Recursos Hídricos: Ciclo, Escassez, Poluição e Gestão

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1. Água e Desenvolvimento Econômico

“Em tempos de peixe, água não pode faltar.” À medida que o nosso planeta se desenvolve, novas perspectivas são requeridas. Dados específicos demonstram que, até o ano de 2025, não teremos mais água doce disponível para o uso, devido ao grande e exorbitante aumento da taxa de natalidade e crescimento populacional. Diante disso, políticas públicas já estão se preocupando em como tratar a maior quantidade de água que temos em nosso planeta, que é a água salgada. Portanto, o desperdício deve ser evitado para que possamos ter o conforto da água doce por mais tempo.

2. Escassez de Água no Brasil: Um Paradoxo

Apesar de possuir grande disponibilidade de água (cerca de 13,7% da água doce do planeta), o país começa a enfrentar um quadro paradoxal de escassez de água. A maior parte dos problemas de abastecimento urbano do país está relacionada com a capacidade dos sistemas de produção, impondo alternativas técnicas para a ampliação das unidades de captação, adução e tratamento.

3. O Ciclo Hidrológico

a) Força Motriz do Ciclo Hidrológico

A força motriz é a energia solar associada à gravidade e à rotação terrestre.

b) Processos Essenciais do Ciclo Hidrológico

  • Evaporação: Processo físico pelo qual um líquido, através do aumento de sua temperatura ou da diminuição de pressão, passa para o estado gasoso.
  • Condensação: A água evapora-se das superfícies aquáticas (principalmente) e terrestres, formando as nuvens.
  • Precipitação: Entende-se por precipitação a água proveniente do vapor d'água da atmosfera depositada na superfície terrestre sob qualquer forma: chuva, granizo, orvalho, neblina, neve ou geada.
  • Escoamento: O deslocamento da água na superfície da bacia, nos rios, canais e reservatórios é uma das parcelas mais importantes do ciclo hidrológico, pois trata da ocorrência e do transporte da água na superfície terrestre.

c) Esquema Detalhado do Ciclo Hidrológico

As águas dos rios, lagos e oceanos são evaporadas, juntamente com a água existente na superfície terrestre. Após este processo, ocorre a condensação, que é a formação de nuvens, seguida da precipitação (chuvas e outros fenômenos de queda d’água das nuvens). Em seguida, ocorre a acumulação de água na superfície terrestre, que leva a água até o lençol freático, e a partir daí acontece o escoamento, retornando para os rios, lagos e oceanos.

d) Impacto Humano no Ciclo Hidrológico

A presença do homem pode ser notada por meio do desmatamento e da impermeabilização via pavimentação do solo. Isso acelera a evaporação e reduz a recarga dos aquíferos subterrâneos, gerando, assim, maiores enchentes nos cursos de água que cortam centros urbanos, o que causa uma série de danos físicos, econômicos e transtornos aos habitantes da cidade.

4. O Fenômeno da Erosão Hídrica

A erosão hídrica começa com a incidência das precipitações. Do volume total precipitado, uma parte é interceptada pela vegetação, enquanto o restante atinge a superfície do solo, provocando o umedecimento dos agregados do solo, reduzindo suas forças coesivas. Com a continuidade da ação da chuva, ocorre a desintegração dos agregados em partículas menores. A quantidade de solo desestruturado aumenta com a intensidade da precipitação, com a velocidade e o tamanho das gotas. Além de ocasionar a liberação de partículas que obstruem os poros do solo, o impacto das gotas tende também a compactá-lo, ocasionando o selamento de sua superfície e, consequentemente, reduzindo a capacidade de infiltração da água. O empoçamento da água nas depressões da superfície do solo começa a ocorrer somente quando a intensidade de precipitação excede a velocidade de infiltração ou quando a capacidade de acumulação de água no solo for excedida. Quando esgotada a capacidade de retenção superficial, a água começa a escoar. Associado ao escoamento superficial, ocorre o transporte de partículas do solo, que sofrem deposição somente quando a velocidade do escoamento superficial é reduzida.

5. Causas da Erosão Hídrica

  • O uso de técnicas e práticas de cultivo inadequadas;
  • A alteração das condições hidrológicas;
  • O desmatamento;
  • A marginalização e o abandono das terras.

6. Consequências da Erosão Hídrica

  • Prejuízos diretos à produção agropecuária;
  • Poluição das nascentes e dos recursos hídricos;
  • Assoreamento dos mananciais, favorecendo a ocorrência de enchentes e escassez de água.

