Platão e Aristóteles: Metafísica, Ideias e Conhecimento
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Platão
I. Metafísica
- O ser de cada ser é a sua essência. Sem essências, não podem existir indivíduos, o que explica o fato de que a ciência existe e que seu objeto de estudo são as essências.
- Os perfumes estão fora dos indivíduos. Em nossa cabeça, há apenas conceitos que se referem às essências.
- Argumento das essências: As essências não estão dentro do indivíduo, porque se a essência estivesse lá dentro, apenas um indivíduo teria a essência, e essa essência é única. Além disso, se cada um tivesse uma parte da essência, a essência que cada um teria seria diferente.
- Argumento do conhecimento: Ninguém pode conhecer as essências através da experiência, mas sim com a razão. Dizemos então que houve contato entre as essências (ideias) e a razão.
Para Platão, existe um mundo exterior que ele chama de Mundo das Ideias (perfeição, eternidade, o mundo do "ser"), onde a razão viu as ideias em uma vida anterior. Este mundo se opõe ao mundo sensível (temporário), que é falho por consistir em matéria.
Existem certas condições que atestam a existência deste mundo:
- Matéria: Relaciona-se com as ideias, mas se cortarmos o vínculo entre ambos, obteremos uma matéria informe, pura e imperfeita. Por isso, dizemos que é irracional, porque não podemos conhecê-la; oscila entre ser e não ser. Se não houver ideia da matéria, não pode haver conceito.
- Essência (Ideia): Tudo o que "é". Ideia ou participação de uma ideia.
- Demiurgo: Esta é uma inteligência superior que está fora dos dois mundos e é o que torna possível a sua união.
II. Teoria das Ideias
- Vida anterior da Razão: A razão, em uma vida anterior, vê o mundo das ideias e obtém todo o conhecimento. Mas, no nascimento (união da alma com o corpo), este conhecimento é perdido. Por isso, precisamos nos lembrar de tudo o que aprendemos na pré-vida (Reminiscência, implantar a razão. Aprender é lembrar).
- Dualismo corpo-alma: O corpo é material, irracional, e a alma é racional e imaterial.
- Conhecimento da perfeição: Conhecemos o modelo de perfeição (a ideia). Assim, quando valorizamos uma coisa, o que fazemos é compará-la com sua ideia. Por ser material, nunca poderá alcançar a perfeição da ideia, que é imaterial.
- Objetivismo: Existem verdades absolutas (Ideias), que, sendo eternas, devem ser absolutas.
- Ideia do Bem: É a Ideia suprema que permite que as outras ideias existam e é o princípio último de tudo. É tudo e nada ao mesmo tempo; proporciona o conhecimento das ideias e as torna possíveis.
- Problemas da Teoria das Ideias:
- A) A relação entre a ideia e o indivíduo: Poderia ser uma relação de imitação, em que o modelo reproduz a cópia. Poderia ser que o indivíduo participe da Ideia. De alguma forma, a ideia não pode ser separada do corpo, como nos diz a razão (embora de forma limitada).
- B) Alcance das Ideias: Existem ideias de questões morais, objetos matemáticos e a Ideia de Ideia. Não há ideias de objetos parciais, imperfeições (o mal, a ignorância...), objetos naturais e artificiais.
III. Antropologia
- Psicologicamente: A alma pode ser dividida em:
- Racional (imortal): É a razão que nos permite pensar.
- Irracional (mortal): Está ligada ao corpo e se divide em:
- Concupiscível (vontade e desejos).
- Irascível (nível afetivo ou emocional; o que sentimos).
- Ética:
- A) A razão pode conhecer a verdade (há uma verdade teórica, "o que é", e uma prática, "o que é conveniente"). Com a razão, devemos adquirir um bom hábito (uma base permanente e fácil) para alcançar a sabedoria e a prudência.
- B) Irascível: Permite que você sinta; é preciso ter coragem, força de vontade.
- C) Concupiscências: Permite os desejos, as necessidades do corpo. Deve haver temperança, isto é, moderação.
- Política: Os seres humanos são seres sociais por natureza. A sociedade ideal é uma sociedade de classes. A classe dominante tem de ser composta por filósofos, pois o fim do governo é o bem dos governados. Só se pode governar com a verdade. Não há propriedade privada nem o conceito de família. Este é o modelo ideal de governança, para Platão, que corresponde à seguinte divisão:
- Alma racional (razão): Políticos.
- Alma irracional (irascibilidade): Exército.
- Alma concupiscível: Satisfazem as necessidades das outras duas classes.
