Princípios do Treinamento Físico: Adaptação e Sobrecarga

O treinamento físico busca promover adaptações morfológicas e funcionais para aprimorar o desempenho físico em diferentes tarefas motoras. O controle da prescrição do treinamento depende de princípios orientadores, baseados nas ciências biológicas e pedagógicas. O conhecimento desses princípios facilita a seleção de conteúdos, meios, métodos e a organização dos aspectos da prescrição do treinamento físico.

Adaptação é o ajuste do organismo ao meio ambiente. Em resposta ao treinamento físico, esse princípio manifesta-se cronicamente por meio de alterações orgânicas estruturais. Quando o estímulo do treinamento perturba o equilíbrio interno, o organismo reage fisiologicamente (adaptação) para restabelecer o equilíbrio. As respostas adaptativas variam conforme a intensidade e duração do estímulo, a capacidade de remodelamento do tecido (ex.: tecido muscular vs. pulmonar) e o tempo necessário para as adaptações (ex.: aumento da força muscular vs. mudanças na composição corporal). Adaptações estruturais são dose-dependentes ao estímulo e temporalmente diferentes entre tecidos e tipos celulares.

Classificação dos efeitos do treinamento:

• Efeitos agudos: ocorrem durante a sessão (ex.: elevação da frequência cardíaca).
• Efeitos imediatos: observados logo após uma sessão (ex.: excesso de consumo de oxigênio pós-exercício).
• Efeitos crônicos: decorrentes da exposição regular ao estímulo (ex.: aumento do consumo máximo de oxigênio).
• Efeitos residuais: retidos após a interrupção do treinamento (ex.: hipertrofia muscular).

As adaptações fisiológicas dependem do nível de sobrecarga. Para novas adaptações, o organismo precisa de estímulos maiores que o habitual. A sobrecarga deve ser progressiva e coerente com o estado de treinamento. Os controles da sobrecarga são específicos para cada exercício. No treinamento aeróbio, destacam-se intensidade, duração e frequência. No treinamento com pesos, variáveis como número de séries e repetições, carga, intervalo de recuperação, ordem e escolha dos exercícios, frequência, amplitude e velocidade (cadência) podem ser manipuladas. A sobrecarga progressiva aplica-se a atletas, idosos, sedentários e populações especiais (cardiopatas e diabéticos), por meio de aspectos quantitativos (volume e duração) ou qualitativos (intensidade e intervalo).