Psicologia Cognitiva e Terapia: Fundamentos e Aplicações

Introdução à Psicologia Cognitiva

A Psicologia Cognitiva estuda os processos de aprendizagem e de aquisição de conhecimento. Atualmente, é um ramo da psicologia geral reconhecido e adotado em todo o mundo como um conceito voltado ao objeto de conflito ou meta a serem atingidos. Usa a cognição humana como mecanismo de conversão do que é captado no ambiente para o nosso modo de ser interno (sensação, percepção e processamento da informação). Ela é um processo pelo qual o ser humano interage com o meio em que vive, sem perder a sua identidade existencial humana. É, portanto, um processo de conhecimento, que tem como material a informação do meio em que vivemos e o que de forma cumulativa agrega com o que já está registrado na nossa memória.

A ciência cognitiva está baseada nos pressupostos de evolução da neurociência, procurando compreender a relação de como adquirimos e processamos informações e com isso influir nas autocrenças processadas nos transcursos da vida, levando à repetição e crença de pensamentos transformados em verdade.

O modelo cognitivo de psicopatologia proposto por Beck é centrado na observação do comportamento, assim contribuindo para a avaliação de variações emocionais e cognitivas como resultado final do comportamento influenciado pelos processamentos cognitivos. Portanto, os mecanismos dessa abordagem giram em torno da associação do funcionamento cognitivo de acordo com as necessidades particulares do paciente e da utilização de técnicas comportamentais para a alteração de cognições negativas, de modo que tal alteração comportamental seja um meio para um fim (mudanças cognitivas).

A abordagem do processamento de informação ao funcionamento da cognição tem sido recentemente questionada com novas teorias da psicologia, como os sistemas dinâmicos e novas teorias que consideram o corpo e mente como um só.

Devido ao desenvolvimento de metáforas de terminologia computacional, a psicologia cognitiva beneficiou muito do florescimento da investigação na área da inteligência artificial e suas congêneres, nos anos 1960s e 1970s. Assim, desenvolveu-se como um dos aspectos significativos da área interdisciplinar da ciência cognitiva, que tenta integrar um conjunto de abordagens à investigação da mente e dos processos mentais.

Psicoterapia Cognitiva: Origem e Fundamentos

A Psicoterapia Cognitiva teve sua formulação motivada por Aaron T. Beck nos anos sessenta, com o objetivo de localizar configurações psicológicas das neuroses, desenvolvendo uma forma de psicoterapia breve voltada para o alívio psicopatológico geral.

Consiste em um sistema de psicoterapia que integra, de um lado, o modelo cognitivo de psicopatologia e, de outro, um conjunto de técnicas e estratégias terapêuticas fundamentadas diretamente nesse modelo. Suas premissas básicas, sua práxis e sua eficácia estão apoiadas em grande volume de pesquisas e publicações científicas. O refinamento de seus modelos de intervenção para os mais variados tipos de transtornos emocionais atinge hoje um elevado grau de especificidade, em comparação a outros sistemas de psicoterapia.

Aaron Beck: O Criador da Terapia Cognitiva

Em 1956, Aaron Beck desenvolveu um modelo de depressão, baseado em estudos empíricos, com fundamentação teórica e aplicada, que veio a originar um novo sistema de psicoterapia: a Terapia Cognitiva. Nos anos 60, criou e dirigiu o Centro de Terapia Cognitiva da Universidade da Pensilvânia. Em 1995, fundou com sua filha Judy Beck o Beck Institute, na Filadélfia. Em 1996, retornou à Universidade da Pensilvânia como Professor Emérito, com um grande financiamento do NIMH - National Institute of Mental Health dos Estados Unidos.

http://www.beckinstitute.org/ | [email protected]

Elementos básicos são utilizados dentro do modelo cognitivo e projetados para identificar a realidade individual do paciente, corrigindo as conceituações distorcidas por crenças disfuncionais.

Os pensamentos e o autoconceito são baseados em atitudes ou pressupostos a partir de sua história de vida e ambiente que cerca o paciente, onde ele próprio formula as ideias e crenças disfuncionais sobre si mesmo, gerando hipóteses negativas sobre o seu futuro.

