Os Polos de Desenvolvimento Econômico: EUA, UE e Ásia-Pacífico
Classificado em Geografia
Escrito em em
português com um tamanho de 23,48 KB
Os Polos de Desenvolvimento Econômico
Os EUA - Caracterização. Profundamente desigualitário, o mundo atual concentra a maior parte da sua riqueza e da sua capacidade tecnológica em três polos de intenso desenvolvimento: os Estados Unidos, a União Europeia e a zona da Ásia-Pacífico. A este poder econômico concentrado, põe-se a hegemonia político-militar de um único país: os Estados Unidos.
Prosperidade Econômica. Os EUA são o quarto maior país do mundo e o terceiro mais populoso. Um PNB de mais de 10,2 trilhões de dólares faz deles a primeira potência econômica mundial. Terra das oportunidades desde o seu nascimento, a América do Norte glorifica, ainda hoje, o espírito de iniciativa individual e a imagem do multimilionário bem-sucedido.
Os Setores de Atividade. Marcadamente pós-industrial, a economia americana apresenta um claro predomínio do setor terciário. A América é, hoje, o maior exportador de serviços do mundo, sobretudo na área de seguros, transportes, restauração, cinema e música. Altamente mecanizadas, as unidades agrícolas e pecuárias americanas têm uma elevadíssima produtividade. Assim, e apesar de algumas dificuldades geradas pela concorrência, os EUA mantêm-se como maior exportador de produtos agrícolas. Pelo seu dinamismo, a agricultura americana alimenta ainda um conjunto de vastas indústrias.
Novos Laços Comerciais. O partido que os Estados Unidos retiram da sua implantação na América e na área do Pacífico reforçou-se durante a presidência de Bill Clinton. Numa tentativa de contrariar o predomínio comercial da UE, Clinton procurou estimular as relações econômicas com a região do Sudeste Asiático, revitalizando a APEC. No mesmo sentido, o presidente impulsionou a criação da NAFTA, que estipula a livre circulação de capitais e mercadorias (não de pessoas) entre os EUA, Canadá e México.
Hegemonia Político-Militar. As Nações Unidas aprovam uma operação militar multinacional com o fim de repor a soberania do Kuwait, invadido pelo vizinho Iraque. A libertação do Kuwait (conhecida como guerra do Golfo) iniciou-se em janeiro de 1991 e exibiu, perante o mundo, a superioridade militar dos Estados Unidos. Este primeiro conflito pós-guerra fria inaugurou oficialmente a época da hegemonia mundial americana. É a única superpotência da última década que tem desempenhado um papel ativo na geopolítica do globo. Assim, os EUA multiplicaram a imposição de sanções econômicas, reforçaram o papel da NATO e assumiram um papel militar ativo que serviu de suporte à polémica invasão do Iraque.
A União Europeia
Unir um velho continente, formado por tantas nações orgulhosas e independentes, parece um projeto assaz ambicioso. Etapa a etapa, no entanto, o projeto tem progredido.
Consolidação da Comunidade: do Ato Único à Moeda Única
Embora o tratado de Roma abrisse perspetivas para uma completa integração econômica e, até, de uma futura união política, o 1.º grande objetivo da CEE foi a união aduaneira. Os estados membros acordaram o estabelecimento de uma política agrícola comum, de ações concertadas de combate ao desemprego, de ajudas às regiões menos favorecidas, de um sistema monetário europeu, entre outras medidas. Apesar destes avanços, a comunidade enfrentava no início dos anos 80 um período de marasmo e descrença nas suas potencialidades e no seu futuro. Os esforços do novo presidente conduziram, em 1986, à assinatura do Ato Único Europeu, que previa, para 1993, o estabelecimento do mercado único onde, para além de mercadorias, circulassem livremente pessoas, capitais e serviços. Em 1990, começam as negociações com vista ao aumento das competências da comunidade.
Estas negociações desembocam no célebre tratado da união europeia, assinado na cidade holandesa de Maastricht. O tratado, que entra em vigor em 1993, ao mesmo tempo que o mercado único, estabelece uma união europeia fundada em três pilares: o comunitário, de caráter econômico e de longe, o mais desenvolvido; o da política externa e da segurança comum; e o da cooperação nos domínios da justiça e dos assuntos internos.
Maastricht representou um largo passo em frente no caminho da união, quer pelo reforço dos laços políticos, quer, sobretudo, por ter definido o objetivo da adoção de uma moeda única, de acordo com um calendário rigoroso e predeterminado.
