Psicologia Social: Teorias e Conceitos Essenciais
Classificado em Psicologia e Sociologia
Escrito em em português com um tamanho de 16,37 KB
Psicologia Social: Pressupostos e Conceitos
Os pressupostos teóricos da Psicologia Social têm um vasto alcance. Ela se baseia nos grandes sistemas psicológicos (Behaviorismo, Gestalt, Psicanálise, Psicologia Cognitiva, entre outros) e em teorias psicossociais específicas. Cada um dos sistemas psicológicos oferece contribuições importantes ao estudo da Psicologia Social. Vejam o quadro abaixo:
Sistemas Psicológicos e suas Contribuições
Behaviorismo
Estudos sobre o condicionamento, extinção e generalização do comportamento. Para o Behaviorismo, o comportamento é eminentemente condicionado pelo meio. Além disso, a vertente do Behaviorismo Cognitivista contribui muito com os estudos acerca da cognição (pensamento, linguagem, etc.).
Gestalt
Estudos sobre a percepção.
Psicanálise
Estudos sobre a influência das relações familiares na constituição do sujeito, ex: função materna e função paterna.
Cognitivismo
Estudos sobre pensamento, linguagem, cognição, percepção, etc.
As teorias psicossociais específicas são baseadas nos estudos de Kurt Lewin e seus discípulos (Teoria de Campo / Dinâmica de Grupo) e em teorias cognitivas como, por exemplo, os estudos de Leon Festinger (Teoria da Dissonância Cognitiva).
Mas, para prosseguirmos, precisamos definir alguns conceitos básicos que aparecem com frequência no estudo da Psicologia Social. Vejamos:
Conceitos Básicos em Psicologia Social
Percepção e Seletividade Perceptiva
Podemos considerar os nossos sentidos as nossas janelas para o mundo, pois é através deles que percebemos o mundo à nossa volta. A percepção é o processo de organização e interpretação dos dados sensoriais recebidos para o desenvolvimento da consciência do meio ao nosso redor. As diferentes espécies que ocupam o mesmo ambiente podem viver em realidades totalmente diferentes, elas diferem na sua percepção, cada uma percebe o mundo de uma maneira, por exemplo: A águia tem a capacidade de ver a distância muito maior que o homem, ela percebe muito mais estímulos visuais que nós não percebemos. Já o caramujo tem baixa capacidade visual para distinguir detalhes, diferente de um peixe que conviva no mesmo aquário e que consegue ver até os dedos de alguém que toque no aquário.
Além disso, não podemos interpretar a gama de estímulos que atingem nossos órgãos sensoriais simultaneamente a todo instante, assim nós só percebemos um subconjunto desses estímulos. A essa concentração em alguns estímulos dá-se o nome de Seletividade Perceptiva, que é a capacidade do sujeito selecionar um subconjunto de estímulos a cada instante. Ou seja, é a capacidade seletiva do indivíduo frente a uma gama de estímulos.
Olhe a figura abaixo e experimente! Essa imagem tem ambiguidade perceptiva, ou seja, numa única imagem existem duas possibilidades de figuras. Você verá que a nossa percepção funciona selecionando os estímulos que formarão a figura central, a outra imagem se torna fundo, posteriormente, o fundo vira figura e vice-versa. Porém, a seletividade perceptiva ocorre também nas relações sociais quando percebemos, por exemplo, muito mais as características negativas das pessoas que não gostamos e vice-versa. Por que será?
O ato de perceber ocorre quando nos tornamos conscientes dos estímulos captados através dos órgãos sensoriais (sensações), assim o ato de perceber não transcorre automaticamente como um processo estritamente físico e linear (dos sentidos à consciência), aspectos subjetivos do sujeito interferem na produção das percepções. Esses aspectos subjetivos que interferem na percepção que temos sobre a realidade e sobre o outro é chamado na Psicologia Social de Percepção de Pessoa.
Desse modo, a percepção de pessoa carrega estereótipos, valores, motivos, características da personalidade, emoções, etc. E é pela presença da subjetividade na percepção de pessoa que ela tem o caráter seletivo.
RESUMINDO
A percepção é tão inerente à nossa vida e, estamos de tal forma acostumados a ela que não nos damos conta das inúmeras associações que fazemos no ato de perceber. A percepção entre as pessoas acontece de forma variada. Cada indivíduo possui singularidades que irão influenciar sua percepção diante dos objetos e acontecimentos da vida. É possível definir o que é percepção e suas características básicas, mas é importante ter claro os aspectos culturais e motivacionais que irão acentuar ou não a forma de perceber.
Outro aspecto importante e que deve ser considerado é o fator cultural. Cada cultura tem seu conjunto de signos e símbolos que afetam diretamente a percepção da população que a ela pertence. Por exemplo, os esquimós que conseguem distinguir uma variedade de tons da cor branca, que pessoas pertencentes a outras culturas não perceberiam. É importante estar atento para essas subjetividades culturais, pois, mesmo quando parecem simples, podem ter significados expressivos. O desrespeito a essas diferenças pode significar o primeiro passo para um processo de agressão e consequente aculturação tão presentes na história humana.
