Prosa Renascentista: Idealismo, Realismo e Grandes Obras
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Prosa Renascentista: Idealismo e Realismo na Literatura
Idealista | Realista |
Romances de Cavalaria Novela Pastoral Novelas Mouriscas Romances Sentimentais | Romance Picaresco: Lazarillo de Tormes Cervantes |
Prosa Idealista na Renascença
Romances de Cavalaria:
- Idealizados e com cenários imaginários, apresentam heróis nobres e belos que resgatam mulheres com uma espada, uma arma já antiga na época em que as armas de fogo eram conhecidas.
Novela Pastoral:
- Os personagens são pastores idealizados, inseridos em um locus amoenus também idealizado, que discorrem sobre suas penas de amor.
- Livros: Os Sete Livros de Diana, de Jorge de Montemayor.
Novelas Mouriscas:
- Mouros são idealizados em um cenário que também mantém uma natureza idealizada.
- Livros: História do Abencerraje e da Bela Jarifa. O autor não é conhecido, mas pode ser Jorge de Montemayor.
Romances Sentimentais:
- O tema é a análise do amor e a reflexão sobre os sentimentos.
- São personagens em conflito com seu meio ambiente, muitas vezes miseráveis ou infelizes.
- Com final infeliz.
- Cenários exóticos, remotos ou imaginários.
- Linguagem: artificial e retórica.
- O tom do livro é o lamento.
Prosa Realista na Renascença
Romance Picaresco
- Exemplo: Lazarillo de Tormes.
Características do Romance Picaresco:
- O protagonista é um patife, um personagem dos estratos inferiores da sociedade que busca ascensão.
- Autobiográfico: O protagonista narra, em primeira pessoa, sua própria vida.
- Novela de Viagem: O pícaro transita de uma localidade para outra.
- Serve a vários mestres: Através dos mestres do pícaro, obtém-se uma visão geral da sociedade.
- Visão crítica e pessimista da sociedade.
- Gosto pela inovação estética.
- Subordinação da história ao "estado final" do pícaro: A história explica o que aconteceu com o protagonista para alcançar seu status atual.
Análise de Lazarillo de Tormes
Autor:
Anônimo. Teorias:
Nobre desencantado com a sociedade.
Erasmista ou autor convertido, devido à crítica à sociedade, especialmente à Igreja.
Publicado em 1554, foi proibido pela Inquisição em 1559. Reeditado em 1837.
Fontes:
Muitas das passagens de Lazarillo circulavam na sabedoria popular.
Estrutura:
- Prólogo: Dirigido a "Vossa Mercê".
- Tratados:
I: O Cego = Abuso e fraude.
II: O Clérigo = Ganância e falta de caridade cristã.
- III: O Escudeiro Fidalgo = Obcecado com a honra.
IV: O Frade da Ordem da Mercê = Crítica à Igreja.
V: O Buldero (Vendedor de Bulas) = Mentira e engano para vender bulas.
- VI: O Pintor de Pandeiretas e o Capelão = Exploração pela Igreja.
(Curta e perigosa estadia como aguazil)
VII: O Arcipreste = Corrupção do clero.
No último tratado, Lázaro consegue uma esposa, mas tem de enfrentar os boatos de que ela o trai com o arcipreste.
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Interpretação:
O processo de adaptação do indivíduo à sociedade (Espanha, século XVI), perdendo a inocência e a dignidade ao longo do caminho.
Crítica ao comportamento egoísta dos personagens e ao sistema social que os obriga a agir assim.
Estilo:
- Realista.
- Verossimilhança: Tudo o que é narrado poderia ter acontecido.
- Polifonia ou decoro poético: Cada personagem fala de acordo com sua condição social.
- Mistura de narrativa, diálogo, descrição e monólogos.
- Desejo de síntese: Os tratados tendem à brevidade, por vezes extrema.
Miguel de Cervantes (1547-1616)
- Sua obra mais famosa é Dom Quixote.
Vida:
Sua vida foi marcada pela estadia na Itália e pela participação na Batalha de Lepanto contra os turcos, onde perdeu o uso de um braço. Foi capturado e permaneceu preso por cinco anos.