Da Europa dos 9 à Europa dos 25
Em 1981, a Grécia torna-se membro efetivo da comunidade. A entrada destes três novos membros colocou à CEE o seu primeiro grande desafio, já que se trata de um grupo de países bastante atrasados relativamente aos restantes membros. Em 1992, o Conselho Europeu de Lisboa recebeu, com agrado, as candidaturas da Áustria, Finlândia, Suécia e Noruega, países cuja solidez econômica contribuiria para o reforço da comunidade. A Europa passa a funcionar a 15. Entretanto, os desejos de adesão dos países de Leste eram olhados com apreensão, limitando-se a comunidade, no início, a implementar planos de ajuda às economias em transição.
O Espaço Econômico da Ásia-Pacífico
Nos anos 90, tornou-se um polo de desenvolvimento intenso, capaz de concorrer com os EUA e a UE. A economia desta região desenvolveu-se em três fases consecutivas: em 1.º lugar emergiu o Japão; depois os quatro dragões asiáticos: Hong Kong, Coreia do Sul, Singapura e Taiwan.
Os Polos de Desenvolvimento Econômico: O Japão
O designado “milagre japonês” beneficiou de uma conjuntura favorável. As ajudas financeiras e técnicas, por parte dos EUA, permitiram uma rápida reconstrução econômica do Japão. Apesar disto, os japoneses também criaram condições necessárias à sua prosperidade: um sistema político estável permitiu a atuação concertada entre o Governo e os grandes grupos econômicos. O Estado interveio ativamente na regulação do investimento, na concessão de créditos, na proteção das empresas e do mercado nacional. Também canalizou a maior parte dos investimentos públicos para o setor produtivo e absteve-se em matéria de legislação social.
A mentalidade japonesa foi também um importante fator de crescimento. Dinâmicos e austeros, completamente devotados à causa da reconstrução nacional e ao seu trabalho em particular, empresários e trabalhadores cooperaram estreitamente na realização de objetivos comuns.
Munido de mão de obra abundante e barata e de um sistema de ensino abrangente, mas altamente competitivo, o Japão lançou-se à tarefa de transformar-se na primeira sociedade de consumo da Ásia.
O primeiro grande surto de crescimento ocorreu entre 1955 e 1961, quando a produção industrial praticamente triplicou. Os setores que adquiriram maior dinamismo foram os da indústria pesada e dos bens de consumo duradouros. O comércio externo acompanhou também esta expansão.
O segundo surto foi entre 1961 e 1971, período durante o qual a produção industrial duplicou e criaram-se 2,3 milhões de postos de trabalho. Este crescimento também assenta em novos setores, como a produção de automóveis e televisões.
Tudo isto fez do Japão a terceira maior potência do mundo.
A China – Caracterização
Seguindo uma política pragmática, Deng dividiu a China em duas áreas geográficas distintas: o interior, essencialmente rural, permanecia resguardado da influência externa; o litoral abrir-se-ia ao capital estrangeiro, integrando-se plenamente no mercado internacional.
A China camponesa não acompanhará o surto de desenvolvimento do país. O sistema agrário foi, no entanto, profundamente reestruturado. Em cerca de 4 anos, as terras foram descoletivizadas e entregues aos camponeses, que puderam comercializar os excedentes, num mercado livre.
Quanto à indústria, sofreu uma modificação radical. A prioridade à indústria pesada foi abandonada em favor dos produtos de consumo e a autarcia em favor da exportação.
Dotadas de uma legislação ultraliberal, as “Zonas Econômicas Especiais” foram favoráveis aos negócios. As empresas de todo o mundo foram convidadas a estabelecer-se nestas áreas.
Desde 1981, o crescimento econômico da China tem sido impressionante. Recém-chegada ao grupo dos países industrializados da Ásia, a China detém um potencial muito superior ao dos seus parceiros, quer em recursos naturais, quer, sobretudo, em mão de obra. Com mais de um milhar de milhões de habitantes, a competitividade do país alicerça-se numa massa inesgotável de trabalhadores mal pagos e sem regalias sociais.
Neste país socialista, as desigualdades entre o litoral e o interior e entre os ricos e os pobres cresceram exponencialmente.
A aproximação da China ao Ocidente facilitou, após lentas negociações, o acordo com a Grã-Bretanha e Portugal no sentido da transferência da soberania de Hong Kong e de Macau, a partir de 1997 e de 1999, respectivamente.