Devemos considerar que as aptidões perceptivas variam não apenas entre os indivíduos e as diferentes culturas, mas também entre as espécies. Cada espécie sofreu evolução e adaptação de seus órgãos sensoriais a serviço de suas necessidades. Se o homem, em muitos aspectos, encontra-se no topo da escala evolutiva, em outros, está muito aquém de “espécies inferiores”. Entre os inúmeros exemplos temos a capacidade dos morcegos de ouvir sons de alta frequência e o faro aguçado dos cães que superam em muito a audição e o olfato humanos.
RESUMINDO
A percepção é tão inerente à nossa vida e, estamos de tal forma acostumados a ela que não nos damos conta das inúmeras associações que fazemos no ato de perceber. A percepção entre as pessoas acontece de forma variada. Cada indivíduo possui singularidades que irão influenciar sua percepção diante dos objetos e acontecimentos da vida. É possível definir o que é percepção e suas características básicas, mas é importante ter claro os aspectos culturais e motivacionais que irão acentuar ou não a forma de perceber.
Outro aspecto importante e que deve ser considerado é o fator cultural. Cada cultura tem seu conjunto de signos e símbolos que afetam diretamente a percepção da população que a ela pertence. Por exemplo, os esquimós que conseguem distinguir uma variedade de tons da cor branca, que pessoas pertencentes a outras culturas não perceberiam. É importante estar atento para essas subjetividades culturais, pois, mesmo quando parecem simples, podem ter significados expressivos. O desrespeito a essas diferenças pode significar o primeiro passo para um processo de agressão e consequente aculturação tão presentes na história humana.
Devemos considerar que as aptidões perceptivas variam não apenas entre os indivíduos e as diferentes culturas, mas também entre as espécies. Cada espécie sofreu evolução e adaptação de seus órgãos sensoriais a serviço de suas necessidades. Se o homem, em muitos aspectos, encontra-se no topo da escala evolutiva, em outros, está muito aquém de “espécies inferiores”. Entre os inúmeros exemplos temos a capacidade dos morcegos de ouvir sons de alta frequência e o faro aguçado dos cães que superam em muito a audição e o olfato humanos.
Autoconceito
Saiba Mais Autoconceito – Quem sou eu? http://www.geocities.com/vinivasc/psicologia/percepsoci.htm
Autoconceito é a imagem que o indivíduo faz de si mesmo. A construção do autoconceito ocorre através do processo de percepção de si mesmo e do outro, e na comparação de si mesmo com os outros. Desse modo, essa temática vem se tornando, cada vez mais relevante para a Psicologia Social, uma vez que a interação social influencia muito na formação do autoconceito. Desde criança somos avaliados pelos outros, é nas relações interpessoais que podemos aprofundar o conhecimento sobre o outro e sobre nós mesmos, as pessoas nos ajudam a percebermos nossas qualidades e limitações.
Cognição Social
A Cognição Social é o estudo de como o sujeito constrói o pensamento a partir da sua interação com o meio social. Como vimos anteriormente, o homem está em constante interação social, o intercâmbio com pessoas e estímulos sociais é incessante e é através desse contato que formamos nosso autoconceito e também construímos ideias e julgamentos a respeito do mundo. A cognição social se refere a esse processo de influência social na construção do pensamento, julgamento, etc. do indivíduo.
Teorias Psicossociais Específicas
Mas..., dando continuidade aos pressupostos teóricos da Psicologia Social, o que seria essa teoria tão falada, a Teoria de Campo?
Teoria de Campo
A Teoria de Campo foi desenvolvida por Kurt Lewin. Em 1939 ele escreveu um trabalho pontuando que a Psicologia já começava a perceber que os fatos sociais são igualmente ou até mais importantes para a Psicologia do que os fatos fisiológicos. K. Lewin sinaliza que desde o primeiro dia de vida o indivíduo depende do meio social, pois se for afastado deste meio ele não sobrevive. O mundo psicológico e subjetivo do indivíduo também é influenciado desde o início pelas relações sociais.
Assim, a Teoria de Campo critica as teorias que só analisam um ponto isolado dentro de uma situação, a teoria de campo afirma que deve-se considerar a situação como um TODO, ou seja, tudo que compõe as atmosferas psicológicas, ou os campos psicológicos. Uma criança sente pequenas mudanças na atmosfera social que está inserida. Assim, a teoria de K. Lewin aponta para a influência que o TODO possui no comportamento do indivíduo.
Estamos acostumados a pensar através de uma lógica linear de causa e efeito. Observe: CAUSA Þ EFEITO. Não podemos reduzir toda complexidade de variáveis que influem no comportamento humano ao pensamento linear de causa – efeito. De acordo com a teoria de campo há uma complexidade de fatores no campo psicológico do sujeito que precisam ser levados em conta através de uma análise mais Holística e sistêmica que consideram o passado, o presente e o futuro do sujeito e não apenas o acontecimento do presente de forma linear e simplista.
