Períodos Musicais: Rococó, Clássico e Barroco
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Rococó: Características Gerais (1700-1755)
O estilo Rococó, ou a refinada arte de salão de Luís XV, dominou a primeira metade do século XVIII na França. A França, nesse período, era o farol intelectual e moral que guiava toda a Europa. Seu Palácio de Versalhes e suas academias seriam imitados por todo o continente.
O Rococó é essencialmente um estilo de arte ornamental e decorativa. Distingue-se pelo uso abundante de:
- Pedras e conchas
- Irregularidades e assimetrias
- Linhas onduladas
- Plantas decorativas (folhas e coroas de flores)
- Mobiliário e porcelana
- Chinoiserie e espelhos
- Tapeçarias
Na pintura, os temas favoritos eram as festas galantes, as cenas pastorais e bucólicas. Artistas como Watteau, Boucher e Fragonard foram os melhores a retratar a vida frívola e agradável da corte.
Essa mesma arte galante, frívola e sensual também afetou a música. As artes e a música dos salões do século XVIII nos trazem à lembrança os cavaleiros de fivelas e perucas, as mulheres de chapéus e crinolinas, os passos de minuetos e rigodões, e as cenas campestres em prados e parques.
Instrumentos e Compositores do Rococó
O período Rococó viu a melhoria de instrumentos que dariam origem à arte sinfônica em meados do século. Os instrumentos favoritos nos salões eram o violino e, claro, o cravo, que dividia o protagonismo com a flauta. O clarinete foi introduzido, e houve um desenvolvimento do fagote e do oboé, que já existiam.
O nascimento do piano (1709), inventado por Bartolomeo Cristofori, foi um marco importante.
Com a introdução do violino na orquestra por Corelli, diferentes escolas e técnicas de interpretação surgiram. Os defensores dessa técnica incluem:
- França: Leclair
- Itália: Vivaldi, Veracini, Viotti, Geminiani, Kreutzer, Stamitz e outros.
Na Itália, além de Albinoni, Dall'Abaco, Locatelli, B. Marcello, e os já mencionados Geminiani e Veracini, os nomes mais proeminentes no violino são os de Vivaldi e Tartini. No cravo, Domenico Scarlatti se destaca.
Na França, o violinista mais notável foi Leclair, que representou o auge das sonatas e concertos franceses. O instrumento que melhor representa o estilo Rococó francês é o cravo.
As duas figuras cimeiras do cravo francês são François Couperin e Jean-Philippe Rameau.
Em termos gerais, os gêneros e formas instrumentais iniciados no século XVII continuaram a se desenvolver.
Outros compositores do Rococó incluem Christoph Willibald Gluck e Giovanni Battista Pergolesi.
Compositores de transição entre o Rococó e o Clássico são:
- Johann Stamitz (criador da sinfonia e violinista), de Mannheim
- Carl Philipp Emanuel Bach (criador da estrutura da sonata para teclado)
- Johann Mattheson e Georg Philipp Telemann (na Alemanha Central e do Norte)
- Luigi Boccherini (em Madrid)
Música Clássica (c. 1750-1820)
O período Clássico na história da música começa aproximadamente em 1750 e termina por volta de 1820. Este período é chamado de "música clássica" em oposição ao uso do termo para a tradição da música erudita em geral. Em outras artes, o Classicismo foi a redescoberta e cópia da arte greco-romana, considerada tradicional ou ideal. Na música, não havia um "clássico" original para copiar, pois não havia música escrita dos tempos gregos e romanos.
A música do período Clássico caracteriza-se por um grande equilíbrio entre harmonia e melodia. Seus principais expoentes foram Joseph Haydn, Wolfgang Amadeus Mozart e o primeiro Ludwig van Beethoven. Beethoven representa um ponto de virada na evolução da música tonal, afastando-se progressivamente do centro tonal, marcando o início da era Romântica na história da música.
Instrumentos no Período Clássico
Alguns instrumentos surgem neste período, como o piano, o arpeggione e o clarinete. Embora a maioria dos instrumentos sinfônicos já existisse desde o período Barroco, muitos deles atingiram a maturidade neste período, como o oboé, o fagote e o contrabaixo.
