Qualidade de Vida em Pacientes Oncológicos: Revisão Integrativa

Classificado em Medicina e Ciências da Saúde

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O presente estudo teve como objetivos caracterizar a produção científica latinoamericana sobre Qualidade de Vida (QV) nos pacientes com câncer, identificar os aspectos relacionados à QV em pacientes oncológicos adultos, além de identificar quais os instrumentos utilizados para avaliar a QV em pacientes oncológicos.

Os tipos mais incidentes, com exceção do câncer de pele do tipo não melanoma, serão os cânceres de próstata e de pulmão no sexo masculino e os cânceres de mama e do colo do útero no sexo feminino.

O aumento da expectativa de vida da população reflete nas possibilidades de acometimento por doenças crônicas não transmissíveis, tais como doenças cardiovasculares e câncer.

Estudos dessa natureza são importantes para levantar o estado da informação produzida sobre o tema, as lacunas nesta produção e proporciona uma síntese do conhecimento segundo níveis de evidências que facilita a transposição dessas evidências para a prática clínica. A prática baseada em evidências na enfermagem difere das formulações de investigação anteriormente aplicadas, pois se trata de uma prática orientada, e desde o início há uma integração ativa do conhecimento tácito e intencional, associada a processos que asseguram sua qualidade e, sendo imediatamente aplicável pelo pesquisador em seu trabalho diário.

As recentes iniciativas no campo da prática baseada em evidências aumentaram a necessidade e a produção de todos os tipos de revisão literária (revisão integrativa, revisão sistemática, meta-análise e revisão qualitativa).

Sendo assim, para o desenvolvimento desta revisão integrativa optou-se pela proposta de Ganong na qual permeia as seguintes etapas:

  1. Identificação da hipótese ou questão norteadora: consiste na elaboração de uma problemática pelo pesquisador de maneira clara e objetiva;
  2. Seleção da amostragem: determinação dos critérios de inclusão ou exclusão, momento de estabelecer a transparência para que proporcione profundidade, qualidade e confiabilidade na seleção;
  3. Categorização dos estudos – definição quanto à extração das informações dos artigos revisados com o objetivo de sumarizar e organizar tais informações;
  4. Avaliação dos estudos – a análise dos dados extraídos deverá ser de forma crítica;
  5. Discussão e interpretação dos resultados – momento em que os principais resultados são comparados e fundamentados com o conhecimento teórico e avaliação quanto sua aplicabilidade;
  6. Apresentação da revisão integrativa e síntese do conhecimento: deve-se contemplar as informações de cada artigo revisado de maneira sucinta e sistematizada demonstrando as evidências encontradas.

As evidências são provenientes de revisão sistemática ou metanálise de todos os relevantes ensaios clínicos randomizados controlados ou oriundos de diretrizes clínicas baseadas em revisões sistemáticas de ensaios clínicos randomizados controlados.

Verifica-se uma prevalência na aplicação do instrumento EORTC QLQ-C30 uma vez que este explora sintomas específicos do câncer, os efeitos colaterais do tratamento, sofrimento psicológico, funcionamento físico, interação social, sexualidade, imagem corporal, saúde global, qualidade de vida e satisfação com cuidado médico.

Uma alta concentração de estudos na subcategoria QV nos diferentes tipos de câncer que nos faz refletir sobre os inúmeros efeitos colaterais e secundários do tratamento, como as mutilações, alterações funcionais e estéticas que interferem nas atividades de vida diária dos pacientes. Verificamos uma prevalência na aplicação do instrumento EORTC QLQ-C30 sendo que este explora sintomas específicos do câncer.

  • QV nos diferentes tipos de câncer: cabeça e pescoço 32 %

    Os estudos analisados sobre QV em pacientes portadores de neoplasias de cabeça e pescoço concluíram que apresentam pior QV pacientes com neoplasia avançada, dificuldades na mastigação e deglutição, disfagia, alteração na auto-percepção da desvantagem vocal, função social e emocional afetadas.

    Em suma, as sequelas ocasionadas pelo tratamento é um fator relevante que deve ser considerado não apenas pela perspectiva do profissional de saúde, mas pela perspectiva do paciente, nesse cenário, a avaliação de qualidade de vida nessa população de pacientes pode ajudar à melhor compreensão do real impacto da doença e seu tratamento na vida dos indivíduos.

  • QV nos diferentes tipos de câncer: ginecológico 20 %

    Observou-se que a angústia psicológica em pacientes com câncer de mama é frequentemente relacionada com depressão, ansiedade e baixa função emocional, e na maioria dos estudos revisados tem mostrado que a angústia psicológica contribui para diminuição da QV especialmente na função emocional, social, saúde mental e QV global.

    Quanto à função sexual, os achados indicam que a sua interrupção ou insatisfação com a vida sexual está relacionada a uma QV pobre em pacientes jovens, ao tratamento quimioterápico, a mastectomia total, a angústia emocional consequente de uma vida sexual insatisfatória e dificuldades com o parceiro no que diz respeito.