Lewin trouxe a ideia de que existe um “campo” com diversas forças que atuam e confluem. Logo, a TEORIA DE CAMPO de Kurt Lewin, sinaliza a relevância de considerarmos o Todo existente, campo que envolve o comportamento do indivíduo, incluindo suas características subjetivas (sentimentos, necessidades e particularidades pessoais) e o meio ambiental, físico, onde ele vive. Partindo da premissa de que o indivíduo existe em um campo (sistema dinâmico inter-relacionado, onde cada parte influencia as demais).
São Teorias cognitivas psicossociológicas:
Teoria da Dissonância Cognitiva
Nós estamos sempre procurando um estado de harmonia, não é verdade? Festinger em 1957 formulou a sua teoria baseado na premissa de que um indivíduo se esforça para manter um estado de coerência, de consistência com ele mesmo, considerando que os seres humanos não toleram a inconsistência e, quando isso não ocorre, por exemplo, quando um indivíduo acredita numa coisa e, no entanto, age contrariamente a essa crença, ele é motivado a reduzir esse sentimento conflitante. Quanto mais a pessoa sente a dissonância, maior será a pressão interna para reduzi-la.
Dessa forma, quando agimos de forma contrária ao que pensamos ser o melhor a fazer, entramos no estado de dissonância cognitiva, que é um estado bastante desagradável e desconfortável. Quando vivenciamos relações contraditórias entre crenças importantes não ficamos confortáveis, como exemplo pode dizer que ao saber que a casa 1 é melhor que a casa 2 e mesmo assim comprar a casa 2 é uma decisão dissonante, ou seja, que não está de acordo com a cognição do sujeito, o termo dissonante pode ser caracterizado como sinônimo de contraditório. Esse é um exemplo de dissonância cognitiva que ocorre quando agimos de forma dissonante com a nossa cognição, pois no exemplo acima, se o indivíduo comprasse a casa 1 ele não teria a dita dissonância cognitiva.
A teoria de Leon Festinger (1957) refere-se, portanto, às discrepâncias entre pensamentos e atitudes. Define-se então a dissonância cognitiva como sendo a tensão que sentimos quando dois pensamentos ou convicções (elementos cognitivos) simultaneamente relevantes são incoerentes em termos psicológicos. Essa teoria de Festinger, embora seja simples, ganhou uma grande amplitude na Psicologia Social, na medida em que ela propõe fundamentos para os estudos sobre mudança de atitudes. Segundo a Teoria da Dissonância Cognitiva, nossas atitudes mudam, pois somos motivados a manter a coerência entre nossas cognições.
Teoria da Atribuição da Causalidade
Essa teoria vem sendo muito estudada pelos Psicólogos Sociais, uma vez que somos seres sempre em busca das causas dos fenômenos sociais, estamos sempre tentando atribuir as causas das coisas. Na sua opinião, por que temos necessidade de estabelecer causas aos fenômenos que vivemos? Bem, isso está relacionado à nossa necessidade de nos sentirmos seguros, pois na medida em que conseguimos estabelecer causas, relativamente podemos prever os acontecimentos e assim, o mundo ficará mais estável e seguro.
A teoria da atribuição da causalidade de Fritz Heider (1958) indica que as ações podem ser causadas por dois tipos de causalidade: a causalidade pessoal e a causalidade impessoal. Se acharmos que a causa de um determinado acontecimento é derivada principalmente de forças pessoais, estamos fazendo atribuição de causalidade pessoal, mas se acharmos que a causa está muito mais vinculada às forças externas, cujo sujeito não tem controle sobre elas, que depende das circunstâncias ambientais, estamos fazendo uma atribuição de causalidade impessoal.
Teoria da Autopercepção
Essa teoria foi proposta por Daryl Bem (1972) e é uma concepção psicossociológica de base behaviorista muito influente. De acordo com essa teoria, para conhecermos e aprendermos a nomear os sentimentos e emoções, por exemplo, precisamos pelo menos parcialmente dos outros, pois são as pessoas que nos ensinam desde pequenos que o choro é fome, dor, sono, etc.
O processo de autopercepção interliga alguns processos cognitivos como: a formação de crenças, a partir de experiências pessoais; a obtenção de crenças, que são transmitidas pelas pessoas; a percepção de pessoa e a categorização, que é o processo de atribuir conceitos e denominações a objetos, fatos, situações, etc.
Teoria da Equidade
Desenvolvida por Homes (1961), esta teoria tem o fundamento baseado na ideia de que nos relacionamos para equilibrar a equação de ganhos e perdas, ou seja, existem assimetrias nas interações, nas quais os sujeitos podem ter ganhos ou perdas, frustrações. Dos dois resultados; ganho ou perda, derivam-se reações emocionais (culpa, descontentamento, alegria, etc.). Dessa forma, a teoria da equidade afirma que após essas reações emocionais os sujeitos estabelecem condutas para restabelecer o equilíbrio da interação. Essa teoria oferece subsídios para profundas análises da amizade, da exploração, condutas justas, entre outros temas.