A Questão de Timor
A ilha de Timor era, desde o século XVI, um território administrado pelos portugueses. Em 1974, a “revolução dos cravos” agitou também Timor-Leste, que se preparou para encarar o futuro sem Portugal. Na ilha, nasceram três partidos políticos: UDT, APODETI e FRETILIN. O ano de 1975 foi marcado pelo confronto entre os três países, cuja violência Portugal não conseguiu conter. O nosso país acabou por se retirar de Timor, sem reconhecer a legitimidade de um novo governo. Em 7 de dezembro de 1975, reagindo contra a tomada de poder pela FRETILIN, o líder indonésio Suharto ordena a invasão do território. Assim, Portugal corta relações diplomáticas com Jacarta e apela às Nações Unidas, que condenam a ocupação e continuam a considerar Timor um território não autônomo. Os fatos, porém, contrariavam estas decisões. Os indonésios anexaram formalmente Timor, que, em 1976, se tornou a sua 27.ª província. Apesar de consumada, a anexação de Timor permaneceu ilegítima. Refugiados nas montanhas, os guerrilheiros da FRETILIN encabeçaram a resistência contra o invasor. Quis o acaso que uma das muitas ações de repressão sobre os timorenses fosse filmada: as tropas ocupantes abrem fogo sobre uma multidão desarmada que homenageava, no cemitério de Santa Cruz, um independentista assassinado. O massacre fez 271 mortos. As imagens correram o mundo e despertaram a opinião pública mundial para a questão timorense. Com a ajuda dos meios de comunicação, Timor mobiliza a opinião pública mundial e, em 1996, a causa ganha ainda mais força com a atribuição do Prêmio Nobel da Paz ao bispo de Díli. No fim da década, a Indonésia aceita que o povo timorense decida o seu destino através de um referendo. Entretanto, dá o seu apoio à organização de milícias armadas que iniciam ações de violência e de intimidação no território. O referendo deu uma inequívoca vitória à independência, mas desencadeou uma escalada de terror por parte das milícias pró-indonésias. Uma onda de indignação e de solidariedade percorreu então o mundo e conduziu ao envio de uma força de paz multinacional, patrocinada pelas Nações Unidas. Sob a proteção dessa força, o território encaminhou-se para a independência.
As Questões Transnacionais: Migrações, Segurança e Ambiente
Dificilmente vivemos imunes aos acontecimentos que nos chegam pelos media. As questões transnacionais cruzam as fronteiras do mundo, afetam sociedades distantes e lembram-nos que a Terra e a humanidade, apesar das divisões e da diversidade, são unas. Resolvê-las, minorá-las, ultrapassa o controle de qualquer Estado-Nação, exigindo a colaboração da ONU, de organizações supranacionais, regionais e não governamentais.
Em 2000, existiam no mundo cerca de 150 milhões de pessoas a viver num país que não aquele onde tinham nascido. Tal como há 100 anos, os motivos econômicos continuam determinantes nas mais recentes migrações. Mas os motivos políticos também pesam, especialmente se nos lembrarmos dos múltiplos conflitos regionais das últimas décadas. A este estado de tensão e guerra se devem os cerca de 20 milhões de refugiados que o mundo contabiliza no início do século XXI. Os países com maior número de imigrantes encontram-se no Norte. Sem que possamos falar num aumento de imigrantes relativamente à população total do globo, registam-se, no entanto, mudanças na sua composição. Há mais mulheres e mais pessoas com maior formação acadêmica e profissional que outrora.
De fato, nas duas últimas décadas, o terrorismo transformou-se numa ameaça à escala planetária. A Europa defronta-se com o terrorismo basco, irlandês, tchetcheno, albanês, bósnio. A América Latina vê-se a braços com os atos terroristas ocorridos na Colômbia. A América do Norte conheceu o atentado mais violento de que há memória. A Ásia defronta-se com o terrorismo religioso e político. Nem África escapa.
Às temidas armas nucleares acrescentam-se outros meios de destruição maciça: as armas químicas e biológicas. Por todo o mundo, espalha-se um mercado negro de armamento, controlado por redes mafiosas, que abastece os grupos terroristas. A moeda de troca é, frequentemente, a droga, fomentando-se, assim, um outro perigoso tráfico para a segurança da humanidade.
O ambientalismo constitui uma questão incontornável do nosso tempo e um desafio a ter em conta no futuro. Acelerou-se no último século, devido ao crescimento demográfico e das transformações econômicas experimentadas pela humanidade. A população mundial (em 1950, atingia os 2,5 bilhões de seres humanos) mais do que duplicou até ao fim do século XX. Ora, mais população significa um acréscimo do consumo de recursos naturais, seja de solos, de água ou de matérias-primas destinadas ao fabrico de bens essenciais… e supérfluos.
A destruição de florestas tropicais é um dos efeitos do crescimento demográfico e da busca de recursos. A busca desenfreada de terras e a sua exploração intensiva, acompanhada da destruição de ecossistemas, tornam os solos mais vulneráveis à seca e à erosão. Os atentados à natureza prosseguem num rol infindável de exemplos. O progresso industrial e tecnológico provoca avultados gastos energéticos e poluição.
Desde a década de 1970, os cientistas revelam também grande preocupação com a destruição da camada do ozônio, essa estreita parte da atmosfera que nos protege contra as radiações ultravioletas. O “efeito estufa”, ou aquecimento global, é outra das perigosas ameaças que pairam sobre a Terra. Resulta das elevadas concentrações de dióxido de carbono na atmosfera, proveniente do crescimento populacional, do desenvolvimento industrial e da proliferação de veículos.
