Apoio Psicopedagógico na Educação Especial: Deficiência Intelectual e Síndrome de Down

Classificado em Psicologia e Sociologia

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Base de Notas de Apoio Psicopedagógico da Educação Especial

Item 7: Deficiência Intelectual

Introdução

A terminologia evoluiu significativamente. Palavras como 'idiota', 'imbecil', 'oligofrénico', 'retardado' foram historicamente usadas para descrever o que hoje chamamos de deficiência intelectual.

Perspectivas de Estudo

  • Psicométricas: Foco no Quociente de Inteligência (QI).
  • Outras Perspectivas: Evolutiva, Cognitiva, Funcional.

Cinco Princípios-Chave da Pedagogia Válida

Estes princípios baseiam-se em fornecer suporte para:

  • Sentir-se querido, amado e seguro.
  • Sentir-se livre.
  • Desenvolver um trabalho digno.
  • Desfrutar de momentos de lazer.
  • Sentir-se responsável.

Conceito de Inteligência

  • É complexa, não simples.
  • É mutável, não fixa.
  • Está integrada à personalidade, não age de forma independente.
  • Inteligências Múltiplas: Incluem inteligências interpessoais (relações com outros, trabalho em equipe) e intrapessoais (autoestima, autoconhecimento).

Definição da AAMR (Associação Americana de Retardo Mental)

Caracteriza-se por um funcionamento intelectual abaixo da média, com limitações associadas em duas ou mais das seguintes áreas de habilidades adaptativas: comunicação, vida doméstica, cuidados pessoais, habilidades sociais, utilização da comunidade, autogoverno, saúde e segurança. O retardo mental manifesta-se antes dos 18 anos.

Comportamento Adaptativo

  • Saúde e Segurança: Lidar com doenças, autocuidado, etc.
  • Habilidades Acadêmicas: Alfabetização, matemática, etc.
  • Lazer: Recreação e observação são importantes.
  • Trabalho: Competências específicas para o emprego.

Fatores Predisponentes

  • Herança (5%): Erros de metabolismo, genética.
  • Alterações precoces do desenvolvimento embrionário (30%).
  • Problemas na gravidez e perinatais (10%): Parto prematuro, hipóxia, trauma, etc.
  • Condições médicas adquiridas durante a infância (5%): Infecções, etc.

Características da Deficiência Intelectual

  • Idade: Manifesta-se antes dos 18 anos.
  • Duração: Pode variar ao longo da vida; o diagnóstico é mantido se houver necessidade de suporte em pelo menos nove habilidades adaptativas.
  • Prevalência: Aproximadamente 1% da população (varia conforme os testes de diagnóstico).
  • Heterogeneidade: Cada aluno é único, apesar de compartilhar características comuns.
  • A deficiência intelectual é caracterizada por um atraso geral no desenvolvimento e aprendizagem que limita o desempenho em todas as áreas da vida. É crucial trabalhar todas as áreas da criança de forma holística.

Desenvolvimento Cognitivo

  • Ausência ou dificuldade de pensamento abstrato.
  • Rigidez cognitiva: Dificuldade em mudar de tarefas ou estratégias quando o comportamento aprendido falha.
  • Problemas de atenção e memória.
  • Desenvolvimento não completo.
  • Fadiga precoce.
  • Ritmo mais lento.

Desempenho da Memória

A memória de curto prazo (MCP) e a de longo prazo (LTM) são afetadas. A MCP (primária) é imediata, enquanto a LTM armazena memórias mais antigas. O processo envolve um input (estímulo) que capta a atenção, e a memória primária transfere para a secundária (intermediária, dentro da MCP) e, finalmente, para a superior (LTM).

Crianças com deficiência intelectual podem ter dificuldade em recordar informações específicas, como a segunda de uma série de números. Não utilizam estratégias de revisão eficazes, o que prejudica a consolidação na memória secundária.

  • Informação: Dados ou estímulos.
  • Atenção: Défice.
  • Memória a Curto Prazo (STM): Primária. Défice nas estratégias de revisão (metacognição).
  • Memória de Médio Prazo (MMP): Secundária.
  • Memória de Longo Prazo (LTM): Terciária.

Desenvolvimento Motor

  • Reflexos mais fracos.
  • Passividade em relação ao ambiente.
  • Alterações motoras.
  • Dificuldade no controle da motricidade fina e grossa.

