Principais Teorias Éticas e Seus Fundamentos

Classificado em Filosofia e Ética

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A seguir, apresentamos um resumo das principais correntes éticas:

  • Ética Aristotélica: De acordo com Aristóteles, devemos sempre agir para evitar o exagero e as atitudes extremas. A virtude reside sempre em um *meio-termo* (justa medida) e em equilíbrio. Por exemplo, a coragem é o ponto ideal entre a covardia e a irresponsabilidade.
  • Ética Estoica: O mais importante é cumprir o dever, deixando de lado os sentimentos e as emoções.
  • Ética Hedonista: De acordo com esta ética, a natureza nos indica, através do prazer ou da dor, o que é bom e o que é ruim. Tudo que agrada é moralmente bom, e o que desagrada é moralmente ruim. Não existem regras absolutas; a conduta é guiada pelo gosto pessoal.
  • Ética Egoísta: O bem é tudo o que é bom para mim. É vantajoso fazer o bem, desde que eu receba algo em troca.
  • Ética Formalista (Kantiana): Devemos agir sempre pensando que somos um modelo para todos os outros. Devemos ser exemplos de boa prática para a humanidade.
  • Ética Cristã: Todo ser humano é imagem viva de Deus. A pessoa, o ser humano, é o valor supremo de toda a criação. Por isso, a regra básica é o amor ao próximo. “Ama e faz o que quiseres”, como disse Santo Agostinho. A ética cristã não é simplesmente uma filosofia moral; é uma ética filosófica baseada essencialmente em normas evangélicas para o racional e sistemático, à luz dos sistemas éticos gregos (Aristóteles) e dos princípios fundamentais do direito romano.
  • Ética Positivista: Bom é algo que beneficia a sociedade. Não devemos buscar apenas o nosso bem-estar, mas o bem geral do grupo. Essa ética apresenta dois defeitos: 1. Desconhecimento dos valores éticos pessoais; 2. Nem sempre o que é bom para a sociedade em geral é eticamente correto.
  • Ética Pragmática: Bom é tudo o que é útil, que me serve. Não há regras morais absolutas. Tudo é bom quando serve ao objetivo final desejado (o fim justifica os meios). A ética maquiavélica não se baseia nas boas intenções.
  • Ética Axiológica: Temos o dever de fazer sempre o que é moralmente valioso. Devemos aguçar nossa sensibilidade para os valores universais e objetivos. A parte difícil é saber quando temos sensibilidade ética suficiente para embasar nossa conduta moral.

Ética Existencialista

A ação é boa somente se for livre e imparcial. Muitos dos valores éticos tradicionais (compaixão, humildade, obediência, etc.) são considerados atitudes reprováveis. Por isso, é necessário mudar radicalmente a escala tradicional de valores. Grande parte dessa ética é baseada na doutrina do filósofo Nietzsche, que não aceita os valores fundamentais da nossa civilização ocidental. Os existencialistas defendem a liberdade que temos para cumprir os nossos deveres, e não para satisfazer caprichos egoístas. Apesar das diferenças nos pensamentos de seus representantes, há pontos de convergência:

A Pessoa

“Há dois modos de existência: Ser coisa e ser uma pessoa.” A pessoa só existe no sentido pleno se é consciente de sua existência e é livre para criar a sua essência pessoal. Tudo tem a sua essência, mas, por fim, o homem pode “criar-se”. A pessoa relaciona sua vida às coisas, utilizando-as como instrumentos de sua própria existência, de modo que, em certo sentido, a essência das coisas depende também do homem (do emprego que ele lhes dá). “A vida humana é ser-me com as coisas do mundo” (Heidegger). “Sou eu e minhas circunstâncias” (Ortega y Gasset). Assim, o problema do conhecimento adquire um caráter antropocêntrico para o existencialista. “A realidade não é dada a nós como espectadores, mas como atores” (Marcel).

Liberdade

O homem é essencialmente livre, mas isso é difícil e doloroso. Viver é estar em conflito permanente para manter a nossa liberdade. Obstáculos contínuos podem facilmente nos tirar da categoria de pessoas autênticas: os hábitos, o medo, a ignorância, a sugestão alheia, a propaganda, a tirania, etc. Nossa liberdade é uma “Liberdade em Perigo” que poucos homens conseguem manter-se donos de sua própria existência. Muitos movimentos revolucionários que surgiram para derrubar o sistema tirânico do século XX (África, Europa e América) são claramente inspirados no existencialismo.

Angústias Existenciais

A existência do homem é marcada pela ansiedade; a angústia é a raiz de sua própria constituição essencial. A tensão espiritual constante, indispensável para manter a nossa liberdade, é em si uma fonte de angústia contínua. Entretanto, o homem anseia por manter laços permanentes de amizade com outros homens, e ainda mais profundamente no amor. Este contém o perigo de que o amor se transforme facilmente em escravidão, em uma submissão à tirania do outro. Além disso, o estado de consciência espiritual é a causa da pior tortura para o homem: ele não só está fadado a morrer, como os outros seres vivos, mas nem sequer sabe quando morrerá. “Nós estamos simplesmente condenados à morte” (Alguém XD). Aqui reside a angústia da necessidade de sobreviver junto com a certeza da morte. “O homem é um sofrimento humano” (Sartre). Outros nos incentivam à esperança e à salvação da vida pelo amor de Deus e dos homens. “Não há liberdade em isolamento” (Jaspers), que dizem que o amor verdadeiro é capaz de produzir o milagre de salvar vidas humanas do desespero, mantendo a liberdade que é o amor espiritual. De acordo com essa ética, só podem ter valor moral os atos que as pessoas carregam, livre e conscientemente, como um ato autêntico. A moral será mantida somente se os atos não forem espontâneos. Não há suporte moral baseado unicamente no costume, hábito, convenção ou lei. A moral deve ser livre e pessoal. Aquela liberdade se tornou para muitos existencialistas no relativismo moral (que é que tudo que se acha bom é bom) ou na imoralidade absoluta (seja o que for que eu quero que seja bom).

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