Principais DSTs Bacterianas e Suas Características
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DSTs Bacterianas Comuns
As DSTs bacterianas comuns são:
- Gonorreia (causada pela Neisseria gonorrhoeae)
- Clamídia (causada pela Chlamydia trachomatis)
- Sífilis (causada pela Treponema pallidum)
- Vaginose bacteriana
- Micoplasma genital
- Uretrite não específica
Sífilis (Treponema pallidum)
Bacilos helicoidais causadores da Sífilis.
São microrganismos anaeróbios estritos ou microaerofílicos, móveis, com movimentos de rotação e translação que podem ser observados utilizando a microscopia de fundo escuro ou eletrônico.
Não é cultivável em meios acelulares, sendo apenas propagáveis por inoculação intratesticular no coelho e de modo limitado em cultura de tecidos.
Diagnóstico da Sífilis
- VDRL
- Sorológico: anti-Treponema pallidum
Difícil cultivo em meios tradicionais de cultivo bacteriano.
T. pallidum penetra mucosas intactas ou por lesões microscópicas na superfície de continuidade da pele.
Antes do início das manifestações clínicas, a bactéria inicia a sua multiplicação local, depois dissemina pelos vasos sanguíneos e pelos linfáticos.
Curso Clínico da Sífilis
Sífilis Primária / Sífilis Secundária / Sífilis Terciária
Sífilis Primária
Uma ou mais lesões (cancro) no local onde a espiroqueta penetrou.
- Úlcera indolor de bordas elevadas, fundo liso e limpo, recoberto por material seroso – cancro duro.
- Lesão surge: 10-90 dias após contato infectante.
- Homem: prepúcio, meato uretral e raramente intrauretral.
- Mulher: pequenos lábios, paredes vaginais e colo uterino.
- Úlcera cicatriza espontaneamente dentro de 2 meses, sem cicatriz.
Sífilis Secundária
Após um período de latência (6 a 8 semanas), se não tratada.
- Acometimento da pele e órgãos internos.
- Máculas de cor eritematosa (roseólas sifilíticas) - Lesões papulosas eritemo-acobreadas, arredondadas de superfície plana.
- Condiloma Plano: Em dobras úmidas da pele e boca, as pápulas sujeitas ao atrito e à umidade podem-se tornar maceradas, ricas em treponemas (altamente contagiosa).
- Em alguns pacientes pode ocorrer alopecia difusa, perda de cílios e sobrancelhas.
- A fase secundária apresenta poliadenomegalia generalizada, com sintomas inespecíficos: mal-estar, cefaleia...
Esta fase evolui no 1º e segundo ano da doença com novos surtos que regridem espontaneamente entremeados por períodos de latência.
Por fim, os surtos desaparecem e um grande período de latência estabelece-se.
- 1:3 evolui para cura (clínica e sorologia).
- 1:3 (sem sintomatologia e sorologia positiva).
- 1:3 a Doença volta a se manifestar (Sífilis Terciária).
Sífilis Terciária
Lesões localizadas (pele, mucosa, sistema cardiovascular, nervoso, músculos, ossos, fígado).
- Lesões com formação de granulomas destrutivos (goma) e ausência quase total de treponemas.
- Lesões solitárias, assimétricas, endurecidas, bordas marcadas.
Sífilis Congênita
Resultado da disseminação hematogênica da gestante infectada não tratada para o feto via transplacentária.
- 70-100% (fase primária)
- 40% (fase latente)
- 10% (fase tardia)
Abortamento, óbito fetal, morte neonatal, nascimento da criança com sífilis.
- 50% nascem assintomáticas, mas em seguida desenvolvem rinite seguida por exantema cutâneo maculopapular descamativo disseminado.
- Malformações de dentes, ossos, cegueira, surdez, sífilis cardiovascular podem ocorrer em crianças não tratadas.
Cancro Mole (Haemophilus ducreyi)
- Cancro venéreo, cancro de Ducrey.
- Agente etiológico: Haemophilus ducreyi.