  • QV nos diferentes tipos de câncer: pulmonar 12 %

    Foram encontrados três artigos que avaliaram a QV em pacientes com câncer pulmonar, na qual identificaram a diminuição nos seguintes domínios: físico, funcional, dor, vitalidade, estado geral e saúde mental sendo que poderiam estar relacionados com o impacto da doença.

    Avaliou-se que pacientes submetidos à ressecção pulmonar encontra-se uma piora na QV durante os primeiros 30 dias do pós-cirúrgico, no entanto, houve uma melhora da QV após três meses de cirurgia.

  • QV nos diferentes tipos de câncer: gastrointestinal 12 %

    Indicam que o domínio físico está afetado ao evidenciar a dor, disfagia e perda da funcionalidade quando mensurados pelos questionários de QV.

    Foi avaliada pelo Índice de Karnofsky (escala de avaliação do estado de funcionalidade) e a paliação da disfagia obtida com diferentes tipos de tratamento oferecido aos pacientes com neoplasia de esôfago avançada identificou uma melhora na disfagia quando utilizado a prótese em relação a outras terapias paliativas.

    Pacientes com câncer de colorretal através do instrumento EORTC QLQ-C30 revelou que os homens relatam melhores escores nas escalas de funções emocionais e cognitiva em relação às mulheres, enquanto que estas tiveram os piores escores para os sintomas como dor, insônia, fadiga, constipação e perda de apetite, todos estatisticamente significantes.

  • QV e tratamento quimioterápico 20 %

    Pacientes submetidos ao tratamento quimioterápico foi mensurada e encontraram uma piora na QV quando houve a presença de irritação, depressão e os pacientes classificaram a saúde geral como ruim.

    Ao avaliar a QV após três meses de tratamento pacientes com câncer de mama e intestino, encontraram os seguintes domínios afetados, estatisticamente significantes, função cognitiva e social com diminuição das médias demonstrando que houve um decréscimo nestas funções.

    É frequente o sofrimento emocional durante todas as fases do câncer e seu rastreamento torna-se necessário, pois contribuirá na identificação dos pacientes que necessitam de uma intervenção farmacêutica e/ou psicológica.

  • QV e medicina alternativa / complementar 4 %

    A maioria dos pacientes fez uso da medicina alternativa e acreditam na sua eficácia no tratamento do câncer. Pacientes oncológicos ao se depararem com a necessidade de conviver com um problema de saúde grave, buscam métodos alternativos para o enfrentamento que diferem daqueles oferecidos pela medicina convencional, dentre estas se destacam as práticas baseadas no saber popular e na religiosidade.

    Vários tipos de intervenções não farmacológicas que podem ser usados em combinação ou como adjuvante da terapia medicamentosa, dentre elas ressaltam o controle da dieta e ambiente, acupuntura, musicoterapia, relaxamento e visualização.

    Os pacientes com câncer têm utilizado as terapias complementares para aliviar os sintomas associados aos tratamentos, bem como melhorar seu bem estar e QV.

    A revisão integrativa possibilitou a construção de uma síntese do conhecimento científico a cerca da QV nos pacientes oncológico, pelo fato das neoplasias progredirem para diversos órgãos há um vasto campo a ser pesquisado com a finalidade de descrever suas alterações na QV dos pacientes, as pesquisas devem evidenciar as melhores intervenções a serem prescritas, para tanto se faz necessário o desenvolvimento de pesquisas de intervenção com rigor metodológico.

    Correspondendo à prática baseada em evidência, designada para despertar e fortalecer o enfermeiro em seu papel de pesquisador, assistencialista e educador, cumpre ressaltar a importância de desenvolver estudos de intervenção eficazes para subsidiar a prática de enfermagem e garantir uma assistência livre de danos e consequentemente uma melhor QV aos pacientes oncológicos.

    Verificamos uma prevalência na aplicação do instrumento EORTC QLQ-C30 uma vez que este explora sintomas específicos do câncer, os efeitos colaterais do tratamento, sofrimento psicológico, funcionamento físico, interação social, sexualidade, imagem corporal, saúde global, qualidade de vida e satisfação com cuidado médico.

    Recomendamos um aprofundamento na temática QV com aplicações de instrumentos clínicos confiáveis e válidos, uma vez que este transparece o elo entre a necessidade de intervenções e uma assistência de qualidade prestada pelos profissionais de saúde.

    O paciente oncológico sofre não apenas com esses sintomas físicos, mas também com a tensão da incerteza de sobrevivência tanto que a depressão é habitual nestes pacientes, de maneira especial naquelas cuja doença está em estágio avançado. Todos esses aspectos exercem efeito negativo sobre a qualidade de vida desses pacientes.

    Os estudos analisados apontam que a qualidade de vida de pacientes oncológicos é prejudicada em detrimento da doença nos vários domínios tanto físico, quanto emocional e psicológico. Nesse sentido, torna-se imprescindível a atuação de uma equipe multidisciplinar focada nos aspectos relacionados às dores, ansiedade, preocupações, dificuldades e até mesmo sentimentos que tornam a vida dos pacientes oncológicos mais vulnerável.

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