Desenvolvimento da Linguagem

  • Grandes variações.
  • Dependência do desenvolvimento motor.
  • Aquisição lenta.
  • Problemas na autorregulação.
  • Ausência de discurso interior.

Aspectos Pessoais e Socioemocionais

  • Experiência de fracasso: Devido ao ritmo mais lento, a adaptação pessoal é crucial.
  • Falta de motivação: Necessidade de incentivo, amor e materiais específicos.
  • Desamparo aprendido: Relacionado à depressão.

Exemplo de Seligman: Um experimento com ratos demonstrou como a falta de controle sobre situações pode levar ao desamparo aprendido. É vital evitar que os alunos cheguem a esse ponto, compreendendo suas dificuldades e evitando comparações.

  • Impulsividade.
  • Desenvolvimento limitado da personalidade.
  • Dificuldade em estruturar a experiência e o reconhecimento como sujeito.
  • Alto risco em geral.

Níveis de Colocação Institucional

  • Nível I: Sala de Aula Regular - Primeira fonte de instrução, promovendo inclusão e integração.
  • Nível II: Aula Especial - Integração parcial em salas regulares, com ensino especial como base.
  • Nível III: Escola de Educação Especial - Alternativa menos restritiva que centros residenciais.
  • Nível IV: Serviços Residenciais - Cuidados institucionais 24 horas, onde a instrução acadêmica é parte de um programa mais amplo.

Programa Mercury

Instalação de câmeras em sala de aula para gravar aulas, permitindo que alunos ausentes acompanhem o conteúdo e façam perguntas online. Projeto pioneiro do Ministério da Educação de Extremadura.

Níveis de Apoio

Avaliação em quatro dimensões para fornecer assistência integral:

  • Dimensão I: Funcionamento intelectual e habilidades adaptativas.
  • Dimensão II: Considerações psicológicas/emocionais.
  • Dimensão III: Análise física/saúde/etiologia.
  • Dimensão IV: Considerações ambientais.

Intervenções Educativas

Princípios Orientadores:

  • Analisar o ambiente.
  • Utilizar o suporte.

Intensidade do Apoio

  • Intermitente: Quando necessário, em momentos específicos (ex: procura de emprego).
  • Limitado: Por um período determinado (ex: transição escola-trabalho).
  • Amplo: Apoio a longo prazo, contínuo (regular, semanal, diário).
  • Generalizado: Apoio vitalício, com maior intensidade e intrusividade.

O apoio deve ser adequado; excesso pode gerar dependência.

Intervenção Educacional - Prioridade Temporal

  1. Comportamento perigoso.
  2. Comportamento que impede a aprendizagem.
  3. Aprendizagem básica (contato visual, seguir instruções, imitar).
  4. Objetos que permitem manipulação e trabalho em equipe.
  5. Outras aprendizagens.

Procedimentos e Metodologia de Ensino-Aprendizagem

  • Modificação de Comportamento:
    • Princípio de Premack: Usar uma atividade preferida como recompensa para uma menos preferida.
    • Reforço: Combinação de comportamentos para aumentar a frequência do desejado.
    • Análise de Tarefas: Dividir tarefas em etapas menores, garantindo sucesso para evitar frustração. Ritmo lento é essencial.
    • Materiais Significativos: Utilizar desenhos, jogos, etc., que sejam relevantes para o aluno.
    • Reforço Positivo (RP): Recompensa por bom comportamento.
    • Reforço Negativo (RN): Remoção de algo desagradável após bom comportamento.
    • Punição: Adição de algo desagradável ou remoção de algo positivo após mau comportamento.
    • Extinção: Não reforçar um comportamento para que ele desapareça. Atenção: distinguir de um pedido de atenção que pode aumentar inicialmente.
  • Economia de Símbolos: Transição gradual de reforços extrínsecos para intrínsecos. O objetivo final é a satisfação pessoal.
  • Time Out: Afastamento temporário do contexto para reflexão (máximo 5 minutos).