- Cocobacilos Gram negativos.
- Transmissão: exclusivamente sexual.
- Incubação: 2 a 5 dias.
- Aspecto clínico: lesões múltiplas (auto-inoculação) e dolorosas, odor fétido, fundo purulento e bordas não endurecidas.
- Em 50% dos casos acompanha-se de adenopatia bilateral.
Uretrite Gonocócica (Gonorreia)
- Agente causador: Neisseria gonorrhoeae.
- Diplococo Gram negativo.
- Transmissão: sexual.
- Incubação: 2 a 5 dias.
- Quadro clínico: ardência miccional, corrimento mucoide, corrimento abundante e purulento.
- Mulher: 70% assintomáticas.
Coleta da secreção feita com swab.
Uretrite Não Gonocócica
Agentes causadores: Chlamydia trachomatis, Ureaplasma urealyticum, Mycoplasma hominis, Trichomonas vaginalis.
- Transmissão: contato sexual.
- Quadro clínico: corrimento mucoide, disúria leve.
Clamídia (Chlamydia trachomatis)
Bactérias intracelulares obrigatórias.
- Uretrites.
- Sorogrupos L1, L2 e L3 → linfogranuloma venéreo (ulceração – pápula).
- Sorogrupos A, B1, B2 e C → tracoma: conjuntivite crônica.
Linfogranuloma Venéreo
- Outros nomes: mula, bubão inguinal.
- Agente causador: Chlamydia trachomatis (sorotipos L1, L2 e L3).
- Transmissão: exclusivamente sexual (orogenital).
- Incubação: 3 a 30 dias.
- Quadro clínico:
- 1ª fase: lesão de inoculação (tipo pustuloso e indolor).
- 2ª fase: adenopatia inguinal (tipo bubão, geralmente unilateral).
- 3ª fase: disseminação inguinal e manifestações sistêmicas: mal-estar, febre, anorexia, dor pélvica.
- Sequelas: elefantíase genital, fístulas retais, vaginais e vesicais, estenose retal.
Micoplasma e Ureaplasma
- Menores bactérias de vida livre.
- Ausência de parede celular.
- Resistentes à penicilina, cefalosporinas e vancomicina.
- Tratamento: eritromicina, tetraciclina.
- É comum essas bactérias colonizarem o trato geniturinário.
- Crescem lentamente (1 geração: 1 a 6 horas), pequenas colônias com aspecto de “ovo frito”.
- Ureaplasma: chamadas de cepas T (“tiny”) - extremamente pequenas.
- Ureaplasma exige ureia e meio altamente tamponado.
- Microscopia: Gram negativo.
Vaginose Bacteriana (VB)
Uma das causas mais comuns de infecção vaginal em mulheres sexualmente ativas e em idade reprodutiva.
Normalmente a microbiota vaginal é composta predominantemente por lactobacilos (bacilo de Döderlein), mas muitos outros microrganismos podem ser isolados na vagina de mulheres saudáveis.
A VB se origina quando há um desequilíbrio dessa microbiota vaginal.
A VB é caracterizada como uma síndrome que causa um aumento da flora anaeróbia obrigatória ou facultativa na vagina, provavelmente favorecido por uma produção inadequada de substâncias protetoras vaginais, podendo acarretar mau cheiro sem inflamação aparente.
- Entre os microrganismos anaeróbios isolados da secreção vaginal de mulheres que possuem a VB, os de maior frequência são: Gardnerella vaginalis, Mobiluncus sp, Peptostreptococcus, Prevotella sp e Porphyromonas sp.
- A Gardnerella vaginalis é uma bactéria em formato de bastão, sendo Gram negativa ou Gram variável e quando corada pela técnica de Papanicolaou se apresenta em azul.
- Ela pode estar aderida à superfície das células escamosas de forma parcial ou total (clue cells) e possui como principal sinal clínico a secreção vaginal abundante, de coloração acinzentada, odor fétido, especialmente no pH acima de 4,5.