Posteriormente, foi preso mais duas vezes.
Obras:
- Poesia: Grande parte de sua poesia popular se perdeu. Conhecemos a Viagem do Parnaso.
- Prosa:
- Galateia: Um romance pastoral inacabado. Contém digressões teóricas, principalmente sobre literatura. Elício ama Galateia, mas o pai dela quer casá-la com outro rapaz.
- Novelas Exemplares: Conjunto de doze contos que recebem esse nome. São originais, utilizando elementos de todos os romances do período: mouriscos, pastorais, bizantinos, etc.
São classificadas de duas formas:
- Oferecem ensinamentos morais (Rinconete e Cortadillo) ou são um modelo de criação literária.
- De acordo com a tendência: realistas (Rinconete e Cortadillo) ou idealistas (A Ilustre Fregona, A Ciganinha).
- Os Trabalhos de Persiles e Sigismunda: Publicado após sua morte.
Análise de Dom Quixote
Parte 1 (1605):
- Capítulo I: Apresentação do herói em casa.
- Capítulos II-VI: Primeira saída. Dom Quixote é armado cavaleiro em uma venda (confundida com um castelo) e, após muitas desventuras, é levado de volta para casa, onde o padre e o barbeiro queimam seus livros de cavalaria.
- Capítulos VII-LII: Segunda saída. Dom Quixote é acompanhado por Sancho Pança como seu escudeiro. Após mais um fracasso que o leva à Serra Morena, é trazido de volta para casa, enjaulado pelo padre e pelo barbeiro, que o fazem acreditar que está enfeitiçado.
Em 1614, Alonso Fernández de Avellaneda publicou uma falsa segunda parte de Dom Quixote, o que forçou Cervantes a escrever a verdadeira segunda parte e a "matar" Dom Quixote.
Parte 2 (1615):
- Nesta parte, Cervantes satiriza Avellaneda.
- Capítulos I-VII: Dom Quixote se prepara para sua terceira saída.
- Capítulos VIII-LXVI: Início da terceira saída. Dom Quixote já não confunde a realidade, mas é enganado pelos outros. Chega à Catalunha, mas sem passar por Saragoça. Nesta segunda parte, os personagens são reconhecidos como figuras da primeira parte.
- Capítulos LXVII-LXXIV: Final. O bacharel Sansão Carrasco disfarça-se para derrotar Dom Quixote e levá-lo de volta para casa. Dom Quixote, triste e melancólico, adoece ao chegar. Faz seu testamento e morre, recuperando a sanidade e voltando a ser Alonso Quijano. Sancho lhe oferece uma quarta saída como pastor, envolvido em um romance pastoral.
Semelhanças entre a 1ª e a 2ª Parte de Dom Quixote:
- Ao longo de ambas as partes, há uma mistura de histórias secundárias, argumentos, aventuras, contos e reflexões literárias.
- Em ambas as partes, Dom Quixote retorna para casa sob falsos pretextos.
Inovações Narrativas de Cervantes:
- Narrativa: Em contraste com as características gerais dos romances de cavalaria:
Romances de Cavalaria | Dom Quixote |
Herói: Jovens nobres e belos Cenários idealizados e imaginários | Anti-herói: Hidalgo velho, decrépito e louco Realidade como palco |
- Mistura de drama com toques de humor.
- Inter-relação dos personagens: Os personagens interagem uns com os outros:
Sanchificação de Dom Quixote e Quixotização de Sancho: Os papéis se invertem.
- Importância do diálogo, pois Cervantes também foi dramaturgo.
- Cada personagem fala de acordo com sua classe social.
- Os diálogos de Dom Quixote são longos e ricos em linguagem, enquanto os de Sancho são curtos e cheios de provérbios.
- Dom Quixote é uma obra globalizante, abrangendo vários gêneros.
- Obra fragmentária: Relaciona-se com a característica anterior.
- Uso de técnicas de distanciamento: Diferentes narradores e, consequentemente, diferentes pontos de vista.
Estilo de Cervantes:
Uma mistura de Renascimento e Barroco:
Renascimento: Clareza e simplicidade na linguagem.
Barroco: Extraordinário domínio da linguagem, vocabulário vasto e sem repetições.