Procedimentos e Metodologia de Ensino-Aprendizagem (Continuação)

  • Mecanismos de Instrução: Internalização da atividade pelo aluno.
  • Ensino Recíproco.
  • Aprendizagem Cooperativa.
  • Inclusão em atividades recreativas, sociais e educativas com pares sem deficiência.
  • Tutoria entre pares.
ProcessoDescrição
Aproximações SucessivasReforçar comportamentos cada vez mais semelhantes ao desejado.
ModelagemEnsinar por imitação, observando um modelo significativo.
Reforço de Comportamento IncompatívelReforçar comportamentos que não podem ocorrer simultaneamente com o indesejado.
Reforço de Comportamento AlternativoReforçar comportamentos que não são problemáticos.
Controle de EstímuloReforçar o comportamento na presença de estímulos discriminativos e extingui-lo na ausência.
Controle InstrutivoReforçar o comportamento após um pedido ou instrução.
  • Programas de Comportamento Alternativo (PCA): Para adolescentes e adultos (Verdugo, 1997) - Habilidades Sociais, Orientação para o Trabalho, Habilidades da Vida Diária.

ITEM 8: Síndrome de Down

Histórico

Langdon Down (1887) descreveu a síndrome e suas características físicas. O termo 'mongolismo' foi substituído por 'Síndrome de Down' devido ao seu caráter discriminatório. A partir dos anos 1930, a causa cromossômica foi investigada, sendo definitivamente identificada por Dr. Lejeune (1959) como trissomia do cromossomo 21 (47 cromossomos).

Definição

A Síndrome de Down é uma aberração cromossômica ligada ao par 21, com três tipos de variações:

  • Trissomia: Todas as células têm 47 cromossomos (95% dos casos, esporádica).
  • Translocação: O cromossomo 21 se liga a outro cromossomo, frequentemente o 14 (2-3% dos casos).
  • Mosaicismo: Presença de diferentes tipos de células cromossômicas no corpo (devido à não-disjunção no zigoto).

A superexpressão de genes no cromossomo 21 causa desequilíbrio na produção de substâncias biológicas essenciais, afetando o desenvolvimento do sistema nervoso central e resultando em deficiência intelectual.

Etiologia

  • Incidência: 1,5 por 1000 nascidos vivos.
  • Fatores de Risco: Idade materna acima de 35 anos (risco de 1/40 após 40 anos), pais com mais de 50 anos, histórico familiar de anomalia cromossômica.

Fenótipo (Características Físicas Comuns)

  • Cabeça: Pequena (microcefalia), fontanelas de cicatrização lenta, alopecia parcial ou total.
  • Face: Ossos faciais pouco desenvolvidos, nariz achatado, narinas estreitas, ponte nasal achatada.
  • Olhos: Oblíquos, fendas palpebrais estreitas, manchas brancas (Brushfield) na íris.
  • Orelhas: Pequenas, espiral inclinada, canais auditivos estreitos.
  • Boca: Estreita, lábios rachados, boca pequena. Língua grande que pode protruir. Dentes com erupção tardia, ausentes ou malformados; sobreposição devido à mandíbula pequena.
  • Pescoço: Mais largo e forte que o normal.
  • Peito: Esterno deprimido em alguns casos.
  • Mãos e Pés: Pequenos e grossos, dedos curtos. Uma única prega palmar.

As características físicas podem impactar a autoestima e ter consequências psicológicas. A miopia (50%), hipermetropia (20%) e deficiências auditivas (60-80%) são comuns.

Funções Cerebrais e Transtornos Psiquiátricos

  • Transtornos Psiquiátricos: Mais comuns na idade adulta (depressão, problemas comportamentais).
  • Função Cerebral: O cromossomo extra desequilibra a síntese proteica, afetando o sistema nervoso central.

Processos Cognitivos

  • Transmissão Sináptica e Comunicação Interneuronal: Respostas lentas, necessidade de informação estruturada, retenção de informação mais fraca.
  • QI: Diminui com a idade cronológica. Aumento do uso de estratégias de prevenção, uso ineficiente de habilidades de resolução, falta de consolidação de habilidades, relutância em tomar iniciativa.
  • Foco e Atenção: Facilmente distraídos, pouca diferenciação entre estímulos novos e antigos, dificuldade em manter a atenção, menor capacidade de auto-inibição, menor esforço em tarefas.
  • Memória a Curto Prazo e Processamento da Informação: Dificuldade em processar informações sensoriais e organizar respostas.
  • Memória a Longo Prazo: Capacidade diminuída de controle e recuperação; redução dos tipos de memória declarativa.
  • Correlação e Análise: Dificuldade em integrar e interpretar informações, organizar sequências, conceituar, programar internamente, realizar operações cognitivas sequenciais, desenvolver pensamento abstrato e operações numéricas.

