensação de pintura escultórica.

O Cubismo divide-se em duas fases:

Cubismo Analítico

Caracterizado pela desestruturação da obra em todos os seus elementos. Decompondo a obra em partes, o artista registra todos os seus elementos em planos sucessivos e superpostos, procurando a visão total da figura, examinando-a em todos os ângulos no mesmo instante, através de sua fragmentação. Essa fragmentação dos seres foi tão grande que se tornou impossível o reconhecimento de qualquer figura nas pinturas cubistas.

Cubismo Sintético

Reagindo à excessiva fragmentação dos objetos e à destruição de sua estrutura. Basicamente, essa tendência procurou tornar as figuras novamente reconhecíveis. Também chamado de colagem, porque introduz letras, palavras, números, pedaços de madeira, vidro, metal e até objetos inteiros nas pinturas. Essa inovação pode ser explicada pela intenção do artista em criar efeitos plásticos e de ultrapassar os limites das sensações visuais que a pintura sugere, despertando no observador também as sensações táteis.

Cubismo no Brasil

Dos artistas brasileiros, destacamos:

  • Tarsila do Amaral, que deu início em 1928 a uma fase chamada antropofágica. A ela pertence a tela Abaporu, cujo nome, segundo a artista, é de origem indígena e significa “antropófago”. Também usou de temática social em seus quadros, como na tela Operários.
  • Vicente do Rego Monteiro foi um dos principais artistas brasileiros a realizar uma obra dentro da estética cubista. Obra destacada: Pietá.

Expressionismo: Emoção e Subjetividade (1905)

Movimento artístico surgido em Munique, na Alemanha, a partir de 1910, propondo a arte como expressão do mundo interior do artista, pela expressão de intensas emoções. As obras não têm preocupação com o padrão de beleza tradicional e exibem enfoques pessimistas da vida, marcados por angústia, dor, inadequação do artista diante da realidade e, muitas vezes, pela necessidade de denunciar problemas sociais. Explorava a expressividade da imagem vista, distorcendo a figura se necessário. Utilizava cores fortes, contornos abruptos, e uma atmosfera densa e carregada, quase irreal. O retrato de um mesmo local ou figura humana poderia variar de acordo com o sentimento existente.

Os artistas trabalhavam as impressões sensoriais e o público se sentia incomodado, pois o Expressionismo acarretou o distanciamento da beleza. Os expressionistas acreditavam que a insistência na harmonia e beleza estava ligada a uma recusa de sinceridade.
O movimento é caracterizado pelos trabalhos de: Edvard Munch (O Grito), James Ensor, e de dois grupos formados na Alemanha:

  • Die Brücke, representado pelos artistas Ernst Kirchner, Emil Nolde e Otto Müller.
  • O grupo Der Blaue Reiter, representado pelos artistas Paul Klee, Franz Marc e Wassily Kandinsky, entre outros.

Vincent van Gogh foi um dos principais precursores do movimento.
Nas artes plásticas, os artistas brasileiros mais importantes do Expressionismo no Brasil foram: Candido Portinari, Anita Malfatti, Lasar Segall, além do dramaturgo Nelson Rodrigues, que tem em suas obras características expressionistas.

Surrealismo: Inconsciente, Sonhos e Realidade (1924)

O Surrealismo propunha a liberação das imagens do inconsciente. O desejo era atingir a liberdade total dos pensamentos, sem que estes passassem por uma ordenação lógica. O movimento trabalhou com imagens conhecidas, mas estas eram distorcidas de suas características originais. A ideia era apresentar nas telas as imagens presentes nos sonhos, pesadelos e delírios, ou seja, imagens vindas diretamente do inconsciente, sem nenhum tipo de censura prévia, criando uma verdadeira esfera de alucinação com seres imaginários ou formas humanas associadas a plantas ou animais. Esse movimento surgiu em 1924, em Paris, e tinha como proposta a aplicação da doutrina de Freud na arte: juntar real e irreal, com a exclusão da lógica e da razão. O mentor intelectual desse grupo de artistas foi o poeta e também médico André Breton, que valorizava as pesquisas científicas, sobretudo a psicanálise. Ele foi considerado o papa do Surrealismo e exercia poderes e carisma sobre o grupo, composto por: Salvador Dalí (Girafa em Chamas, O Sono), Paul Delvaux, Joan Miró (A Mulher e o Gato) e Marc Chagall.