Em 1992, a Cimeira da Terra avançou com um conjunto de propostas tendentes à gestão dos recursos da Terra, para que a qualidade de vida das gerações futuras não fique hipotecada. A tal se chamou um “desenvolvimento sustentável”. E se os países desenvolvidos gastam fortunas com a limpeza de rios e edifícios, o controle de gases tóxicos, o tratamento de desperdícios e a reciclagem de materiais, tais esforços de preservação do ambiente mostram-se terrivelmente comprometidos, no superpovoado e pobre mundo em desenvolvimento. De um desenvolvimento econômico equilibrado e sustentável espera-se a saúde do planeta e o bem-estar da humanidade.
Os choques petrolíferos da década de 1970, a inflação, o abrandamento das atividades econômicas e o desemprego testemunhavam uma poderosa crise. Denominada de neoliberalismo, uma nova doutrina econômica propõe-se reerguer o capitalismo, tendo como grandes “laboratórios” a Grã-Bretanha e os Estados Unidos. Atento ao equilíbrio orçamental e à redução da inflação, o neoliberalismo defende o respeito pelo livre jogo da oferta e da procura e envereda por medidas de rigor. O Estado neoliberal diminui fortemente a sua intervenção econômica e social. Pelo contrário, valoriza a iniciativa privada, incentiva a livre concorrência e a competitividade.
No mundo dos anos 80, caminhava-se a passos largos para a globalização da economia. A globalização apresenta-se como um fenômeno incontornável. Apoiadas nas modernas tecnologias da informação e da comunicação (TIC), a concepção, a produção e a comercialização de bens e serviços, bem como os influxos dos imprescindíveis capitais, ultrapassam as fronteiras nacionais e organizam-se à escala planetária.
Dimensões da Ciência e da Cultura no Contexto da Globalização: Dinamismos Socioculturais
Os Estados recuam nas medidas protecionistas e enveredam pelo livre-câmbio. Desde finais dos anos 80, o comércio internacional acusa um crescimento excepcional, mercê de progressos técnicos nos transportes e da criação de mercados comuns. Em 1995, a Organização Mundial do Comércio entra em vigor. Tendo em vista a liberalização das trocas, incentiva a redução dos direitos alfandegários e propõe-se arbitrar os diferendos comerciais entre os Estados-membros.
Deparamo-nos, consequentemente, na aurora do século XXI, com um fluxo comercial prodigioso, num mundo que quase parece um mercado único. Às zonas da Europa Ocidental, da Ásia-Pacífico e da América do Norte, a chamada Tríade, cabe o papel de polos dinamizadores das trocas mundiais.
Os movimentos de capitais aceleram-se desde os anos 80. As grandes bolsas de valores, como as de Nova Iorque, Tóquio, Londres e Singapura, mobilizam massas crescentes de ações, em virtude de um aligeiramento das regulamentações que pesavam sobre a circulação de capitais. Desde 1990, os investimentos externos ultrapassam o montante de mil bilhões de dólares.
Possuindo uma tendência para a internacionalização, as grandes empresas sofrem mudanças estruturais e adotam estratégias planetárias. Desde os anos 90, aumenta o número de empresas em que a concepção do produto ou do bem a oferecer, as respectivas fases de fabrico e o setor da comercialização se encontram dispersos à escala mundial. Eis-nos perante as firmas da era da globalização, as chamadas multinacionais ou transnacionais. É essa lógica de rendibilidade das condições locais que conduz, em momentos de crise ou de diminuição de lucros, as multinacionais a abandonarem certos países. Encerram aí as suas fábricas e/ou estabelecimentos comerciais, para os reabrirem noutros locais. A este fenômeno chama-se deslocalização, sendo-lhe atribuída a principal razão do desemprego crônico que grassa no mundo.
Portugal: A Integração Europeia e as Suas Implicações
Perdido o Império, Portugal vira-se de forma determinada para a Europa, fazendo claramente uma opção europeia. A verdade é que, aquando da instituição do poder democrático em Portugal nos anos 70, a ideia que prevalecia às políticas de desenvolvimento territorial assentava principalmente num paradigma redistributivo, muito característico do objetivo “coesão”: dar mais aos territórios pobres do que aos ricos, de forma que aqueles pudessem, aos poucos, ir-se aproximando destes. O nível local da administração portuguesa é, assim, chamado a dinamizar a iniciativa produtiva e inovativa, apoiando as empresas e outras organizações produtivas por processos que vão do abaixamento dos custos de instalação à promoção de instituições formais ou informais de concertação e cooperação entre as unidades econômicas, passando pela função de amplificação da voz das empresas e empresários da região ou de investimento ativo na imagem externa do território.