Poesia Espanhola: Do Início do Século XX ao Pós-Guerra

Este é um período muito amplo, com movimentos literários e figuras de ponta, por vezes, inclassificáveis. Para apresentar uma visão ordenada da poesia deste período, propomos os seguintes momentos literários:

• 1. Do século XIX ao XX: Renovação.
• 2. Poesia da virada do século: a vanguarda literária, Juan Ramón Jiménez e a Geração de 27.
• 3. A poesia marcada pela guerra.

Modernismo e Geração de 98

O Modernismo é um movimento artístico que surgiu na Europa e na América durante os últimos anos do século XIX, em resposta à crise de fim de século. Neste ambiente, surge o gênero poético, com o objetivo de renovação formal. É um movimento que não surge do nada, mas absorve tendências que o precederam e outras que coexistiam. Absorve o mistério do Romantismo, a perfeição formal do Parnasianismo e o poder de sugestão do Simbolismo. Seu grande precursor foi Rubén Darío.

A Geração de 98 é um grupo de escritores espanhóis que partilhou a experiência da crise de fim de século na Espanha, após o desastre de 1898. Isso levou os escritores desta geração a explorar o decadente, a expressar o pessimismo, a melancolia e o espiritualismo. O gênero poético terá seu maior expoente na figura de Machado, um autor em que não se pode separar vida e obra. Esse mesmo caminho de renovação é partilhado pela voz do notável poeta Miguel de Unamuno.

Juan Ramón Jiménez, Vanguarda e Geração de 27

Juan Ramón Jiménez é considerado o pai da poesia moderna e um consumador de tendências de vanguarda. Podemos distinguir três fases na produção poética de Juan Ramón Jiménez:

• 1. Poesia Sensível: Arias Tristes.
• 2. Poesia Intelectual: Diário de um Poeta Recém-Casado.
• 3. Poesia Verdadeira: Terceira Antologia Poética.

A Vanguarda, como movimento artístico, refere-se aos experimentos inovadores e modernos que surgiram na Europa durante o período entre as guerras, cujo objetivo comum era inovar nas artes e destruir os resquícios da literatura e das artes anteriores. As primeiras vanguardas europeias foram o Futurismo, o Expressionismo e o Cubismo, seguidos pelo Dadaísmo e Surrealismo. Um movimento de vanguarda de natureza hispânica foi o Ultraísmo. Além disso, o Criacionismo surgiu pelas mãos de poetas espanhóis e latino-americanos como Vicente Huidobro.

A Geração de 27 designa um grupo de poetas que atingiu a maturidade por volta de 1925. Esse nome deve-se ao fato de terem publicado seus primeiros trabalhos nessa época e, nesse ano, terem se reunido para comemorar o centenário da morte de Góngora. Os membros desta geração percorreram caminhos semelhantes: primeiro buscaram a poesia pura e a poesia popular, e mais tarde evoluíram para o Surrealismo. Pedro Salinas é o poeta que explorou em seus poemas o tema do amor. Jorge Guillén é a expressão otimista por excelência da poesia. A poesia de Vicente Aleixandre é a comunicação entre homem e natureza. Federico García Lorca é, certamente, um dos poetas mais representativos da Geração de 27 e o que melhor combina as influências da poesia popular e de vanguarda. Em Rafael Alberti, notam-se claramente questões políticas. Luis Cernuda, cuja poesia está reunida em A Realidade e o Desejo.

A Poesia Marcada pela Guerra

Miguel Hernández é um escritor inclassificável; sua importância reside, portanto, em ser a ponte entre os poetas da Geração de 27 e os poetas do período pós-guerra. Não estudou em nenhuma universidade e foi autodidata. De sua vasta obra poética, destacam-se:

• Perito em Luas
• O Relâmpago que Não Cessa
• Vento do Povo
• Cancioneiro e Baladas das Ausências

Após a Guerra Civil (1936-1939), os que permaneceram na Espanha, assim como a sociedade, foram divididos em dois campos: de um lado, os partidários do regime; do outro, os escritores do lado derrotado. Na década de 50, predominou o desejo de prestar um depoimento crítico da realidade; nas décadas de 60 e 70, a ligeira melhoria econômica e a liberalização cultural permitiram que o intelectual espanhol tivesse contato com as novas correntes ideológicas estrangeiras.