Recursos Psicolinguísticos

  • Linguagem formal pode ser limitada, mas eficaz para demandas sociais básicas.
  • Pré-linguístico: Respostas lentas a estímulos verbais. Primeiras frases por volta dos 4 anos.
  • Inteligibilidade: Um dos maiores problemas, afetando relações sociais e autoestima. Possibilidade de gagueira.
  • Problemas de articulação e fonologia, vocabulário limitado, distúrbios na gramática e sintaxe.

Temperamento

Entre 0-3 anos, o temperamento pode ser mais difícil, melhorando entre 3-6 anos (ativos, dispostos a brincar, boa interação social). Geralmente, tendem a ter falta de controle, mas são adaptáveis e persistentes.

Declaração de Ensino

  • Crianças com Síndrome de Down (SD) perdem interesse facilmente, desmotivam-se e podem manifestar desamparo aprendido.
  • Podem apresentar ansiedade devido a ambientes competitivos.
  • Intervenção Precoce: Essencial desde os primeiros meses de vida.
  • Programas de Alfabetização: Benefícios cognitivos da ligação entre leitura, escrita e SD. Estratégias visuais ajudam a superar problemas de processamento auditivo e memória de curto prazo. A leitura oral estimula a coordenação, expressão e memória.

Área de Alfabetização

Habilidades que promovem autonomia pessoal:

  • Preencher formulários.
  • Ler e postar mensagens.
  • Ler notícias simples.
  • Escrever cartas.
  • Escolher um menu.

Área de Experiência (Cuidados Pessoais)

  • Enriquecer textos com imagens.
  • Utilizar vídeos, fotos, filmes para retenção visual.

Área de Cálculo

  • Dificuldade significativa (apoio externo pode ser necessário).
  • Poucos programas específicos.
  • Critérios básicos de funcionalidade.
  • Uso de jogos familiares (oca, ludo, cartas, dominó).
  • Sucesso com "economia simbólica" (pontos positivos/negativos para motivar).

Programa de Comunicação Aumentativa (CAI)

Para superar atrasos na linguagem, utilizam-se sinais e símbolos. Funções do CAI:

  1. Substituir a fala em crianças com expressão oral limitada.
  2. Apoiar a expressão oral clara.
  3. Reduzir a frustração e aumentar a motivação para comunicar.

Inovações

  • Tutoria de alunos por colegas.
  • Duas professoras em sala de aula.
  • Agrupamentos diversos (grandes, pequenos) para incentivar a socialização (Aprendizagem Cooperativa).
  • Incentivo ao apoio mútuo entre colegas.

Mais Inovações

  • Planeamento de atividades variadas com materiais e meios diferentes.
  • Limitar apresentações orais, complementando com atividades práticas e funcionais.
  • Ajustar a duração das sessões.
  • Verificar frequentemente a consolidação de competências adquiridas.
  • Adaptar explicações orais e tarefas aos limites de atenção.
  • Para dificuldades auditivas: usar comunicação visual, gestos, sinais, orientação física, escrever palavras-chave.
  • Aprender por modelagem é proeminente; usar o colega como referência.
  • Família: Reuniões regulares, "Livro Viajante" para comunicação escola-família.

ITEM 9: Percepção e Conhecimento de Crianças Cegas

Formação de Professores

Desafios incluem tempo, dinheiro e a articulação entre instituições.

Conceitos de Cegueira

  • Acuidade Visual: Capacidade de discriminar detalhes a distância.
  • Campo de Visão: Percepção do espaço visível com o olho fixo.
  • Cegueira Legal (OMS): Acuidade visual igual ou inferior a 1/10 (escala Wecker) ou campo visual inferior a 35º.
  • Cegueira Real: Ausência total de visão.

Níveis de Deficiência Visual (Barraga, 1992)

  • Cegueira: Ausência de visão ou apenas percepção de luz; incapacidade de realizar tarefas visuais.
  • Deficiência Visual Profunda: Dificuldade em tarefas visuais grosseiras; incapacidade para tarefas que exigem visão detalhada.
  • Deficiência Visual Grave: Realiza tarefas visuais com imprecisões, necessitando de ajustes de tempo e modificações.
  • Deficiência Visual Moderada: Realiza tarefas visuais com aparelhos especiais e iluminação adequada.

