Progresso Científico: Popper, Kuhn e Lakatos
Classificado em Filosofia e Ética
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O Desenvolvimento da Ciência: Popper, Kuhn e LakatosO desenvolvimento da atividade científica nos últimos séculos é inquestionável, pois a necessidade do homem de conhecer e ampliar seus domínios produz transformações constantes na natureza. Porém, foi no século XX que a atividade científica provocou um enorme debate a respeito do significado e importância da própria ciência, principalmente quando se buscou estudar as possibilidades e os limites da investigação científica através da falseabilidade, tendo Sir Karl Popper como representante máximo. Thomas S. Kuhn criticou a teoria popperiana, assim como sua teoria também sofreu diversas críticas dentro da comunidade científica, destacando-se a Filosofia da Ciência de Imre Lakatos. Através de sua concepção denominada “Programas de Pesquisa Científica”, Lakatos analisou as críticas feitas por Kuhn ao modelo vigente de racionalidade científica proposta por Popper, desenvolvendo, assim, sua visão epistemológica do avanço científico, que tem como base não uma “teoria isolada”, mas uma “série de teorias”, ou seja, um programa de pesquisa. Portanto, buscar entender essa discussão sobre o desenvolvimento da ciência, tendo como base esses três epistemólogos contemporâneos, torna-se uma questão sine qua non para respondermos às questões levantadas sobre o progresso científico. |
Metodologia |
O presente trabalho caracterizou-se fundamentalmente por ser uma pesquisa bibliográfica, o que determina uma metodologia baseada em materiais teóricos, acompanhada da análise de livros, artigos científicos, dissertações de mestrado na área, artigos eletrônicos e publicações especializadas. Tudo isso tendo por base as discussões feitas com o orientador da pesquisa, que está sendo desenvolvida no Mestrado em Ética e Epistemologia da Universidade Federal do Piauí (MEE/UFPI). Será feita uma abordagem da compreensão do progresso da atividade científica através da forma diferenciada que os epistemólogos Thomas S. Kuhn e Imre Lakatos concebem o desenvolvimento da ciência, tendo como referência o pensamento de Karl Popper. Logo, procuramos dar uma maior ênfase à teoria lakatosiana, que se fundamenta a partir de uma postura que busca corrigir e aprimorar a teoria popperiana das críticas feitas por Kuhn, pois, segundo Lakatos, a racionalidade apresentada nas reflexões popperianas se consolida na seguinte convicção: “na sua opinião (refere-se a Popper), a virtude não está na cautela em evitar erros, mas na implacabilidade com que se limitam erros. Audácia nas conjecturas, de um lado, e austeridade nas refutações, de outro: essa é a receita de Popper”. |
Resultados |
As novas formas de pensar a atividade científica se originaram na tentativa de estabelecer um método capaz de definir o que é ciência, sua importância e seu desenvolvimento, construídas a partir de duas visões: uma baseada em observações que vão do particular para o geral, identificando a determinação das causas pelo estabelecimento da regularidade dos acontecimentos (Indução), e outra que afirma que a elaboração das teorias não é explicada a partir da Indução e que não podemos reduzir os conceitos teóricos à sua base observacional, onde Sir Karl Popper destaca-se como crítico tanto do método Indutivo quanto dos chamados empiristas lógicos. Thomas Kuhn, ao se deparar com a teoria popperiana, apesar de reconhecer a importância de tal teoria, conclui que os processos do fazer científico não obedecem às dinâmicas do falseamento popperiano. Contudo, a teoria de Imre Lakatos sobre o desenvolvimento da ciência caracteriza-se por um exercício de reconstrução das diversas alternativas de reflexões que guiam os caminhos da racionalidade científica. Mesmo percebendo os limites da teoria popperiana, Lakatos propõe a reconstituição da proposta falseacionista, inviabilizada pelas críticas kuhnianas, além de recusar a visão da ciência e de seu desenvolvimento proposta pelo mesmo. |
Conclusão |
A partir da análise das visões epistemológicas estudadas, vimos que a utilização do recurso à história da ciência feita por Imre Lakatos constata a incapacidade metodológica apresentada pelo falseacionismo popperiano, inserindo duas novas atitudes no contexto científico. A primeira consiste em “abandonar os esforços para dar uma explicação racional do êxito da ciência”. Onde os mecanismos de avaliação racional de uma teoria e os elementos necessários ao seu desenvolvimento deixam de existir. Nesta atitude, o modelo kuhniano de desenvolvimento científico, sob o ponto de vista da psicologia social, é rejeitado. Uma vez que, para Lakatos, a mudança em termos de paradigmas está inserida no contexto da irracionalidade. A segunda atitude consiste em “tentar, ao menos, reduzir o elemento convencional do falseacionismo (não podemos de maneira alguma eliminá-lo) e substituir as versões ingênuas do falseacionismo metodológico, por uma versão sofisticada que daria um novo fundamento lógico ao falseamento e, por esse modo, salvaria a metodologia e a idéia de progresso científico”. Embora Lakatos conclua que “criticar uma teoria da crítica é quase sempre muito difícil”, pensamos ser este o caminho que se coloca como o mais adequado para a compreensão da ciência e seu desenvolvimento. |