Psicologia Comunitária: Atuação, SUS, Ética e Desafios

Formas de Entrada do Psicólogo na Comunidade

1. Contatos: Conhecimentos que o profissional faz quando se depara com a realidade concreta dos setores.
2. Intermediários: Indivíduos e/ou coletivos que procuram o profissional de psicologia com a expectativa de que ele faça algum tipo de atendimento individual para as problemáticas vividas no contexto comunitário.
3. Tentativas: Esforços que o próprio psicólogo faz para se dar a conhecer junto à comunidade ou aos seus representantes. Nesse tipo de contato, está implícita a aceitação de se submeter à avaliação sobre a necessidade do seu trabalho, com o risco de haver algum tipo de recusa.

Estratégias Utilizadas para Análise Comunitária

• Coleta de informações: Sobre a vida, condições de moradia e sobrevivência, e recuperação histórica da construção daquela comunidade.
• Identificação de necessidades: E problemáticas vividas pela população.
• Deteção de modos alternativos: De enfrentamento e resolução encontrados pelos moradores no seu quotidiano.
• Discussão conjunta: Com a comunidade e seus representantes sobre as alternativas e a decisão a ser tomada, assim como as estratégias para sua viabilização.
• Constituição dos grupos: Para a execução das alternativas.
• Avaliação contínua: E reformulação dos caminhos adotados em função das necessidades e impedimentos que se apresentarem ao longo do trabalho.

Tipos de Entrevista

• Sondagem de opinião: Questionário elaborado. O informante responde a perguntas formuladas.
• Semiestruturada: Combina perguntas fechadas e abertas. O entrevistado pode discorrer sobre o tema em questão.
• Aberta ou em profundidade: O informante é convidado a falar livremente sobre um tema. As perguntas do investigador buscam dar mais profundidade.
• Focalizada: Destinada a esclarecer apenas um determinado problema.
• Projetiva: Utiliza dispositivos visuais para que o entrevistado discorra sobre o que viu ou leu.

Principais Características do Trabalho de Campo

Os dois instrumentos principais são a observação, que abrange tudo aquilo que pode ser visto e captado por um observador atento, e a entrevista, que é a fala de alguns interlocutores.

É necessário:

• Ter bagagem científica.
• Fazer observação participante.
• Utilizar técnicas de coleta, ordenação e apresentação do que se denomina evidências.

Eixos Estruturantes do Sistema Único de Saúde (SUS)

• Universalidade: O direito à saúde como sendo fundamental a todo cidadão. É cláusula pétrea da Constituição.
• Integralidade: Atendimento completo e não parcial. Ações que vão da prevenção à assistência curativa. Cada pessoa é um todo indivisível e integrante da comunidade.
• Equidade: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Todos devem ter o direito à saúde garantido pelo Estado. O objetivo é reduzir as desigualdades sociais e regionais e promover o bem a todos.
• Descentralização: O poder e a responsabilidade sobre o setor são distribuídos entre os três níveis de governo – União, Estados e Municípios – objetivando uma prestação de serviços com mais eficiência e qualidade, e também a fiscalização e o controle por parte da sociedade.
• Participação da sociedade: Inserção da população brasileira na formulação de políticas públicas em defesa do direito à saúde. Além disso, atribui importância a instâncias populares na fiscalização e controle das ações do Estado, considerando as especificidades de cada região brasileira.

Princípios Éticos da Psicologia no SUS

• Inseparabilidade: É impossível separar a clínica da política, o individual do social, o singular do coletivo. Os processos de subjetivação dão-se num plano coletivo, público e de multiplicidades.
• Autonomia e corresponsabilidade: Produção de sujeitos autónomos, protagonistas, participantes e corresponsáveis por suas vidas. A prática da psicologia deve estar engajada com o mundo, com o país em que vivemos, com a condição de vida da população e com a produção de saúde.
• Transversalidade: Relação estreita com os outros saberes, poderes e disciplinas. Isto contribui para uma saúde integral, contemplando a complexidade do ser humano.

Preceitos Básicos do Neoliberalismo

• Justificar e legitimar o desmantelamento da Seguridade Social e a desresponsabilização do Estado na intervenção social.
• Desonerar o capital da responsabilidade de financiar respostas à questão social por meio de políticas sociais estatais.
• Despolitizar os conflitos sociais, dissipando-os, pulverizando-os e convertendo a luta em “parcerias com o Estado”.
• Criar e promover a cultura do “possibilismo” – abdicar de projetos de mudança estrutural e global da sociedade em prol do que é possível, atendendo aos limites impostos pela classe dominante.
• Reduzir os impactos do aumento do desemprego, criando diversos empregos precários.
• Trivializar a questão social, convertendo o que era responsabilidade do conjunto da sociedade em problema individual.

Desafios da Psicologia Social Comunitária no Terceiro Setor

• Como recuperar redes de convivência mais humanas entre as pessoas?
• Como resgatar a construção de projetos construtivos?
• Como criar projetos de vida comunitária na vida quotidiana?
• Como ter projetos que formem e eduquem dentro das diferentes políticas públicas?
• Como garantir a transformação social global quando o que predomina é a parcialização da realidade social?