Prevalência

  • A cegueira infantil é um problema mundial.
  • Mais de 12 milhões de crianças (5-15 anos) sofrem de deficiência visual não corrigida (erros de refração).
  • Mulheres apresentam maior risco.
  • 85% das pessoas com deficiência visual vivem em países em desenvolvimento.

Causas Principais de Cegueira

  • Catarata.
  • Erros de Refração (miopia, astigmatismo).
  • Glaucoma.
  • Degeneração Macular Relacionada à Idade.
  • Retinopatia da Prematuridade.
  • Falta de Vitamina A.

Três quartos dos casos são preveníveis ou tratáveis.

Detecção

  • Olhos do Aluno: Estrabismo, olhos/pálpebras vermelhos, pálpebras caídas, movimentos oculares constantes, estrabismo frequente.
  • Queixas Associadas: Dores de cabeça, náuseas, tontura, ardor nos olhos, visão turva.

Grandes Obstáculos no Desenvolvimento Cognitivo

  • Aquisição do conceito de permanência do objeto.
  • Compreensão de processos causais.
  • Compreensão de estruturas espaço-temporais.
  • Contraste entre eventos e a própria realidade.
  • Controle do ambiente.
  • Processos de simbolização (imitação, jogo simbólico).
  • Compreensão de diferentes aspectos da realidade.

Linguagem e Comunicação

  • A complexidade morfossintática não é atrasada em crianças cegas.
  • Falam as mesmas coisas que crianças com visão.
  • Usam mais perguntas, que podem não ter propósito aparente, mas não indicam desvio de desenvolvimento.

Desenvolvimento Motor e Comportamento Adaptativo

É essencial alinhar estímulos externos ao campo perceptivo da criança cega, utilizando os sentidos tátil e cinestésico. Pode haver comprometimento da coordenação bimanual e movimentos estereotipados (autoestimulação, tédio).

Processo de Escolaridade

  • Avaliação individualizada.
  • Atribuição a grupos e educadores adequados.
  • Preparação do ambiente e materiais antes da entrada na sala de aula.
  • Incorporação gradual.

Objetivos: inclusão, aprendizagem, objetivos adequados ao nível de desenvolvimento, metodologia que desperte o desejo de aprender, acesso à informação, materiais para experiência direta, requisitos de desempenho adequados, percepção de sucessos.

Dificuldades na Escola

  • Da Criança: Estresse, ansiedade de separação, lentidão na aprendizagem, dificuldades de imitação e relações igualitárias.
  • Do Educador: Superproteção, falta de experiência, expectativas inadequadas (subavaliação/supervalorização).
  • Dos Colegas: Atitudes imitadoras; curiosidade deve ser respondida com clareza.

Integração: Inclusão de alunos com necessidades educativas especiais na sala de aula regular.

Inclusão: Integração com garantia de educação de qualidade.

Currículo e Ajustes de Material

  • Psicomotricidade: Superar medos, obter prazer no movimento, controle do tônus muscular, estabilidade postural, equilíbrio, liberação do impulso agressivo, orientação espacial.
  • Motricidade Fina: Substituir coordenação olho-mão/bimanual; usar pinça tripla; associar cores; trabalhar perspectiva tridimensional; usar o cego como modelo para movimentos.
  • Comunicação, Linguagem e Socialização: Pedir ajuda, iniciar comunicação em grupo, revezar, esperar, engajar-se em atividades com outros, aprender Braille.
  • Hábitos de Trabalho: Participar na organização e recolha de materiais, suportar frustração e inveja.

Considerações Metodológicas

  1. Organizacional e Espacial: Organização estável de elementos; escola espaçosa com recursos técnicos e ergonômicos; localização acessível na sala de aula.
  2. Atitudes de Professores e Colegas: Formação; evitar explorar rostos; apresentar-se ao sair da sala; descrever conteúdo visual; chamar pelo nome; trabalho em grupo.
  3. Recursos Materiais e Técnicos: Substituição de materiais (quadro magnético); materiais para aquisição de conceitos; recursos para baixa visão (púlpito, flexo); código Braille.

Avaliação

  • Questionários (motivação, estratégias de estudo).
  • Observação sistemática.

ITEM 10: Comunicação, Linguagem e Pensamento em Crianças Surdas

Definição de Surdez

O ouvido é um órgão sensorial para audição e equilíbrio. Surdo é quem, com ou sem ajuda de aparelhos auditivos, não consegue compreender a fala exclusivamente pela audição.

