Psicologia Social: Conceitos Essenciais e Fenômenos
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Representação Social
O conceito de representação social refere-se a uma imitação mental. É através da representação que somos capazes de evocar uma pessoa, uma ideia, um objeto ou uma situação na sua ausência.
Principais Funções da Representação Social
Entre várias funções das representações sociais, destacam-se quatro:
Função de Saber:
As representações sociais dão uma explicação e um sentido à realidade, ou seja, servem para os indivíduos explicarem, compreenderem e desenvolverem ações concretas sobre o real.Função de Orientação:
A sua função de explicação reflete ao nível da ação, são um guia dos comportamentos, ou seja, estabelecem práticas na medida em que antecedem o desenvolvimento da ação.Função Identitária:
As representações sociais permitem ao indivíduo construir uma identidade social, posicionando-se em relação aos outros grupos sociais, ou seja, as representações sociais permitem distinguir o grupo que as origina dos outros grupos.Função de Justificação:
As representações sociais permitem aos indivíduos explicarem e justificarem as suas opiniões e os seus comportamentos.
Origem das Representações Sociais: Moscovici
As representações sociais são indispensáveis nas relações sociais em que fazem parte de um processo de interação social, permitindo aos membros de um grupo comunicarem e se compreenderem. Sobre a origem, Moscovici identificou dois processos: a objetivação e a ancoragem:
Objetivação:
É um processo através do qual as representações complexas e abstratas se tornam simples e concretas. No processo de objetivação, alguns elementos são excluídos/esquecidos, outros valorizados/desenvolvidos de forma a explicar a realidade de modo mais simples, preciso e comunicável. Há três fases no processo de objetivação:
Construção Seletiva
Esquematização Figurativa
Naturalização
Ancoragem:
Corresponde à assimilação das imagens criadas pela objetividade na mentalidade coletiva. Essas representações passam a orientar as relações sociais e comportamentais.
Cognição Social
Estudo do modo como percebemos o nosso mundo social enquanto atores e observadores, bem como da forma como interpretamos o nosso comportamento e o dos outros, e como agimos na sociedade, formando e mudando atitudes e comportamentos.
Principais Fatores da Cognição Social
Impressões:
São noções que se criam no contacto com as pessoas e que nos fornecem um quadro interpretativo para as avaliarmos. Construção de uma imagem, uma ideia. A produção de impressões é mútua, quando se trata de pessoas, e afeta tanto o nosso comportamento quanto o do outro.Expectativas:
É o modo de categorizar as pessoas através de sinais e informações, prevendo o seu comportamento e as suas atitudes. As expectativas são recíprocas, ou seja, o indivíduo com quem interagimos também desenvolve expectativas em relação a nós.Atitudes:
Processo de consciência individual que determina atividades reais ou possíveis do indivíduo no mundo social. Permitem interpretar, organizar e processar as informações. Vulgarmente, o conceito de atitude equivale ao de comportamento.Representações Sociais:
São um conjunto de conceitos, proposições e explicações criados na vida quotidiana, no decurso da comunicação interindividual. Constituem uma espécie de conhecimento do senso comum. Equivalem a determinadas épocas, resultando de um conjunto de circunstâncias socioeconómicas, políticas e sociais.
Norma Social
É uma regra socialmente reforçada. A sanção social é o que distingue as normas de outros produtos culturais ou construtos sociais, tais como significado e valores. Normas e ausência de normas afetam amplamente o comportamento humano.
Normalização
O processo de normalização é um processo no qual a influência do grupo é implícita; não há, portanto, pressões do grupo sobre o indivíduo-alvo. Também não são consideradas nem boas nem más respostas; todas elas são incertas, e não existem normas previamente formadas antes da experiência.
Conformismo
O conformismo é um dos processos de influência social, que tem uma expressão implícita e que pressupõe sempre uma norma gerada em grupo. Diz respeito ao sujeito ou grupo que se submete e aceita a norma do outro sujeito ou grupo. Neste processo, a minoria vai submeter-se à norma proveniente da maioria.
A Experiência de Asch sobre o Conformismo
A experiência mais famosa e histórica deste processo é a de Asch, na qual um grupo de oito indivíduos (dos quais 7 são comparsas e apenas um deles é efetivamente o sujeito experimental, considerado sujeito ingénuo) é convidado a comparar uma linha padrão com outras 3 linhas desiguais, em que apenas uma delas é igual à linha padrão. Cada um dos 8 participantes dá uma resposta em voz alta, sendo que o sujeito ingénuo é sempre o último a responder. Apesar de a situação não conter qualquer tipo de ambiguidade e ser muito objetiva, as respostas conformistas eram numerosas, rondando os 70%. Apenas aproximadamente 1/3 do grupo se manteve independente das pressões do grupo, dando assim respostas corretas.
