Pré-Modernismo no Brasil: Contexto, Características e Autores
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Pré-Modernismo no Brasil
O que se convencionou chamar de Pré-Modernismo, no Brasil, não constitui uma escola literária, pois não há um grupo de escritores que seguem a mesma linha temática ou os mesmos traços literários. Na realidade, Pré-Modernismo é um termo genérico que designa toda uma vasta produção literária correspondente aos primeiros vinte anos do século XX.
O Pré-Modernismo acontece anos antes da Semana de Arte Moderna, em 1922, e é o período de transição entre as tendências do final do Simbolismo ou Parnasianismo, século XIX, e o Modernismo. Enquanto a Europa se prepara para a Primeira Guerra Mundial, o Brasil vive a República do café-com-leite, dos grandes proprietários rurais. É a época áurea da economia cafeeira no Sudeste, é o momento da entrada de grandes levas de imigrantes, notadamente os italianos; é o esplendor da Amazônia, com o ciclo da borracha; é o surto da urbanização de São Paulo.
Mas toda essa prosperidade vem deixar cada vez mais claros os fortes contrastes da realidade brasileira. É, também, o tempo de agitações sociais. Do abandonado Nordeste partem os primeiros gritos de revolta. Em fins do século XIX, na Bahia, ocorre a Revolta de Canudos, tema de Os Sertões, de Euclides da Cunha; nos primeiros anos do século XX, em todo o Sertão, assolado por constantes secas, vive-se o tempo do cangaço, com a figura lendária de Lampião.
Essas agitações são sintomas da crise na República do café-com-leite, onde os grandes latifundiários do café dominavam a economia, que se tornaria mais evidente na década de 1920, servindo de cenário ideal para os questionamentos da Semana de Arte Moderna.
Ao passo que esta classe dominante e consumista seguia a moda europeia, as agitações sociais aconteciam, principalmente no Nordeste.
Na Bahia, ocorre a famosa Revolta de Canudos, que inspirou a obra Os Sertões do escritor Euclides da Cunha. Em 1910, a rebelião Revolta da Chibata era liderada por João Cândido, o Almirante Negro, contra os maltratos vividos na Marinha.
Aos poucos, a República café-com-leite ficava em crise e em 1920 começam os burburinhos da Semana de Arte Moderna, que marcaria o início do Modernismo no Brasil.
Os marcos literários são: especialmente, o já citado Os Sertões, de Euclides da Cunha, e Canaã, de Graça Aranha.
Características do Pré-Modernismo
- Ruptura com o passado: as novas produções rompem com o academismo e com os modelos preestabelecidos pelas antigas estéticas.
- Denúncia da realidade: a realidade não oficial passa a ser a temática do período.
- Regionalismo: são retratados o sertão nordestino, o interior paulista, os subúrbios cariocas, entre outras regiões brasileiras.
- Tipos humanos marginalizados: nas obras desse período, encontram-se retratadas muitas figuras marginalizadas pela elite, como o sertanejo nordestino, o caipira, o mulato...
Principais Escritores Pré-Modernistas
Os principais escritores pré-modernistas são: Euclides da Cunha, Lima Barreto, Monteiro Lobato, Graça Aranha e Augusto dos Anjos.
Graça Aranha
Aluno de Tobias Barreto, seguiu a carreira diplomática depois de ser juiz no Maranhão e no Espírito Santo. Participou ativamente do movimento modernista, como doutrinador. Colaborou na fundação da ABL (mesmo sem ter livro publicado) e da Semana de Arte Moderna de 22, por isso sendo considerado por muitos um modernista. Não é considerado modernista porque sua única obra "modernista", A viagem maravilhosa, é feita em um estilo extremamente artificial. Morreu logo antes de publicar sua autobiografia, O meu próprio romance, de 1931.
Simões Lopes Neto
O Capitão publicou três livros em toda a vida, todos na cidade em que nascera, Pelotas, no RS. Foram eles Cancioneiro Guasca, Lendas do Sul e Contos Gauchescos. Fez teatro e, apesar de suas obras terem sempre cunho tradicionalista, era um homem de hábitos urbanos. Acalentava grandes sonhos literários, mas seu reconhecimento só foi póstumo.
Monteiro Lobato
Homem de diversas atividades (escritor, editor, relojoeiro, fazendeiro, promotor, industrial, comerciante, professor, adido comercial etc.). Tem por formação Direito e participa de grupos e jornais literários, entre eles o Minarete. Torna-se editor com a instalação da Editora Monteiro Lobato, que traz grandes inovações para o mercado editorial brasileiro. Ainda assim, Lobato acaba falido. No ano de 1925, funda a Companhia Editora Nacional e começa a escrever sua vasta obra de literatura infantil. Isso se dá por decepção com o mundo adulto, por isso começa a investir no futuro do Brasil.
Augusto dos Anjos
Formou-se em direito, mas foi sempre professor de Literatura. Nervoso, misantropo e solitário, este possível ateu morreu de forte gripe antes de assumir um cargo que lhe daria mais recursos. Publicou apenas um único livro de poesias, Eu, mais tarde reeditado como Eu e outras poesias. Sua obra é cientificista, profundamente pessimista. Sua visão da morte como o fim, o linguajar e os temas usados por muitos são considerados como sendo de mau gosto, mas caracterizam sua poesia como única na literatura brasileira.
Euclides da Cunha
Exerceu a função de engenheiro civil no meio militar. Foi membro da ABL, do Instituto Histórico e catedrático em Lógica pelo Colégio Dom Pedro II. Viajou muito e escreveu Os Sertões pela experiência própria de ter testemunhado a Guerra de Canudos como correspondente jornalístico. Envolvido num grande escândalo familiar, foi assassinado em duelo pelo amante da esposa. Positivista, florianista e determinista, seu estilo pessoal e inconformismo caracterizam-no como um pré-modernista. Foi o primeiro escritor brasileiro a diagnosticar o subdesenvolvimento do país, diagnosticando os 2 Brasis (litoral e sertão).