Aristóteles
I. Metafísica
- Crítica a Platão:
- A) A Teoria das Ideias é inútil. As ideias não podem explicar o movimento dos corpos do mundo material. Além disso, Platão complica as coisas ao ter que recorrer a outro mundo para explicar este, tendo, assim, dois mundos.
- B) As ideias estão dentro do corpo. Devem estar dentro, pois são a causa das coisas, o que gera um problema.
- Problema das essências: A essência (forma) está dentro do indivíduo, mas não existem formas numericamente diferentes, e sim formas especificamente iguais. Para conhecer uma essência, deve-se recorrer ao indivíduo. Assim, para obter conhecimento, é preciso recorrer à experiência.
- O Ser: É formado por uma substância invisível e indetectável, que, por sua vez, é formada pela natureza (forma) e pela matéria, que pode ser formada por outros materiais. Uma parte da substância são os acidentes, que são o que percebemos através dos sentidos. Podem ser classificados em categorias, como quantidade, qualidade, tempo, espaço, etc. A substância pode ser definida como o suporte ou sustentação dos acidentes. Existem vários tipos de substâncias:
- Primeiras (matéria + forma) ou compostos hileomórficos: Podem ser divididas em sensíveis (eternas = estrelas) ou imperfeitas (= perecíveis) e insensíveis (Deus).
- Segundas (ligadas à matéria).
- Mudanças:
- A) É a passagem da potência ao ato: A potência é a possibilidade de "ser". O ato é o que é. A dificuldade é a natureza limitada da potência. A forma se relaciona com o ato, e a matéria com a potência. O caminho leva à privação.
- B) Tipos: Acidental (apenas o acidente muda) e Substancial (a forma muda).
- C) Elementos: Na mudança acidental, a substância permanece. Na mudança substancial, prevalece a matéria bruta ou pura.
- D) Conclusão: Na passagem da potência ao ato, o móvel aparece em outro indivíduo, ou motor, que é quem faz o móvel passar da potência ao ato. Para isso, deve haver um primeiro motor imóvel que move o mundo e que não é causado por nada; Deus. Na filosofia aristotélica, Deus não criou o mundo, apenas deu o primeiro movimento.
II. Cosmologia
- Natureza: Pode ser individual, ou seja, a essência na medida em que identifica um conjunto de atividades. É própria do ser e é um princípio de movimento e repouso que está no corpo, em sua essência e por acidente.
- Cosmos: Totalidade de entidades.
- Características do cosmos: Geocêntrico, finito e heterogêneo.
- Movimento na natureza: O processo da potência ao ato envolve o ser e o não ser. Não se pode explicar o princípio da inércia. Os movimentos são absolutos. Para analisar o movimento, deve-se recorrer ao móvel; o movimento é determinado pelo caminho.
- Tipos de movimento:
- A) Movimento Natural: Aquele que todo ser realiza por sua própria natureza, por si mesmo.
- B) Movimento Violento: É realizado por um motor externo.
III. Epistemologia
- Campo psicológico:
- A) Empirismo: Como os indivíduos, a obtenção de conhecimento é baseada na experiência.
- B) Racionalismo: A obtenção de conhecimento é baseada na razão.
- C) Relação entre alma e corpo: Não podem ser separados. A união entre corpo e alma é substancial; sua união é necessária. Existem três tipos de almas: a alma vegetativa (reprodução, nutrição), a alma sensível (emoções, lembranças) e a alma racional (razão).
- Campo da ética:
- A) Há dois tipos de finalidades: Meios (para atingir outros fins) e Fins (também chamados de finalidade suprema ou felicidade, relacionados com o eudemonismo; cada entidade deve cumprir o seu papel para alcançá-la).
- B) A função do homem: Para alcançar a felicidade, é necessário adquirir um bom hábito e manter um equilíbrio. O ser humano é dividido em três partes: a razão (pensamento), que se subdivide em conhecimento teórico (contemplação), que conduz à sabedoria (dianoético), e conhecimento prático, que leva à prudência (ética); sentimentos/paixões (sentimento); e desejos (ação). As duas últimas dão origem à teoria do meio-termo, que diz que o meio-termo é apenas um, envolvendo um excesso e um defeito, e depende do indivíduo e da situação.
- Campo político: Aristóteles nos diz que a democracia, como política, seria inválida, porque o governo estaria nas mãos de pessoas que não são educadas para isso. Portanto, o governo correto seria a aristocracia. Também, em relação ao homem, ele é sociável por natureza, como evidenciado pela linguagem. O comportamento ético depende da relação com os outros. O homem precisa estar em sociedade para adquirir o status de ser humano; caso contrário, só poderia ser uma besta.