Portugal no Início do Séc. XIX: Antigo Regime, Invasões e Revolução Liberal
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1. Coexistência do Antigo Regime com Forças de Inovação em Portugal (Início Séc. XIX)
Nos inícios de 1800 (século XIX), Portugal ainda era um país onde as estruturas do Antigo Regime ainda eram utilizadas – sistema social, político e económico que permaneceu na Europa, aproximadamente, entre os séculos XV e XVIII. Nesse regime persistiam as seguintes características:
- uma sociedade de ordens fortemente hierarquizada, em que prevaleciam os privilégios da nobreza e do clero;
- uma economia agrícola, de fraco rendimento, submetida às ordens do príncipe D. João (futuro rei D. João VI), e a repressão ditada pela Inquisição, pela Real Mesa Censória e pela Intendência-Geral da Polícia.
Mas, entretanto, um clima de mudança estava a ser criado, liderado pela Maçonaria e pela burguesia comercial.
2. As Invasões Napoleónicas em Portugal
Em 1806, Napoleão Bonaparte decretou o Bloqueio Continental, que proibia as nações europeias de comerciar com a Inglaterra. Portugal, muito fiel à sua aliada, a Inglaterra, desrespeitou esse bloqueio e, por consequência disso, foi invadido pela França 3 vezes.
A primeira invasão foi comandada pelo general Junot. A segunda, comandada pelo general Soult em 1809, devido à sua extensão, chegou até ao Porto. A terceira foi chefiada pelo marechal Massena, em 1810-1811.
3. Relação entre Invasões Francesas e a Revolução Liberal de 1820
As Invasões Francesas podem ser consideradas uma causa indireta da Revolução Liberal portuguesa de 1820, pelo facto de terem sido causadoras de mudança em vários níveis:
A Família Real, e todos os outros da monarquia que a quiseram acompanhar, embarcaram para o Brasil em 1807. Essa mudança da corte para o Brasil foi entendida como uma fuga do rei, contribuindo assim para uma desvalorização da monarquia absoluta. Na ausência do rei D. João VI, Portugal ficou sob o controlo do marechal Beresford, tornado presidente da Junta Governativa. Beresford organizou a defesa contra os franceses, controlou a economia e exerceu a repressão contra o liberalismo. A Revolução de 1820 foi desencadeada devido à ausência de Beresford, que se havia deslocado para o Brasil para solicitar ao rei poderes acrescidos.
Os militares portugueses estavam descontentes porque perdiam os postos de comando para os ingleses.
A presença dos franceses, apesar de serem o inimigo, difundiu as ideias liberais entre os portugueses.
As Invasões Francesas, para além de responsáveis pela destruição material à passagem dos soldados, provocaram a desorganização em todos os setores económicos e o défice financeiro.
- em 1808, a abertura dos portos do Brasil, obrigando a burguesia portuguesa a competir com os estrangeiros pelo mercado brasileiro;
- em 1810, o tratado de comércio com a Inglaterra, que favorecia a entrada de manufaturas inglesas no Brasil.
A burguesia, sendo o grupo mais afetado pela crise no comércio e na indústria decorrente das Invasões Francesas, era também o mais descontente, logo, mais inclinado à preparação da revolta. A tomada de consciência política traduziu-se na constituição do Sinédrio – associação secreta fundada por Manuel Fernandes Tomás, ligada à Maçonaria –, que preparou a rebelião.