Definição de Perda Auditiva

Pessoas cuja audição residual dificulta, mas não impossibilita, a compreensão da fala exclusivamente pela audição, com ou sem aparelhos auditivos, e que possuem formação de base no discurso interior.

Audição (Exemplos em Decibéis)

  • Limiar de dor: 130 db.
  • Trovão: 120 db.
  • Berbequim/Caminhão Pesado: 90 db.
  • Conversa Normal: 60 db.
  • Sussurro: 20 db.

Tipos de Perda Auditiva

  • Por Área: Condutiva (ouvido externo/médio), Sensorioneural (ouvido interno/sistema nervoso), Mista.
  • Por Tempo de Aparecimento (Relação à Linguagem): Pré-lingual (antes da linguagem), Pós-lingual (após a linguagem).
  • Por Tempo de Aparecimento: Congênita, Adquirida.
  • Por Grau de Envolvimento:
    • Normal: abaixo de 20 db.
    • Leve: 20-40 db (dificuldade em discriminar fonemas, sons fracos/distantes, conversas em ambientes ruidosos).
    • Moderada: 40-70 db (dificuldade com palavras em conversação normal).
    • Grave: 70-90 db (dificuldade com palavras fracas/deformadas; requer amplificação e treino).
    • Profunda: mais de 90 db (apenas sons fortes e vibrações; acesso à fala amplificada).
    • Cofose: mais de 120 db (surdez total).

Indicadores de Perda Auditiva Pré-lingual

Geralmente congênita ou adquirida antes dos 3-5 anos, sendo mais grave.

  • 0-3 meses: Não se assusta com ruídos, não se acalma com a voz da mãe.
  • 3-6 meses: Não reage ao chocalho, não se orienta pela voz da mãe.
  • 6-9 meses: Não emite sílabas, não responde ao nome, não responde a "adeus" com a mão, não brinca com rimas.
  • 9-12 meses: Não responde a "dá" quando solicitado.
  • 12-18 meses: Não nomeia objetos familiares, não diz "papai" ou "mamãe" com significado.
  • 18-24 meses: Não sabe o nome, não presta atenção a histórias, não identifica partes do corpo, não forma frases de duas palavras.

A identificação precoce (antes dos 2,5 anos) garante melhor desenvolvimento da literacia e tarefas cognitivas. 90% das crianças surdas têm pais ouvintes.

Indicadores de Perda Auditiva Pós-lingual

Ocorre após o desenvolvimento de habilidades básicas de comunicação pela audição (após 5 anos).

  • Respostas inconsistentes.
  • Perde-se em leituras de grupo.
  • Voz não modulada.
  • Nem sempre compreende.
  • Problemas na fala (omissões, distorções, substituições).
  • Facilmente distraído.
  • Orelhas doem, coçam.

Identificação de Dificuldades Auditivas (Espécie)

  • O aluno se assusta com pessoas/objetos em seu campo visual?
  • Articula mal sons, omite consoantes, tem problemas de pronúncia?
  • Apresenta atraso de linguagem apreciável?
  • Parece ter problemas com a audição (dor, reclamações, ruídos)?
  • Parece não ouvir o que é dito?
  • Senta-se na frente da sala?
  • Inclina a cabeça, coloca a mão na orelha, gira a cabeça para ouvir melhor?
  • Distrai-se, desatento, isola-se?
  • Responde quando chamado pelo nome?
  • Reluta em falar, participar de atividades de comunicação?
  • Participa de atividades de lazer?
  • Apresenta atrasos motores significativos?
  • Fica para trás na alfabetização associada às questões acima?

Etiologia

  • Origem indeterminada (20-30%).
  • Anomalia genética (30-50%).
  • Durante a gravidez: infecção viral (rubéola), poliomielite, drogas, diabetes, privação de nutrientes.
  • Perinatal e neonatal (30%): hipóxia, meningite, prematuridade, infecções, traumas.
  • Pós-natal (3-10%): infecções (otite, meningite, sarampo), lesões (objetos, ruídos intensos, drogas).

Epidemiologia

Cerca de 1,3% dos alunos com deficiência têm dificuldade de ouvir. Distribuição em diferentes ambientes educacionais.