7. Técnicas de Prevenção da Erosão Hídrica

A adubação química é uma técnica importante. A adubação e o estabelecimento contínuo dos níveis de fertilidade do solo devem fazer parte de qualquer programa de conservação de solo. Esta prática é necessária para repor regularmente os nutrientes retirados dos solos pelas culturas, de forma a manter um nível adequado desses elementos nutritivos essenciais. Os nutrientes devem ser fornecidos ao solo sob a forma de fertilizantes.

8. Selamento Superficial: Definição e Consequências

É o processo pelo qual, devido à ação do impacto das gotas de chuva, ocorre a obstrução dos poros na superfície do solo, reduzindo significativamente a sua capacidade de infiltração. As consequências incluem:

  • A quebra dos agregados de solo pelo impacto das gotas de chuva;
  • O movimento das partículas finas e dispersas ao longo de poucos centímetros abaixo da superfície e sua deposição nos poros do solo;
  • A compactação da camada superficial do solo pelo impacto das gotas d’água, produzindo uma camada delgada de solo expressivamente adensada;
  • A deposição do material fino em suspensão, com a consequente orientação das partículas de argila.

9. Poluição dos Recursos Hídricos: Conceito

Poluição é a alteração das características dos recursos hídricos por quaisquer ações ou interferências, sejam elas naturais ou provocadas pelo homem.

10. Fontes de Poluição em Corpos d'Água

A poluição pode ocorrer por dois tipos de fonte:

  • Pontuais: esgoto sanitário, efluentes industriais, etc.
  • Difusas: agrotóxicos, drenagem urbana, etc.

11. Eutrofização em Corpos d'Água: Explicação

Eutrofização é o enriquecimento das águas com nutrientes essenciais, como o nitrogênio e o fósforo, e o desenvolvimento excessivo do fitoplâncton, provocando problemas de consumo de oxigênio e baixa diversidade.

12. Contaminação dos Corpos Hídricos

É a alteração de suas características por quaisquer ações ou interferências, sejam elas naturais ou provocadas pelo homem.

13. Assoreamento em Rios e Lagoas: Definição

Neste processo, ocorre o acúmulo de lixo, entulho e outros detritos no fundo dos rios. Com isso, o rio passa a suportar cada vez menos água, provocando enchentes em épocas de grande quantidade de chuvas.

14. Principal Fonte de Poluição Hídrica

A principal fonte de poluição são os chamados Orgânicos Biodegradáveis, separados em três pilares:

  • Decomposição aeróbica, que causa o consumo de oxigênio e a morte de organismos;
  • Decomposição anaeróbica, onde ocorre a formação de gases, como o metano e o gás sulfídrico;
  • Eutrofização ou Eutroficação.

Exemplos: esgoto e matéria orgânica em geral.

15. Anomalia Térmica da Água e Sua Importância

Ao aquecer a água de 0ºC a 4ºC, as pontes de hidrogênio rompem-se e as moléculas passam a ocupar os vazios antes existentes, provocando, assim, uma diminuição no volume, mas de 4ºC a 100ºC, a água dilata-se normalmente.

16. Gestão Integrada dos Recursos Hídricos

A gestão integrada dos recursos hídricos visa a:

  1. Assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;
  2. A utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;
  3. A prevenção e defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.

17. Bacia Hidrográfica: Definição e Importância

Segundo TUCCI, é uma área de captação natural da água da precipitação que faz convergir os escoamentos para um único ponto de saída, seu exutório. Ou: Área de drenagem de um curso d’água ou lago, ou área com um único exutório (foz) comum para escoamento das águas.

18. Comitê de Bacia Hidrográfica

É a base do sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos. Neles são debatidas as questões relacionadas à gestão desses recursos.

19. Princípios da Cobrança pelo Uso da Água

A cobrança pelo uso da água baseia-se nos seguintes princípios:

  1. Reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação do seu real valor;
  2. Incentivar a racionalização do uso da água;
  3. Obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos.

20. Enquadramento de Cursos d'Água

O enquadramento de cursos d’água, segundo os usos preponderantes da água, visa a:

  1. Assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem destinados;
  2. Diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas permanentes.

21. Competências do Comitê de Bacia Hidrográfica

  • Arbitrar os conflitos relacionados aos recursos hídricos naquela bacia hidrográfica;
  • Aprovar os planos de recursos hídricos;
  • Acompanhar a execução do plano e sugerir as providências necessárias para o cumprimento de suas metas;
  • Estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir os valores a serem cobrados;
  • Definir os investimentos a serem implantados com a aplicação dos recursos da cobrança.

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