Fatores do Conformismo
Unanimidade do Grupo:
A existência da unanimidade dentro de um grupo tende a aumentar a sua influência, dificultando a existência de ações, opiniões e valores contrários aos do grupo.Natureza da Resposta/Contacto Visual:
O conformismo aumenta quando a resposta é dada publicamente.Ambiguidade da Situação:
Quando a opinião de um elemento do grupo sobre determinado assunto se encontra pouco fundamentada ou não existe, aumenta a ambiguidade da situação, visto que o indivíduo não tem a certeza sobre o que é correto.Autoestima:
Indivíduos com baixa autoestima, baixa autoconfiança tendem a duvidar mais facilmente da sua opinião.Importância do Grupo:
O ser humano é um ser sociável e, como tal, é necessário que se sinta aceito num grupo. Para que isso aconteça, altera ou adota comportamentos, normas e valores.
Obediência
É uma mudança de comportamento de forma direta de outro a quem é reconhecida a autoridade.
A Experiência de Milgram sobre a Obediência
A experiência realizada pelo autor consistia em “aleatoriamente” atribuir papéis de professor e aluno entre os voluntários, em que ao sujeito ingénuo era atribuído o papel de professor que dava choques elétricos (castigos) ao suposto aluno que estava numa sala ao lado. Os choques elétricos aumentavam de potência conforme o número de respostas erradas. O “professor” era obrigado e incentivado sempre a prosseguir com os castigos, com vozes de “que não tinha a responsabilidade de nada” e “que estava apenas a seguir ordens”. Ao contrário do esperado, a maior parte realizou a experiência até o fim, causando dor aos seus colegas, mesmo sentindo-se desconfortáveis com isso.
Atração Interpessoal
É a atração que uma pessoa tem por outra, resultando em amizade ou relacionamento amoroso. O processo de atração interpessoal é diferente da atração física porque também relaciona o que não é considerado bonito ou atraente.
Baseia-se em:
- Aparência física
- Atitudes
- Plano de fundo social e cultural
- Personalidade
Agressão
Um comportamento que visa causar danos físicos e/ou psicológicos no outro.
Tipos de Agressão
Intenção:
Hostil:
É um tipo de agressão emocional e impulsiva. Visa causar danos no outro, independentemente das vantagens.Instrumental:
Tipo de agressão que visa um objetivo, que tem em vista conseguir algo para além do dano que possa causar. É planeada.
Alvo:
Direta:
O comportamento agressivo dirige-se à pessoa ou objeto que justifica a agressão.Deslocada:
O sujeito dirige a agressão a um alvo que não é a causa que deu origem à agressão.Autoagressão:
O sujeito desloca a agressão para si próprio.
Forma de Expressão:
Aberta:
É uma agressão explícita que se pode manifestar pela violência física e psicológica.Dissimulada:
Recorre a meios não explícitos de agressão.Inibida:
O sujeito não manifesta agressão para com o outro, mas dirigida para si próprio.
Agressão vs. Frustração
A agressão é um comportamento adaptativo e inato, enquanto a frustração é um tipo de acontecimento aversivo que pode conduzir à agressão se o indivíduo se deparar com emoções negativas em virtude da sua intensidade.
Estereótipo
Um estereótipo é a imagem preconcebida de determinada pessoa, coisa ou situação. São usados principalmente para definir e limitar pessoas ou grupos de pessoas na sociedade. Sua aceitação é ampla e culturalmente difundida no Ocidente, sendo um grande motivador de preconceito e discriminação. Podem surgir de diferenças na condição social e/ou financeira, etnias, ou religião.
Discriminação
A discriminação acontece quando há uma atitude adversa perante uma característica específica e diferente. Uma pessoa pode ser discriminada por causa da sua raça, do seu género, orientação sexual, nacionalidade, religião, situação social, etc.
Discriminação e Preconceito
A discriminação é originada por um preconceito, e por isso estes dois conceitos, apesar de estarem relacionados, são distintos. O preconceito não pressupõe o ato de tratar diferentemente uma pessoa, pode simplesmente fazer parte de uma estrutura mental. A discriminação é fruto desse preconceito, a concretização dessa forma de pensamento.