Arte Bizantina: Fé, Império e Mosaicos

O cristianismo não foi a única preocupação para o Império Romano nos primeiros séculos de nossa era. Por volta do século IV, começou a invasão dos povos bárbaros, o que levou Constantino a transferir a capital do Império para Bizâncio, cidade grega, depois batizada como Constantinopla. A mudança da capital foi um golpe de misericórdia para a já enfraquecida Roma; facilitou a formação dos Reinos Bárbaros e possibilitou o aparecimento do primeiro estilo de arte cristã: a Arte Bizantina.
Graças à sua localização (Constantinopla), a Arte Bizantina sofreu influências de Roma, Grécia e do Oriente. A união de alguns elementos dessa cultura formou um estilo novo, rico tanto na técnica quanto na cor.
A Arte Bizantina estava dirigida pela religião; ao clero cabia, além de suas funções, organizar também as artes, tornando os artistas meros executores. O regime era teocrático e o imperador possuía poderes administrativos e espirituais; era o representante de Deus, tanto que se convencionou representá-lo com uma auréola sobre a cabeça, e não era raro encontrar um mosaico onde estivesse juntamente com a esposa, ladeando a Virgem Maria e o Menino Jesus.
O mosaico é a expressão máxima da Arte Bizantina e não se destinava apenas a enfeitar as paredes e abóbadas, mas a instruir os fiéis, mostrando-lhes cenas da vida de Cristo, dos profetas e dos vários imperadores. Plasticamente, o mosaico bizantino em nada se assemelha aos mosaicos romanos; são confeccionados com técnicas diferentes e seguem convenções que regem inclusive os afrescos. Neles, por exemplo, as pessoas são representadas de frente e verticalizadas para criar certa espiritualidade; a perspectiva e o volume são ignorados, e o dourado é demasiadamente utilizado devido à associação com o maior bem existente na terra: o ouro.
A arquitetura das igrejas foi a que recebeu maior atenção da Arte Bizantina. Elas eram planejadas sobre uma base circular, octogonal ou quadrada, com imensas cúpulas, criando-se prédios enormes e espaçosos, totalmente decorados.
A Igreja de Santa Sofia (Sofia = Sabedoria), na hoje Istambul, foi um dos maiores triunfos da nova técnica bizantina. Projetada pelos arquitetos Antêmio de Tralles e Isidoro de Mileto, ela possui uma cúpula de 55 metros apoiada em quatro arcos plenos. Tal método tornou a cúpula extremamente elevada, sugerindo, por associação à abóbada celeste, sentimentos de universalidade e poder absoluto. Apresenta pinturas nas paredes, colunas com capitel ricamente decorado com mosaicos e o chão de mármore polido.
Toda essa atração por decoração, aliada à prevenção que os cristãos tinham contra a estatuária (que lembrava de imediato o paganismo romano), afastou o gosto pela forma e, consequentemente, a escultura não teve tanto destaque neste período. O que se encontra restringe-se a baixos-relevos acoplados à decoração.
A Arte Bizantina teve seu grande apogeu no século VI, durante o reinado do Imperador Justiniano. Porém, logo sucedeu-se um período de crise chamado de Iconoclastia. Consistia na destruição de qualquer imagem santa devido ao conflito entre os imperadores e o clero.
A Arte Bizantina não se extinguiu em 1453, pois, durante a segunda metade do século XV e boa parte do século XVI, a arte daquelas regiões onde ainda florescia a ortodoxia grega permaneceu dentro da Arte Bizantina. E essa arte extravasou em muito os limites territoriais do império, penetrando, por exemplo, nos países eslavos.

Entradas relacionadas: