Plano Geral de Contabilidade (PGC): Estrutura e Análise Financeira
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1. Estrutura do Plano Geral de Contabilidade (PGC)
O PGC é dividido em cinco partes essenciais que orientam a elaboração e interpretação das informações contábeis:
Primeira Parte: Conceitos Fundamentais
A estrutura conceitual do PGC estabelece os princípios e regras gerais que permitem elaborar e interpretar as informações contábeis.
Segunda Parte: Normas de Registro e Avaliação para PME
A segunda parte do PGC para PME (Pequenas e Médias Empresas) contém as regras para registro e avaliação dos diversos ativos, passivos e transações mais comuns, particularizadas para as PME.
Critério de PME (Exemplo): Uma empresa é considerada PME se cumprir, em dois anos consecutivos, o critério de ter um número médio de empregados igual ou inferior a 50 trabalhadores.
Terceira Parte: Demonstrações Financeiras
As demonstrações financeiras das PME compreendem o balanço, a demonstração das mutações do patrimônio líquido e a memória (notas explicativas). Estes documentos formam uma unidade.
Além disso, as empresas podem, voluntariamente, incorporar em suas contas anuais a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC).
As demonstrações financeiras têm a missão de reportar os resultados da empresa e a sua condição financeira. Devem ser depositadas na Secretaria ou Conservatória da província do domicílio. As contas anuais são obrigatórias e devem ser elaboradas pelo empregador ou pelos diretores da empresa no prazo máximo de três meses a contar da data de encerramento do exercício.
Quarta Parte: Definições e Relações Contábeis
Cada um dos grupos, subgrupos e contas está sujeito a uma definição e explicação dos movimentos de cada uma das contas. São sete grupos que compõem os ativos e passivos da empresa e os seus elementos.
Quinta Parte: Plano de Contas
O plano de contas é uma listagem detalhada e consolidada de todas as contas da empresa, expressas em diversas subdivisões, com um título que indica o seu conteúdo. A empresa deve desagregar as contas no nível apropriado de dígitos que permita o controle e monitoramento das suas operações.
Esta quinta parte do PGC não é obrigatória, ou seja, cada empresa pode definir o seu próprio mapa de contas.
2. Componentes das Demonstrações Financeiras
O Balanço Patrimonial
O balanço é um documento que mostra os ativos de uma empresa em determinado momento, ou seja, reflete a posição estática do patrimônio em um momento específico da vida da empresa. O balanço reflete todos os ativos, direitos e obrigações que a empresa possui em uma determinada data, sendo normalmente elaborado à data de 31 de Dezembro.
Estrutura e Classificação do Balanço
O balanço deve apresentar os dados de forma equilibrada, cumprindo a equação fundamental da contabilidade:
Ativo Total = Passivo Total + Patrimônio Líquido.
O Ativo é constituído pelo total dos bens e direitos da sociedade (estrutura econômica, ou seja, investimentos ou destino dos fundos). O Passivo e o Patrimônio Líquido representam a origem dos recursos financeiros disponíveis para a empresa (estrutura financeira).
Os elementos do Ativo são classificados pelo critério de disponibilidade ou liquidez (facilidade com que um bem ou direito pode ser convertido em dinheiro), do menor para o maior grau de liquidez.
Os elementos do Patrimônio Líquido e do Passivo são classificados tendo em conta o grau de exigibilidade, do menor para o maior grau de exigibilidade.
No modelo de balanço, o Ativo é classificado em dois grupos principais (Ativos Não Correntes e Ativos Circulantes), e os elementos do Passivo e Patrimônio Líquido são classificados em três (Patrimônio Líquido, Passivo Não Circulante e Passivo Circulante). Por sua vez, cada uma destas categorias é subdividida em seções diferentes.
Demonstração de Resultados (Conta de Lucros e Perdas)
A Demonstração de Resultados é um relatório que visa calcular o resultado (lucro ou prejuízo) que a empresa obteve durante o exercício. Esta demonstração é um estado dinâmico, refletindo os fluxos econômicos ao longo do exercício. É obrigatória e deve ser desenvolvida no final do ano fiscal.
A Demonstração de Resultados para as PME calcula subtotais como o resultado da operação e o resultado financeiro. A soma destes subtotais permite obter o resultado antes de impostos, que serve de base para o cálculo do imposto de renda.
A Memória (Notas Explicativas)
A Memória é um documento explicativo que complementa o conteúdo das outras demonstrações. Quanto mais amplos forem os comentários, mais ajudam os beneficiários e usuários dessas informações a compreender a situação da empresa.
O conteúdo da Memória não é limitado, mas deve fornecer, pelo menos, informações sobre a atividade empresarial, a aplicação de resultados, ativos, passivos financeiros, etc.
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
É uma demonstração que visa informar sobre as alterações no Patrimônio Líquido que ocorreram durante o exercício, nomeadamente:
- O resultado do exercício.
- O montante do rendimento ou gasto reconhecido no capital próprio.
- Alterações no capital próprio resultantes de transações com os sócios, tais como os aumentos ou reduções de capital social.
Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)
A Demonstração dos Fluxos de Caixa é um componente das contas anuais, facultativo para as PME, que visa informar sobre a origem e o uso dos ativos monetários (caixa e equivalentes).
3. Análise das Demonstrações Financeiras
O estudo das demonstrações financeiras envolve a análise do balanço, da demonstração de resultados e de outros documentos contábeis complementares. Esta análise utiliza técnicas e procedimentos analíticos para tirar conclusões que revelam diferentes aspetos da situação da empresa.
Este estudo é realizado a fim de obter informações úteis para os diversos agentes econômicos relacionados com a empresa. Estes agentes são:
- Os donos de empresas, que desejam conhecer o estado dos seus investimentos e desenvolvimentos futuros.
- Os administradores ou gestores da empresa, que procuram avaliar o resultado da sua gestão.
- Os potenciais investidores, que planejam investir na empresa e querem saber se o investimento será rentável.
- Os credores da empresa (especialmente bancos), que querem saber se a empresa é capaz de satisfazer as suas dívidas, ou seja, se pode pagar atempadamente.
- E, em geral, outros intervenientes, como auditores, sindicatos, administração fiscal, etc.
4. Análise da Estabilidade Financeira (Balanço)
Existem diversas situações de equilíbrio financeiro que podem ser observadas no balanço de uma empresa:
Estabilidade Financeira Total
Situação em que os ativos não correntes e ativos circulantes são financiados exclusivamente por capital próprio, sem responsabilidade. Neste caso, a estabilidade é total. A dívida é igual a zero e, portanto, o passivo é nulo. Geralmente, esta situação ocorre quando uma empresa inicia a sua atividade.
Estabilidade Financeira Normal
Situação em que o Fundo de Maneio (Capital de Trabalho) é positivo.
Insolvência Técnica (Desequilíbrio de Curto Prazo)
Desequilíbrio financeiro de curto prazo, uma vez que o Fundo de Maneio (Capital de Giro) é negativo. Uma empresa em situação de insolvência técnica tem problemas de liquidez no curto prazo. Pode ser superada através do aumento do financiamento permanente, até que a empresa recupere a sua capacidade de pagamento a curto prazo.
Desequilíbrio Financeiro de Longo Prazo (Risco de Solvência)
Instabilidade financeira causada por problemas de solvência, pois a empresa está descapitalizada e necessita de financiamento externo. A falta de capital próprio para cumprir as obrigações de pagamento da dívida exigiria a liquidação de todos os seus ativos.
Falência (Desequilíbrio Financeiro Crítico)
Desequilíbrio financeiro grave, pois a empresa está totalmente descapitalizada e uma parte do financiamento necessário foi alocada para cobrir perdas acumuladas. A empresa está condenada.
A Falência é um procedimento legal obrigatório que visa liquidar os ativos da empresa para satisfazer os credores.