Enquanto novos instrumentos se desenvolviam, outros já existentes perderam força, quase chegando à extinção, como a viola da gamba, o cravo, a flauta de bisel (re-emergiria no século XX) e o alaúde.
O piano foi imposto, tornando-se o instrumento chave que veio a ocupar um lugar central na música de câmara e em concertos para solistas, aprofundando-se ainda mais no Romantismo.
Desenvolvimento Inicial (1750-1775)
Por volta de 1750, gêneros instrumentais como a sinfonia e o concerto ganharam força suficiente para serem interpretados de forma independente da música vocal, obtendo grande sucesso nas cortes. O compositor proeminente da época era Joseph Haydn. Além de escrever sinfonias clássicas claramente estruturadas, ele compôs sonatas para o novo instrumento de teclado que surgia, permitindo uma maior capacidade expressiva. Haydn também foi considerado o "pai do quarteto de cordas", provavelmente porque suas obras para essa formação demonstram grande sofisticação melódica e harmônica, contribuindo para a definição do quarteto como o conhecemos hoje.
Harmonia e Textura Clássica
Na harmonia, não houve mudanças significativas, pois as grandes regras harmônicas já haviam sido estabelecidas no período anterior. No entanto, observamos grandes mudanças na textura: o estilo se tornou mais puro e equilibrado, frequentemente com melodia acompanhada e, às vezes, homofonia ou polifonia vertical. Surge e se impõe o Baixo de Alberti (uma forma de acompanhamento em que as notas do acorde são arpejadas na linha do baixo).
Isso se opõe ao estilo Barroco, sobrecarregado de imitações, fugas e cânones complexos. Lembre-se que o ideal clássico é o equilíbrio e a harmonia. Houve um uso crescente de uma maior variedade de dinâmicas e articulações, impulsionado pelo desenvolvimento dos instrumentos. Melodias cantabile tornaram-se de particular importância. É neste período que se definem claramente as estruturas que sustentam a "música erudita ocidental" até os dias atuais: a sinfonia, o concerto e a sonata clássica.
A Sonata Clássica
A sonata clássica geralmente possui três ou quatro movimentos. O primeiro movimento segue uma estrutura de três partes:
- Exposição: O compositor apresenta dois temas, um mais agressivo e outro mais melódico.
- Desenvolvimento: Estabelece uma "luta" entre os dois temas, explorando-os e transformando-os.
- Recapitulação: A tensão harmônica é resolvida com a reexposição dos temas originais.
O segundo movimento, frequentemente lento, é mais melódico, utilizando uma forma ternária e lírica.
O terceiro movimento tem um caráter mais casual, geralmente na forma de minueto, uma dança de origem francesa (no caso de Beethoven, frequentemente um scherzo).
No quarto movimento, quase sempre assume a forma de rondó, alternando seções fixas com seções variáveis.
A sonata em si é escrita para um instrumento solo ou um pequeno conjunto (duetos, trios). A forma de sonata, quando para um grupo de câmara, pode ser um quarteto, quinteto, etc. Se for para uma orquestra, é chamada de sinfonia, e se for para orquestra com um solista, é um concerto.
Música Barroca (Século XVII e Início do XVIII)
A música Barroca é a expressão musical que dominou a Europa durante o século XVII e a primeira metade do século seguinte, sendo substituída pelo Classicismo a partir de 1750-1760. É considerada nascida na Itália e atingiu seu auge na Alemanha.
É um dos períodos mais ricos, férteis, criativos e revolucionários da história da música, trazendo inovações significativas. Novas formas foram desenvolvidas e grandes avanços técnicos na composição e no virtuosismo foram operados. Assim, temos a expressão através do cromatismo, contraponto e intensidade, e o surgimento de gêneros como a ópera, o oratório, a cantata, a sonata, a tocata, a suíte, a fuga e a sinfonia.
Baixo Contínuo
Também chamado de apoio contínuo, o baixo contínuo é um sistema desenvolvido no período Barroco e também um sistema de estenografia ou taquigrafia para escrever música. Como técnica de composição, permitia ao compositor desenhar apenas o contorno do baixo cifrado e da melodia, deixando as vozes intermediárias para um preenchimento livre, ou seja, a invenção do baixo contínuo.
