Os Postulados da Razão Prática de Kant: Liberdade, Alma e Deus

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Os Postulados da Razão Prática de Kant

A Crítica da Razão Pura havia demonstrado a impossibilidade da metafísica como uma ciência, ou seja, como conhecimento objetivo sobre o mundo em sua totalidade, sobre a alma e sobre Deus. No entanto, Kant não negou a imortalidade da alma nem a existência de Deus. Para o pensador alemão, o lugar adequado para levantar a questão de Deus e da alma não reside na razão teórica, mas sim na razão prática.

A liberdade, a imortalidade da alma e a existência de Deus são, segundo Kant, os postulados da razão prática. O termo "postulado", que Kant empresta da matemática, deve ser entendido aqui em seu sentido estrito: como algo que não é provável, mas que é obviamente necessário como condição da própria moralidade.

A ética de Kant estabelece as bases para o desenvolvimento de um discurso ético inteiramente racional, autônomo, puramente formal, que nunca nos diz o que fazer, mas sim como devemos agir, e que possui um caráter universal.

Propõe-se agir no estrito respeito pela obrigação, com a convicção plena e completa de ter agido de acordo com os princípios da razão, afastando-se completamente da ação contrária ao dever e não se contentando com uma simples ação de acordo com o dever.

Kant argumenta que, ao internalizarmos a lei universal e a tornarmos nossa, mesmo que não possamos distinguir nossa ação da lei moral universal em sua perfeição, seremos capazes de adquirir a dignidade humana que nos pertence de acordo com nossa natureza racional.

Essa exigência moral de respeitar o dever implica a liberdade: a possibilidade de agir por respeito, superando inclinações, desejos, etc. Além disso, a imortalidade da alma e a existência de Deus são postulados da moralidade, segundo Kant, embora em ambos os casos o raciocínio seja mais complexo e tenha sido objeto de várias objeções.

A Imortalidade da Alma

Quanto à imortalidade, o raciocínio de Kant é o seguinte: A razão nos ordena a aspirar à virtude, ou seja, à combinação perfeita e completa de nossa vontade com a lei moral. Como essa perfeição é inatingível em uma existência limitada, seu processo de cumprimento só pode ocorrer em um tempo indeterminado, infinito. Portanto, requer uma duração ilimitada, ou seja, a imortalidade da alma.

A Existência de Deus

No que diz respeito à existência de Deus, Kant afirma que o desacordo que encontramos no mundo entre o que existe e o que deveria ser requer a existência de Deus como uma realidade em que ser e dever-ser se identificam, e onde há uma perfeita união da virtude e da felicidade.

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