Personagens e Destinos no Auto da Barca do Inferno
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Diabo
Condutor das almas ao Inferno, conhece muito bem cada um dos personagens. É zombeteiro, irônico e um bom argumentador. O Diabo atua como um juiz, exibindo às claras o lado mais recôndito de cada um.
Fidalgo
O Diabo alega que o Fidalgo o acompanhará por ter tido uma vida de luxúria e pecados. É condenado pela sua vida pecaminosa, em que a luxúria, a tirania e a falta de modéstia pesam como graves defeitos. É um personagem orgulhoso e praticante da tirania.
Onzeneiro
Ao chegar à barca do Diabo, descobre que seu rico dinheiro ficara em terra. Demonstra seu apreço às coisas mundanas, pedindo para buscar seu dinheiro, o que o condena ao fogo do Inferno. Sua principal característica é a GANÂNCIA.
Parvo
Não é condenado ao Inferno. O Parvo é simples, sem malícia e consegue driblar o Diabo. É uma alma pura, cujos valores são legítimos e sinceros. Ao passar pela barca do Anjo, diz ser "ninguém". Por sua humildade e por seus verdadeiros valores, é conduzido ao Paraíso.
Sapateiro
Chega à embarcação do Diabo carregando seu instrumento de trabalho: o avental e as formas. É um desonesto explorador do povo. Habituado a ludibriar os homens, procura enganar o Diabo, que espertamente não se deixa levar por seus artifícios e o condena.
Frade
É alegre, cantante, bom dançarino e mau-caráter. Chega acompanhado de sua amante, levando também capacete e espada. Acredita que, por ter rezado e estar a serviço da fé, deveria ser perdoado de seus pecados mundanos. Dá uma lição de esgrima ao Diabo (que finge não saber manejar uma arma), o que prova a culpa do espadachim, já que frades não lidam com armas. Contra suas expectativas, é condenado ao fogo do Inferno.
Brígida Vaz
Misto de alcoviteira e feiticeira. Por sua devassidão e falta de escrúpulos, é condenada. Inescrupulosa, traiçoeira e cheia de ardis, não consegue fugir à condenação.
Judeu
Entra acompanhado de seu bode. Detestado por todos, até mesmo pelo Diabo, que quase se recusa a levá-lo, é igualmente condenado, inclusive por não seguir os preceitos religiosos da fé cristã.
Corregedor e Procurador
Juiz e advogado. Deveriam ser exemplos de bom comportamento, mas acabaram sendo condenados justamente por serem tão imorais quanto os mais imorais dos mortais. Manipulavam a justiça de acordo com as propinas recebidas, fazendo da lei sua fonte de recursos ilícitos e de manipulação de sentenças. Sua condenação é um reflexo da CORRUPÇÃO.
Enforcado
Chega ao batel acreditando ter o perdão garantido por seu julgamento terreno e posterior condenação à morte. Acreditava que isso o teria redimido dos pecados, mas é condenado também a ir para o Inferno.
Cavaleiros Cruzados
Finalmente chegam à barca quatro cavaleiros cruzados, que lutam pelo triunfo da fé cristã e morrem em poder dos mouros. Com uma ficha impecável, são todos julgados, perdoados e conduzidos à Barca da Glória.