A execução do baixo contínuo requer dois instrumentistas: um para a linha melódica grave (viola da gamba, violoncelo, contrabaixo, fagote, etc.) que sustenta as notas graves, e um instrumento harmônico (alaúde, cravo, órgão) para o contínuo, que desenvolve harmonias improvisadas de acordo com os dados do baixo cifrado, em forma de arpejos de acordes ou outras configurações, tudo em sintonia com o estilo e as necessidades expressivas do texto musical.
Sistema Tonal
O sistema tonal foi uma evolução dos mestres da música medieval, atingindo seu pico com Bach e perdurando até os compositores pós-românticos.
Música Barroca Italiana
Na Itália, durante os séculos XVI, XVII e início do XVIII, a música Barroca viveu seu auge, buscando o esplendor artístico, do sublime ao sublime, onde a alegria e a religiosidade se debatem entre o humano e o divino no campo de batalha que foi o Barroco. O Theatrum Mundi italiano vivia sob o preceito de "delectare et movere" (deleitar e mover).
A sprezzatura italiana deu lugar ao que seria o maior espetáculo da voz humana: a ópera. O concerto grosso italiano foi o protótipo de composição e performance a ser seguido em toda a Europa Ocidental.
Os castrati desempenharam um papel importante no Barroco italiano. Eles eram a personificação do humano barroco: o extravagante e o belo, o grotesco e o confuso, o maneirismo, o belo com a moralidade, a queda monstruosa e o esplendor supremo. Sociedades barrocas italianas (Caffarelli, Carestini) os imortalizaram por uma voz que transcendia o conceito de "perfeição", levando alguns italianos à loucura.
O violino, uma encenação do maneirismo barroco, era um veículo melhor para o virtuosismo do executante do que para o compositor, que apenas fornecia orientações para que os artistas tivessem considerável liberdade.
Exemplos desta época incluem os doze concertos de Pietro Locatelli, o Concerto Grosso de Arcangelo Corelli, e o Concerto Grosso para as Quatro Estações de Antonio Vivaldi (conhecido como Il Prete Rosso, "o padre vermelho", devido à cor de seu cabelo).
Georg Friedrich Händel (1685-1759)
Händel é um dos mais importantes compositores do Barroco, sendo, junto com seu contemporâneo Bach, o mais importante da primeira metade do século XVIII. Nascido em 1685, na Alemanha, mudou-se para a Inglaterra em 1712 para ser consagrado como um dos melhores compositores britânicos, obtendo a cidadania britânica em 1727. É importante notar que Händel veio de uma família rica e não teve os impedimentos ou limitações típicas da maioria dos músicos.
Em 1759, com grande reputação no círculo musical de Londres, ele faleceu aos 74 anos, sendo enterrado na Abadia de Westminster. Sua obra é muito numerosa, com mais de 600 composições. Entre os destaques, incluem-se suas óperas (como Júlio César, 1724), seus oratórios (como Messias, 1741), seus concertos (como os Concertos para Órgão Op.4, 1735) e suas suítes orquestrais (como Música Aquática, 1717, e Música para os Reais Fogos de Artifício, 1749).
Música Barroca Alemã
Compositores notáveis da música barroca alemã incluem:
- Heinrich Schütz
- Dietrich Buxtehude
- Georg Philipp Telemann
- Johann Pachelbel
- Johann Sebastian Bach (1685-1750)
Johann Sebastian Bach foi um organista e compositor alemão de música clássica do Barroco, membro de uma família com uma extraordinária história musical (120 músicos). Sua prolífica obra é considerada o auge da música barroca e um dos picos da música mundial, não só pela sua profundidade intelectual, perfeição técnica e beleza artística, mas também pela síntese de vários estilos internacionais de seu tempo e do passado, e sua originalidade.
Bach teve enorme influência sobre músicos posteriores, especialmente após sua redescoberta pelo músico Felix Mendelssohn. Suas obras mais importantes estão entre as mais transcendentais da música clássica e mundial. Toda a sua obra é completa e conhecida por sua originalidade e perfeição técnica. Particularmente importantes incluem:
- Concertos de Brandenburgo
- O Cravo Bem Temperado
- Missa em Si Menor
- Paixão Segundo São Mateus
- A Arte da Fuga
- A Oferenda Musical
- Variações Goldberg