Desenvolvimento Motor

  • Semelhante a ouvintes da mesma idade.
  • Pode apresentar desajeitamento (superproteção paterna, problemas de equilíbrio).
  • Hipertonia muscular frequente.

Desenvolvimento Psicológico

Sequências de desenvolvimento comportamental e psicológico semelhantes a crianças ouvintes (QI e processos cognitivos adequados). No entanto:

  • Lentidão na organização e reconhecimento do ambiente.
  • Atrasos na leitura e escrita.
  • Vocabulário menor, uso de menos palavras e preposições.
  • Menos enunciados.
  • Imitação menos funcional.
  • Não percebem avisos sonoros que ajudam ouvintes.
  • Perdem informações do ambiente, sofrendo choques emocionais.
  • Em caso de surdez congênita, podem ocorrer dificuldades de comunicação com a mãe, problemas emocionais e de independência.

Desenvolvimento da Socialização

  • Dificuldades de linguagem e comunicação.
  • Deficiências mais marcantes após os 5 anos.
  • Interação com outros surdos pode ser mais gratificante, levando à exclusão de ouvintes.
  • Superproteção pode privar de interação comunicativa, limitando o repertório funcional e causando problemas de ajustamento social, baixa autoestima e dificuldade de autonomia.

Desempenho Acadêmico e Aprendizagem

  • Mau desempenho acadêmico geral.
  • Crianças surdas em 8º ano de escolaridade estão em níveis semelhantes a ouvintes da 3ª série.
  • Dificuldades em linguagem e escrita. Em matemática, a dificuldade surge apenas com metodologia de ensino verbal.

Métodos de Comunicação

Considerar a perda auditiva, déficits associados e uso de próteses. Leitura labial pode ser útil.

  • Sistemas de Comunicação Oral: Leitura labial, sistemas áudio-orais (com ou sem leitura labial).
  • Sistemas Manuais e Visuais: Comunicação Simultânea (voz e sinais), Cued Speech (sinais de ajuda para fonética), Língua de Sinais (visual-gestual), Alfabeto Manual.

Em casos de surdez profunda e pré-lingual, o sistema oral é geralmente descartado. Recomenda-se uma abordagem bilíngue (oral e gestual).

Intervenção Educativa

  • Integração: Escolas especiais vs. integração.
  • Inclusão: Começar com língua de sinais e aquisição de conhecimentos, progredindo para linguagem oral e escrita.

Estratégias para Promover a Comunicação em Sala de Aula

  • Posicionar o aluno perto do quadro, vídeo, professor.
  • Simplificar vocabulário, usar frases curtas e sintaticamente corretas.
  • Otimizar condições para leitura labial (articular corretamente, vocalizar claramente, falar devagar e perto do aluno).
  • Suporte pré e pós explicações do professor.
  • Fornecer conteúdo em recursos visuais impressos (índices, esquemas, resumos).
  • Usar recursos visuais e manipulativos.
  • Utilizar tecnologias disponíveis.
  • Colocar o aluno perto de um colega que possa ajudar.
  • Promover o uso de informação visual.
  • Utilizar conteúdo significativo (ex: Pocoyo).
  • Organizar grupos e alterar a estrutura física da sala.

Aspectos Gerais (Leitura Labial)

  • Falar devagar, sem exagerar.
  • Falar apenas quando olhado, chamando a atenção.
  • Posicionar o aluno de costas para fontes de luz, com luz sobre o falante.
  • Falar o mais próximo possível (até 2,5-3 metros).
  • Evitar objetos que obstruam a visão (mãos, papéis).
  • Barba e bigode podem dificultar a leitura labial.
  • Considerar fadiga e distrações.

Outras Considerações para Surdez Severa

  • Focar o tema da conversa.
  • Evitar jargões e palavras complexas.
  • Verificar negociações, incentivar participação em grupos.
  • Se não entender, repetir com outras palavras ou auxílios visuais.
  • Evitar que o surdo se sinta isolado; mantê-lo informado.
  • Se distraído, pode não estar a acompanhar.
  • Solicitar intérprete, se necessário.
  • Interagir com as famílias.

ITEM 11: Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD)

Estudos Históricos

  • 1943/1963: Causas psicogênicas, interpretação afetivista, culpa familiar, terapias dinâmicas e não educacionais.
  • 1963/1983: Causas neurobiológicas, foco cognitivo, tratamento educacional, modificação de comportamento, centros específicos.
  • Atualidade: Perspectiva evolutiva, TGD, educação fundamental no ciclo de vida, variedade de terapias complementares.

