Pragas e Doenças Agrícolas: Citros, Café e Cana-de-Açúcar
Classificado em Biologia
Escrito em em português com um tamanho de 14,31 KB
Doença do Greening (HLB) em Citros
História do Greening
- Doença destrutiva, detectada por Joseph Bove na China em 1919.
- Conhecida como "Dragão Amarelo" ou Huanglongbing (HLB).
Agente Causador do HLB
- Candidatus Liberibacter asiaticus
- Candidatus Liberibacter americanus
Vetor e Disseminação
- Vetor: Psilídeo Diaphorina citri (também conhecido como Trioza Erytrea).
- Outras formas de disseminação: Enxertia.
Legislação e Monitoramento
- Portaria CDA-SAA n.º 4, de 12/03/2009:
- Obrigatoriedade de vistoria a cada 3 meses em áreas com hospedeiros de HLB (citros ou murta).
- Entrega de relatórios semestrais das vistorias realizadas.
Hospedeiros do HLB
- Laranjas doces
- Limas (Pérsia, Galego, Tahiti)
- Tangerinas
- Limão cravo
- Murta (Murraya paniculata) - comum em cemitérios.
Ciclo de Transmissão pelo Psilídeo
- Tempo de aquisição (psilídeo): 15 a 30 minutos.
- Tempo de inoculação (psilídeo): ≥ 15 minutos.
- Período latente (na planta): 1 a 21 dias.
- Persistência (no psilídeo): Até 12 semanas.
- Eficiência de transmissão: 5-7 horas = 100%.
- Ninfas:
- 2º e 3º ínstares podem adquirir a bactéria.
- 4º e 5º ínstares podem transmitir a bactéria.
- Longevidade do psilídeo: Até 6 meses.
Sintomas do Greening (HLB)
- Broto amarelo.
- Queda de folhas, frutos e morte da planta.
- Amarelecimento assimétrico, iniciando da base da folha.
- Inversão da coloração amarela do fruto.
- Em tangerinas, as folhas ficam mosqueadas e se enrolam.
- Sintomas aparecem entre 3 e 12 meses após a inoculação.
- Sementes com coloração achocolatada e abortamento.
- Desvio lateral da columela do fruto.
- Marca prateada ao apertar o fruto com o polegar.
Confirmação e Diagnóstico Diferencial
- Confirmação: PCR (Reação em Cadeia da Polimerase).
- Não confundir com deficiências nutricionais: Zinco (Zn), Manganês (Mn), Magnésio (Mg), Cobre (Cu).
Manejo e Controle do HLB
- Uso de mudas sadias.
- Inspeções periódicas (6-12 vezes/ano).
- Erradicação imediata de plantas com sintomas.
- Controle do vetor (psilídeo):
- Químico:
- Inseticidas sistêmicos para proteção de mudas (60-90 dias).
- Rotacionar produtos.
- Preferir os mais seletivos.
- Respeitar a lista da PIC (Fundecitros).
- Biológico: Parasitoide Tamarixia radiata.
- Químico:
- Inspeções: Utilizar armadilhas adesivas; plantas da periferia são as primeiras a serem afetadas.
Formigas Cortadeiras (Saúvas e Quenquéns)
Danos e Benefícios das Formigas Cortadeiras
- Danos:
- Anelamento de mudas.
- Estresse e morte de plantas.
- Diminuição do crescimento.
- Queda de máquinas e animais (em áreas com muitos sauveiros).
- Benefícios:
- Aeração e descompactação do solo.
- Acréscimo de matéria orgânica (M.O.).
- Fixação de carbono e alimento.
Impacto na Fixação de Carbono
Considerando o preço de US$10 por tonelada de carbono (um crédito de carbono), o rejeito anual de 80 kg por sauveiro e a densidade média de 1,7 colônias por hectare, chega-se ao resultado de 68 milhões de toneladas de carbono anualmente. Isso representaria 13% de todo o carbono sequestrado pela Floresta Amazônica, o que geraria, em créditos de carbono, 680 milhões de dólares.
Formigas Saúvas
Distribuição Geográfica
- Região central da Argentina até o Sul dos EUA.
- Em todo o Brasil, exceto Fernando de Noronha.
Castas das Saúvas
Indivíduos morfologicamente diferentes entre si, com funções diferenciadas dentro da colônia. As castas dividem-se em permanentes e temporárias.
- Castas Permanentes:
- Forma Sexuada: Uma fêmea áptera (rainha), também chamada de tanajura ou içá, cuja função é a reprodução. Vive de 10 a 15 anos.
