Propagação Vegetativa de Plantas: Métodos e Conceitos Essenciais

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Por Que Realizar a Propagação Vegetativa?

A propagação vegetativa consiste em multiplicar assexuadamente partes da planta, originando indivíduos geralmente idênticos à planta-mãe. Dessa forma, é utilizada em programas de melhoramento genético.

Propagação Vegetativa: Conceitos Fundamentais

A propagação vegetativa é a produção de espécies vegetais com genótipos idênticos aos da planta-matriz, ocorrendo pela regeneração de raízes a partir de caules, ou de partes aéreas (folhas), e também a partir de raízes. Isso está relacionado com a:

Totipotência

Uma única célula tem a capacidade de potencialmente reconstruir um indivíduo por inteiro, a partir de mitoses/divisões celulares e diferenciações sucessivas. Vantagem: homogeneidade.

Clone

População de plantas geneticamente iguais a partir de uma única matriz por propagação exclusivamente vegetativa. É utilizada na propagação de plantas que não se reproduzem por sementes e na diminuição do período de maturidade da planta, a exemplo de fruteiras.

Desvantagem: O sistema radicular da planta pode possuir uma outra arquitetura, não há adaptabilidade às condições adversas e há ausência de variabilidade genética.

Métodos de Propagação Assexuada

Estaquia

Processo no qual ocorre o enraizamento e brotação adventícia em segmentos destacados da planta-mãe, em condições favoráveis, originando uma nova planta. Este segmento deve conter no mínimo uma gema vegetativa capaz de regenerar uma nova planta e gerar em condições favoráveis ao seu desenvolvimento.

Mergulhia

É um processo de multiplicação assexuada em que a planta a ser originada só é destacada da planta-mãe após ter seu sistema radicular desenvolvido.

Alporquia

É uma variação de mergulhia no qual, em vez de levar o ramo ao solo, leva-se o solo ao ramo, exigindo controle de umidade.

Micropropagação: Definição, Fases e Aplicações

A micropropagação é o desenvolvimento de novas plantas em meio artificial sob condições assépticas, a partir de pequenos propágulos. A indexação é feita com meristema apical porque é mais difícil de haver contaminantes sistêmicos.

Fases do Cultivo In Vitro

  1. Estabelecimento do tecido (inocular no meio de cultura por 4-6 semanas).
  2. Desenvolvimento do explante.
  3. Transplante e Aclimatação.

Aplicações da Micropropagação

  • Recuperação de plantas livres de doenças.
  • Propagação massal de clones.
  • Preservação e intercâmbio de germoplasma.
  • Apoio ao melhoramento genético.
  • Produção de metabólitos secundários.
  • Floração e fertilização in vitro.

Métodos de Micropropagação

  • Propagação a partir de gemas axilares (meristemas, ápice ou nó).
  • Propagação a partir de gemas adventícias ou embriões (morfogênese direta – explante; indireta – calos).

Apomixia: Propagação Via Semente Assexuada

A apomixia é a produção de semente sem que ocorra a fecundação do embrião, sendo uma forma de propagação vegetativa via semente, gerando clones de espécies de plantas. A meiose e a fertilização não estão envolvidas na formação da semente; esta é formada por processo assexual (apomixia). A progênie dessas plantas é, então, constituída por réplicas exatas da planta-mãe, proporcionando clonagem através da semente e, por isso, tem um importante papel como ferramenta no melhoramento de plantas.

Vantagens da Apomixia

  • Seleção e multiplicação apenas do melhor clone.
  • Fixa o efeito genético de todos os caracteres, tornando o melhoramento relativamente fácil e rápido.

Desvantagens da Apomixia

  • Alto custo de propágulos.
  • Redução drástica da variabilidade e vulnerabilidade genética.

A apomixia pode ser obrigatória (quando só forma embrião apomítico) ou facultativa (embrião gamético + apomítico na mesma planta = poliembrionia).

Estruturas Vegetativas para Propagação

Cormos

Eixo caulinar de base intumescida, envolvido por uma escama (folha modificada seca). O cormo é um caule que intumesce, ou seja, um reservatório de alimento, sendo mais alto e largo do que o bulbo. Possui estrutura caulinar sólida com nós e entrenós distintos. Gemas axilares são produzidas em cada nó. Exemplo: Palma-de-Santa-Rita.

Rizomas

São caules modificados de crescimento normalmente subterrâneo que apresentam capacidade de armazenar reservas. Exemplo: gengibre.

Estolões

Utilizados na propagação do morangueiro, são definidos como caules aéreos especializados, mais ou menos horizontais. Os estolões surgem em plantas com caules em roseta, nas bases ou na própria coroa. No segundo nó do estolão, há formação de uma nova planta, seguida da formação do seu sistema radicular. Esta planta poderá ser utilizada como muda.

Aspectos Fisiológicos e Ontogenéticos

Ciclofisia

Fenômeno que permite que haja a manutenção de uma fase ou estágio de um ciclo de vida da matriz para a nova planta produzida por via assexuada. É através dela que se pode retirar uma muda da planta adulta.

Topofisia

Fenômeno pelo qual as plantas detêm em si memórias ontogenéticas de todo seu ciclo. Têm tecidos e células que, se utilizados em propagação vegetativa, se reconstituem.

Estratégias para Propágulos Juvenis

Considerando a produção assexual de plantas juvenis, a estratégia é obter propágulos que estejam na fase juvenil da planta. Isso está relacionado com a topofisia, na qual se retira o ponto de maturidade da planta e também se faz a manutenção das mudas, podando e conduzindo a planta.

Princípios Fisiológicos da Estaquia e Mergulhia

O princípio meristemático está relacionado à inserção, formação de primórdios e crescimento emergentes. Do ponto de vista fisiológico, há regulação hormonal e adição de reguladores que desempenham o mesmo papel dos hormônios naturais, estando relacionados com cofatores e inibidores.

Pré-condicionamento de Estaquias

Anelamento, estiolamento e estrangulamento são pré-condicionamentos para plantas-matrizes, visando a produção de mudas e estaquia. Essas práticas são utilizadas para a coleta de propágulos, a fim de promover e facilitar o processo de enraizamento em estaquias e alporquia. Estão associadas também à elevação da concentração de auxina e carboidratos, favorecendo o enraizamento.

Quimera Vegetal: Tipos e Características

Quimera é a expressão fenotípica de uma mutação parcial na qual tecidos geneticamente distintos crescem adjacentes.

Quimera Setorial

Ocorre quando todas as células de todas as camadas são modificadas em um único setor, sendo instável.

Quimera Periclinal

A célula se divide somente em uma camada. Essa camada sofre alteração genética e dará origem a uma quimera (e não a uma mutação). Se for na 1ª camada, será notado; se for na 3ª, será no sistema vascular, sendo estável.

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