Com o mesmo diagnóstico, não há dois filhos iguais.

Definição de Autismo

Leo Kanner (1943) definiu a síndrome, diferenciando-a da esquizofrenia infantil. O autismo é um transtorno invasivo do desenvolvimento com déficits centrais em:

  • Socialização: Baixa qualidade de interações recíprocas.
  • Comunicação: Atraso na aquisição da linguagem.
  • Imaginação: Falta de jogo simbólico espontâneo.

Outros sintomas incluem ansiedade social, dificuldades de aprendizagem, deficiência mental e problemas de percepção.

Critérios Diagnósticos (DSM-IV)

A. Prejuízo qualitativo na interação social (2 ou mais):

  • Modificação de comportamentos não-verbais (contato ocular, expressão facial, postura).
  • Falta de desenvolvimento de relações adequadas com pares.
  • Falta de partilha espontânea de prazeres, interesses e objetivos.
  • Falta de reciprocidade emocional ou social.

B. Prejuízo qualitativo na comunicação (2 ou mais):

  • Atraso ou ausência total de linguagem falada (sem compensação).
  • Em indivíduos com fala adequada, diminuição da capacidade de iniciar/manter conversas.
  • Uso estereotipado e repetitivo da linguagem.
  • Falta de jogo realista, variado, espontâneo ou de imitação social apropriado.

C. Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades (1 ou mais):

  • Preocupação com padrões estereotipados de interesse anormais.
  • Adesão inflexível a rotinas ou rituais não funcionais.
  • Maneirismos motores estereotipados e repetitivos.
  • Preocupação persistente com partes de objetos.

D. Atrasos ou funcionamento anormal em pelo menos uma área (socialização, comunicação, jogo simbólico) que aparecem antes dos 3 anos de idade.

Características

  • Prevalência: 5 casos por 10.000 indivíduos.
  • Manifestações sutis na infância, mais difíceis de definir após 2 anos (20% de desenvolvimento normal relatado pelos pais).
  • Curso contínuo, com progresso evolutivo em algumas áreas na idade escolar e adolescência.
  • Um terço atinge independência parcial.
  • Adultos com autismo de alto funcionamento mantêm problemas de interação social, comunicação e interesses restritos.
  • Padrão Familiar: Risco aumentado (5%) entre irmãos.
  • Ausência de medo de perigos reais, medo excessivo de estímulos nocivos.
  • Comportamentos auto-agressivos (bater a cabeça, morder os dedos).
  • Depressão em adolescentes/adultos com capacidade intelectual suficiente, devido à consciência dos déficits.
  • Problemas Sensoriais: Surdez seletiva, sensibilidade à música melódica, preferência por estímulos táteis, olfativos e gustativos, hiper/hiporresponsividade à dor e frio. Visão e audição são relegadas.

Teoria da Mente

Refere-se à capacidade de compreender as intenções, crenças e desejos de outras pessoas. Crianças com autismo têm dificuldade em se colocar no lugar do outro, falhando em prever o que outra pessoa pensaria ou faria em determinada situação (exemplo das bonecas Luisa e Ana, ou do barco de Lacasitos).

Causas da Ausência da Teoria da Mente: Isolamento, comportamento ausente, olhar fixo, retraimento, falta de habilidades relacionais, falta de empatia, comportamento agressivo (auto e hetero).

Síndrome de Asperger

Outro transtorno invasivo do desenvolvimento, diferenciado do autismo pela ausência de atraso significativo na linguagem e no desenvolvimento cognitivo.

Critérios Diagnósticos (DSM-IV)

  • Critério A: Prejuízo qualitativo na interação social (semelhante ao autismo).
  • Critério B: Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades (semelhante ao autismo).
  • Critério C: Prejuízo clinicamente significativo em áreas sociais, profissionais e outras.
  • Critério D: Ausência de atraso geral clinicamente significativo na linguagem.
  • Critério E: Ausência de atraso clinicamente significativo no desenvolvimento cognitivo, habilidades de autoajuda, comportamento adaptativo (exceto interação social) e curiosidade no ambiente infantil.
  • Critério F: Não satisfaz critérios para outro transtorno invasivo do desenvolvimento ou esquizofrenia.

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