- Formas Estéreis (Obreiras ou Operárias): Vivem em média 6 meses.
- Jardineiras (2-4 mm)
- Cortadeiras ou Carregadeiras (4-7 mm)
- Soldados (7-17 mm)
Morfologia dos Sauveiros
- Superfície do Solo (Sede Aparente):
- Murundus
- Olheiros (isolados, boca seca ou agrupados)
- Carreiros (trilhas)
- Subsolo (Sede Real):
- Panelas de fungo
- Panelas com terra
- Panelas vazias
- Panelas cheias
- Canais
Observação: Sauveiros apresentam temperatura média de 20,2 ºC e umidade relativa (UR) de 97,7%, próxima da saturação. A profundidade média é de 3 m, excepcionalmente até 5 m.
Fatores que Determinam as Castas
- Nutrição larval (menores vs. maiores em tamanho)
- Invernos rigorosos
- Temperatura (inibição da casta)
- Tamanho do ovo
- Idade da rainha
Formação do Sauveiro
- Anualmente ocorre a enxameagem, em função dos sauveiros maduros.
- Pré-revoada: Cerca de um mês antes da revoada da casta temporária. Olheiros são abertos e limpos, e há um alvoroço na colônia.
- Revoada (Voo Nupcial): Ocorre de outubro a janeiro, em dias claros, quentes e úmidos, logo após a chuva.
- De 5.000 a 25.000 bitus (machos alados).
- Entre 1.000 a 5.000 içás (fêmeas aladas) no voo nupcial.
- No Solo: A içá perde as asas e escava seu ninho (cachimbo).
- Três dias depois: Regurgita o fungo e inicia seu cultivo.
- Cinco dias depois: Inicia a postura.
- Duração do Desenvolvimento (Ovo a Adulto):
- Incubação: 25 dias
- Período larval: 22 dias
- Período pupal: 10 dias
Feromônios das Formigas
Existem feromônios de:
- Alarme
- Reconhecimento individual da rainha
- Marcação de trilha e recrutamento
- Marcação de folha
- Território
Controle de Formigas Cortadeiras
Controle Mecânico
- Escavar o formigueiro e matar a rainha.
- Uso de barreiras para proteger a copa das plantas.
Controle Cultural
- Aração e gradagem.
- Cultura armadilha.
Controle Natural
- Condições climáticas adversas.
- Inimigos naturais: Pássaros, sapos, tatus.
Controle Químico
- Iscas granuladas à base de sulfluramida, que afeta a respiração celular.
Formigas Quenquéns (Acromyrmex spp.)
- Ninho na superfície com acúmulo de resíduos vegetais ou pequenos ninhos subterrâneos protegidos por resíduos vegetais.
- Possuem 3 espinhos no tórax (diferente das saúvas que possuem 7).
Biologia e Fisiologia das Formigas
- O casal real (rei e rainha) pode ser definido pela hereditariedade ou alimentação.
- Operários alimentam ninfas por meio de trofilaxia oral ou anal, preparando-as para não desenvolverem órgãos reprodutores.
- Possuem organismos simbiontes que degradam a celulose.
- Identificação: Soldado, mandíbulas, fontanela, ninho.
- A fêmea voa junto dos machos na revoada. Ao cair no solo, perde as asas e então o casal é formado, onde o rei permanece com a rainha até o fim.
- As fêmeas apresentam fisiologia de aumento do abdômen (3x maior) e botam ovos continuamente.
- A colônia é formada por operários, soldados e reprodutores alados.
Pragas Agrícolas Diversas
Cupins
- A principal espécie é Heterotermes tenuis.
- Atacam toletes e danificam as gemas, provocando falhas na lavoura.
- Atacam principalmente em solos arenosos.
- Controle:
- Isca Termitrap com Beauveria bassiana (biológico).
- Químico: Fipronil.
Lagarta-do-Cartucho (Spodoptera frugiperda)
- Danos:
- Lagartas novas raspam o limbo foliar.
- Lagartas velhas causam desfolha.
- Controle:
- Trichogramma spp. e Telenomus spp. (parasitoides).
- Iscas com melaço.
- Uso de Bacillus thuringiensis (Bt).
Tesourinha (Predadora)
- A tesourinha é um inseto predador, auxiliando no controle biológico de outras pragas.
Cururuquê (Mocis latipes)
- Atacam folhas novas.
- Controle: Uso de Bacillus thuringiensis (Bt).
Pulgões
- Podem transmitir o vírus do mosaico.
- Controle: Eliminação de touceiras infestadas.
