Platão: O Mito da Caverna e a Ideia do Bem na Filosofia
Classificado em Filosofia e Ética
Escrito em em português com um tamanho de 4,97 KB
Platão é um autor relevante para a filosofia antiga, do século V a.C., e considerado um dos pais do pensamento ocidental. Foi discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles, construindo sua filosofia em oposição aos sofistas e também preservando o patrimônio dos principais autores pré-socráticos.
O Mito da Caverna: Purificação da Alma e Governança
Esta é a explicação que Platão nos oferece do Mito da Caverna, relativo ao processo de purificação que a alma deve realizar, essencial tanto na vida privada (ética) quanto na vida pública (política).
Ideias Centrais
- Platão nos incita a comparar a região revelada através da visão à habitação-prisão e a luz do fogo ao poder do sol, dando-nos as chaves para a interpretação de dois mundos paralelos.
- A ascensão do prisioneiro para fora da caverna simboliza a ascensão da alma para o mundo inteligível.
- A Ideia do Bem será a última a ser percebida pela alma em sua ascensão, sendo a causa de todas as coisas justas e belas.
- A Ideia do Bem é a ideia hierarquicamente suprema, que permite obter um conhecimento real e, consequentemente, fornece o conhecimento das outras ideias.
- O conhecimento da Ideia do Bem é a chave para agir corretamente na vida privada (moral) e na vida pública (política).
Relação entre as Ideias
Platão nos fornece as chaves de interpretação do mito, que apoiam a ideia de que o Bem é a última coisa que a alma percebe em sua ascensão ao mundo inteligível, sendo a causa das coisas no mundo sensível, e que a Ideia hierarquicamente suprema é o símbolo da verdade e do conhecimento. Por sua vez, as duas últimas ideias constituem as premissas que sustentam a conclusão do texto: o conhecimento da Ideia do Bem torna-se a base da ação ética e política correta.
Explicação Detalhada das Ideias Platônicas
Como afirmado anteriormente, este texto de Platão abandona o mito para nos dar as chaves para sua interpretação. Assim, a alegoria se relaciona com o processo de purificação e de educação que a alma do futuro governante terá de efetuar se ele quiser desempenhar seu trabalho de forma justa.
O Paralelo entre os Dois Mundos
A primeira ideia sugere um paralelo entre os dois mundos, um sendo cópia do outro, o que também se reflete em uma das passagens mais famosas de Platão, o Símile da Linha. Este estabelece uma correspondência entre os graus de conhecimento e realidade: imaginação e crença no mundo das sombras; e o discurso do conhecimento e da dialética para a verdadeira realidade.
A Ascensão ao Mundo Inteligível
Platão, em seguida, explica que a ascensão do prisioneiro para fora da caverna deve ser interpretada como a passagem do mundo sensível (o da mudança, das aparências) para o mundo inteligível (a verdadeira realidade e tudo o que se pode obter um conhecimento real, o do universal).
A Supremacia da Ideia do Bem
Em seguida, Platão se concentra no mundo inteligível e, especificamente, na Ideia do Bem. Esta é a última coisa a ser percebida no processo educativo e não sem dificuldade, diz Platão. Devemos lembrar que o processo educativo será difícil de superar e apenas por um seleto grupo.
A Ideia do Bem é a ideia hierarquicamente suprema e, assim como o sol ilumina os objetos físicos, ela iluminará o conhecimento das ideias. Para Platão, a Ideia do Bem fornece uma unidade ao mundo que também se apresenta como múltiplo. Existem ideias sobre muitas coisas e elas mantêm uma hierarquia entre si, mas o que todas elas têm em comum é o fato de serem boas. Além disso, Platão diz que a Ideia do Bem é a causa de todas as coisas justas e belas. Para o ateniense, o mundo inteligível é a causa do mundo sensível; não se pode julgar algo como belo se não se conhece a Ideia de Beleza. As ideias são essências, ou seja, aquilo pelo qual uma coisa é o que é e não outra. A Ideia de Beleza é a beleza em si, mas também aquilo pelo qual uma coisa é bela.
Verdade, Conhecimento e Intelectualismo Moral
Platão também explica que a Ideia do Bem é um produtor de verdade e conhecimento. Somente no mundo inteligível pode-se obter conhecimento científico verdadeiro, que não muda e é idêntico a si mesmo. Se a verdade mudasse constantemente, não poderíamos saber nada sobre a realidade; tudo o que poderíamos ter seriam opiniões. Mas Platão, como Sócrates, está convencido de que a verdade existe, não no mundo em constante mudança das coisas, mas nos universais.
Finalmente, reaparece a influência socrática, o traço do iminente intelectualismo moral que seu professor deixou em nosso filósofo. Apenas se age mal por ignorância. Por isso, é preciso saber o que é virtude, o bem e a justiça para agir corretamente e governar da mesma maneira. O futuro governante deve conhecer o mundo das ideias para que nossa cidade seja justa.