A Terapia Cognitiva (TC) vem ganhando crescente visibilidade e relevância no Brasil em virtude de algumas de suas características centrais, entre elas, o modelo integrado, a fundamentação científica, o curto prazo, a eficácia e a aplicabilidade a uma ampla gama de transtornos, evidências que têm lhe assegurado o respeito de cientistas, clínicos e pacientes ao redor do mundo. Trata-se de uma abordagem pragmática, como, aliás, a qualifica seu próprio criador.

Pressupostos Fundamentais da Psicoterapia Cognitiva

• O modelo cognitivo propõe que o pensamento distorcido ou disfuncional influencia o humor e o comportamento.
• Foca no problema atual.
• É educativa: informa ao paciente os passos e a teoria.
• Tem um tempo limitado.
• Busca identificar e avaliar pensamentos e sentimentos que geram crenças disfuncionais observadas no comportamento.

Inserção da Psicologia nas Neurociências

Diferentes abordagens podem ser usadas, variando em função da perspectiva do pesquisador:

• Psicologia Cognitiva;
• Neuropsicologia;
• Modelos Computacionais;
• Fisiologia; Neurologia.

• Desenvolvimento da Psicologia Cognitiva, Neuropsicologia e Neuroimagem: Parte da Neurociência Cognitiva

• Ideia fundamental da PC: decomposição das tarefas em operações mentais (ou sub-rotinas) que duram milissegundos.
• Rede: conjunto de nós. Uma teia com linhas mais fortes ou mais fracas. A força da linha facilita (ou inibe) mais ou menos a ativação dos componentes da rede.
• Para entender a importância da relação entre localização e processamento cognitivo, é preciso antes entender que:
  • As funções encefálicas complexas podem ser decompostas em processos mais gerais e mais simples;
  • Esses componentes podem ser localizados e estudados de forma relativamente isolada;
  • Processos encefálicos simples podem ser correlacionados diretamente com processos comportamentais simples.
• Localização e destrinchamento são fundamentais para o próprio desenvolvimento das teorias sobre o processamento cognitivo e, consequentemente, para direcionar avaliação e tratamento eficazes.

A localização anatômica das funções cognitivas está sediada no lobo frontal, que ocupa um terço do córtex, sendo triado e coordenado pelas funções executivas.

Dentre diversas estruturas, o pensamento e o raciocínio, como funções primárias, operam simultaneamente com outras subestruturas, formando uma unidade de consciência por meio dos reflexos sensoriais.

A atenção e a memória estão presentes no funcionamento de todas as outras subfunções para a evocação e lembranças, favorecendo o aprendizado de novos conteúdos.

Assim, os processos cognitivos desenvolvem a autointerpretação pessoal e a organização das informações na consciência por meio das funções intelectuais e a formação de conceitos passíveis de oferecer soluções para situações, considerando-se como processos cognitivos: percepção, memória, imaginação, entre outros.

• Memória Sensorial Visual: Experimentos de Sperling

• Quadro com 12 letras (3 linhas) e dica de qual linha o sujeito precisaria lembrar.
• Se a dica fosse dada até 0,1 ou 0,2 s (100 ou 200 ms) após o quadro ter sido mostrado, a taxa de acertos seria alta.
• Os sujeitos mantinham informação visual durante este curto período, de forma que podiam "ver" as letras e responder à questão.
• Mas em intervalos acima de 0,3 s, a resposta era praticamente igual a quando os sujeitos precisavam relatar todas as letras (a memória sensorial já não podia mais ser usada).

K Z R
Q B T
S G N

Pensamento como Pressuposto da Psicologia Cognitiva

A orientação da psicologia cognitiva é a interpretação que o indivíduo faz de um evento determinado e como se comporta em relação a isso, e as variedades de técnicas que auxiliam o paciente a aprender e reconhecer maneiras pelas quais seus pensamentos e sentimentos interagem.

PENSAMENTO - SENTIMENTO - COMPORTAMENTO.

Pensamentos e sentimentos são fenômenos distintos que geram comportamentos. Os sentimentos são experiências internas de emoções como ansiedade, depressão ou medo, sendo reforçados pela forma anterior de planejar por meio de seus pensamentos, gerando uma repetição dos chamados pensamentos automáticos.

Pensamento

• Pensamento - Fluxo de ideias, símbolos e associações, dirigido a um objetivo.
• É iniciado por um problema, e levando a uma conclusão orientada segundo a realidade; ocasionando uma sequência lógica.