Pragas do Cafeeiro
Broca-do-Café (Hypothenemus hampei)
- Perfura o fruto e deposita ovos, fazendo galerias na semente.
- Controle:
- Monitoramento: Controle quando 5% dos frutos estiverem atacados em 50 plantas.
- Colheita total e destruição dos cafezais velhos.
- Parasitoides:
- Prorops nasuta (parasita larvas e pupas).
- Stenophanoderis spp. (parasita mais eficiente).
Bicho-Mineiro-do-Café (Leucoptera coffeella)
- Hábito noturno, lesiona as folhas que se tornam necróticas, diminuindo a área fotossintética.
- Controle:
- Inseticidas sistêmicos granulados.
- Vespas sociais (predadoras) são capazes de distinguir as lesões.
Cigarras-do-Café
- Sugam a seiva, debilitando as plantas.
- Causam queda precoce de flores e frutos, e clorose nas folhas.
- Controle:
- Inseticida sistêmico.
- Podas.
- Armadilhas sonoras (atraem predadores como tatus e gaviões).
Cochonilhas-do-Café
- Sugam a seiva, prejudicando a fotossíntese devido à fumagina.
- Controle: Óleo mineral + inseticida, Beauveria bassiana (biológico).
Pragas da Cana-de-Açúcar
Cigarrinhas-das-Raízes (Mahanarva fimbriolata)
- Sugam as raízes.
- Exsudam espuma para proteção.
- Ocorrência em São Paulo: Novembro a Abril.
Cigarrinhas-das-Folhas (Mahanarva posticata)
- Sugam as folhas, causando estrias longitudinais.
- Prejuízos:
- Extração de grande quantidade de água e nutrientes das raízes pelas ninfas.
- Redução do teor de açúcar nos colmos.
- Aumento do teor de fibras.
- Aumento dos colmos mortos, diminuindo a capacidade de moagem.
- Aumento do teor de contaminantes, dificultando a recuperação do açúcar e inibindo a fermentação.
Percevejo-Castanho
- Prejuízos podem ser altos em infestações intensas.
- Sintomas nas plantas atacadas: Murchamento, amarelecimento, secamento da cana.
- Controle:
- Constatar a presença da praga durante o preparo do solo.
- Demarcar a reboleira para o controle.
- Aplicar inseticida granulado sistêmico.
Besouros da Cana
- Espécies:
- Sphenophorus levis (Gorgulho-da-cana)
- Metamasius hemipterus (Besouro-rajado-da-cana)
- Prejuízos: Destruição dos toletes de plantio e das raízes, prejudicando a germinação.
- Controle Cultural:
- Rotação de culturas.
- Eliminação de soqueiras atacadas, arando e gradeando três vezes, três meses antes do plantio.
- Controle Biológico:
- Migdolus fryanus tem sido parasitado por sarcofagídeos (moscas semelhantes a varejeiras), entre janeiro e março.
- Nematoides do gênero Neoaplectana também podem parasitar o besouro.
- Controle Químico: Fipronil (inseticida) + melaço.
Lagarta-Elasmo (Elasmopalpus lignosellus)
- Causa "coração morto", murcha e morte das folhas.
- Controle: Manutenção do solo, vinhaça.
Bicho-Furão
- Diferente da mosca, retira excrementos do fruto, criando um local endurecido, tornando o fruto imprestável.
- Controle: Uso de Bacillus thuringiensis (Bt).
- Recomenda-se monitoramento e pulverização com inseticidas seletivos.
- Trichoderma spp. é mais indicado.
- Iscas com feromônio.
Outras Pragas dos Citros
Cigarrinha-do-Citrus
- Transmite a CVC (Clorose Variegada dos Citros).
- Sintomas: Manchas cloróticas, frutos menores e coloração marrom na parte inferior da folha.
- Controle: Mudas sadias, podas, controle do vetor.
Minador-do-Citrus
- Faz minas no mesofilo e enrola as bordas das folhas novas.
- Controle: Inseticidas, parasitoides.
Cochonilhas-dos-Citros
- Existem dois tipos: com carapaça e sem carapaça.
- Sugam a seiva e favorecem o desenvolvimento da fumagina.
- Controle: Óleo mineral + inseticida, Beauveria bassiana.
Pulgão-Preto-dos-Citros (Toxoptera citricida)
- Sugador de seiva, atrofia e enrola folhas e ramos.
- Favorece a fumagina e é vetor do vírus da tristeza dos citros.
- Controle: Porta-enxertos e cultivares resistentes.