Perturbações Gerais do Pensamento

• Angústia ou incapacidade diante de um evento particular, não sendo uma mera resposta particular.
• Incapacidade para distinguir entre realidade e fantasia.

Perturbações no Conteúdo do Pensamento

• Pobreza de conteúdo - pensamento que oferece poucas informações, repetições vazias.
• Ideia supervalorizada - crença falsa e irracional, pouco sustentada.
• Delírio - crença falsa, baseada em inferências incorretas sobre a realidade externa.

Se... os padrões de pensamentos inadequados precedem os comportamentos desadaptativos.

Tipos de Pensamentos

• Pensamentos Funcionais (+)
• Pensamentos Disfuncionais (-)
• Pensamentos Automáticos / Crenças (*)

Os padrões de pensamentos inadequados precedem os comportamentos desadaptativos. Logo... trabalhar os tipos de pensamentos frequentes da pessoa... Proporcionaria melhor ajustamento e adequação.

Modelo Cognitivo dos Esquemas

Esquemas:

• Crenças básicas
• Desencadeador
• Pensamentos automáticos
• Emoção
• Comportamento

Esquemas são estruturas hipotéticas que guiam e organizam o processamento de informação e a compreensão das experiências da vida.

Os esquemas são regras básicas que começam a ser formadas, em forma de cognições e comportamentos instalados na vida pregressa.

Podem estar ativos ou adormecidos (latentes).

Esquemas ativos governam o comportamento diário.

Os esquemas latentes são chamados para controlar comportamentos conflituosos.

Os esquemas podem desenvolver-se por meio de processos de adaptação.

Normalmente estão em constante mutação.

(Caminho de transformações, onde a psicoterapia intervém.)

O esquema pode causar que o paciente ignore ou não perceba estímulos ambientais relevantes.

Níveis de Mudança Esquemática

• Construção de um novo esquema com uma autovalorização da visão interior de si.
• Reconstrução de um esquema já existente de forma adaptativa. (Pequena modificação em esquemas existentes).
• Reinterpretação da forma esquemática para novas situações.

Aplicável a diferentes populações e nível socioeconômico-educacional.

Psicologia Clínica

• Depressão, ansiedade, dependência química, transtornos alimentares, transtornos de personalidade, TOC, relações interpessoais, psicoses etc.

Educação

Esportes e Organizações

Hospitalar

Principais Características da Psicoterapia Cognitiva

A psicoterapia é respaldada pelo conteúdo científico e pragmático na integração crescente entre saúde psicológica e física.

O psicoterapeuta simboliza a possibilidade de alívio da dor, angústia ou mesmo uma reestruturação na forma de ver o mundo com sua vulnerabilidade cognitiva.

A psicoterapia cognitiva é uma abordagem estruturada, diretiva, ativa, de prazo limitado, usada para tratar transtornos psiquiátricos e psicológicos como depressão, ansiedade, fobias, queixas somáticas entre outras que se baseiam em atitudes ou pressuposições (esquemas) desenvolvidos a partir de experiências anteriores.

As técnicas terapêuticas específicas empregadas são utilizadas no enquadre do modelo cognitivo da psicopatologia, sendo técnicas projetadas para identificar, testar a realidade e corrigir conceituações distorcidas por crenças disfuncionais, reavaliando e corrigindo de forma a dominar problemas e situações considerados insuperáveis.

Estruturação da Psicoterapia Cognitiva

Diretiva

• Focaliza e dirige em determinados aspectos estruturais do estímulo-alvo.
• Cria metas claras sobre a terapia, comunicadas e discutidas com o paciente.

Educativa

• O psicoterapeuta não se coloca como o detentor do conhecimento final.
• É orientada a desenvolver soluções afetivas, cognitivas, comportamentais ou ambientais.
• Busca a identificação ativa, o desenvolvimento e a construção das habilidades pessoais do paciente.

Processo Terapêutico

• Índice de severidade
• Estrutura das sessões
• Estrutura do processo terapêutico
• Exemplos de intervenções
• Discussão de casos clínicos

As ligações da psicoterapia cognitiva com a área comportamental geram dúvidas a respeito dos fatores das técnicas utilizadas.

• Técnicas cognitivas
• Técnicas comportamentais