Reestruturação Produtiva e Precarização
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O mundo do trabalho está em constante transformação, marcado por processos como a reestruturação produtiva e a precarização do trabalho.
O Fordismo e o Compromisso Fordista
O processo hegemônico de produção de mercadoria no modo de produção capitalista combinou os princípios da administração científica de Taylor com as inovações introduzidas por Ford (como a linha de montagem, a padronização dos componentes e a verticalização da produção). O fordismo configurou-se como um verdadeiro regime de acumulação e implementou um sistema de regulação e compromisso entre proprietários do capital, trabalhadores e o Estado, conhecido como compromisso fordista ou welfare state.
Com o uso de novas tecnologias, representadas pela linha de montagem e pela padronização das peças, aliadas a um sistema de remuneração mais agressivo, oferecendo salários acima da média de mercado e um conjunto de benefícios que não eram oferecidos até então, o fordismo estabeleceu uma conexão entre produção de massa crescente e consumo de massa crescente.
A relação entre o proletariado e a burguesia, sob o compromisso fordista, incluía:
- Salário mínimo assegurado a todos os trabalhadores empregados, garantindo um patamar mínimo de consumo;
- Controle da massa salarial global por mecanismos de negociação coletiva;
- Garantia da reprodução da força de trabalho para assegurar o processo de acumulação intensiva.
A Crise do Fordismo
Este modo de produção começou a declinar com a queda de produtividade e a consequente perda da competitividade da indústria americana. Os operários desencadearam um processo de resistência que se materializou na elevação dos índices de rotatividade, absenteísmo, defeitos de fabricação e redução do ritmo de trabalho.
Assim, o fordismo apresentou sinais de crise, cujos principais fatores foram a redução da taxa de lucro (devido ao aumento do preço da força de trabalho e às lutas sociais) e a instabilidade social. O foco dos processos produtivos foi deslocado da qualidade e homogeneidade dos produtos para a diferenciação e a qualidade. Seu principal traço constitutivo é a quebra da rigidez que caracterizava o modelo fordista.
A Reestruturação Produtiva
A reestruturação produtiva é a incorporação, nas plantas produtivas, de novas tecnologias físicas de base microeletrônica e de novas formas de organização e gestão do trabalho. Este processo teve a necessidade de melhorar os padrões de competitividade para atingir os objetivos de penetração no mercado externo.
A reestruturação envolve forte investimento em tecnologia de base microeletrônica, que não substitui as tecnologias empregadas, apenas as agrega. Contudo, ela introduz uma nova forma de organização e gestão do trabalho, promovendo a implementação de técnicas que poupam mão de obra, levando ao crescimento do desemprego estrutural.
A Precarização do Trabalho
A precarização do trabalho está ligada a quatro dimensões sob o regime de acumulação flexível:
- Desemprego: Crescimento do desemprego estrutural devido a técnicas que poupam mão de obra.
- Vínculos Empregatícios: Tornaram-se mais frágeis. A articulação nas esferas política e jurídica fez emergir novas modalidades de vínculos formais de trabalho, como o trabalho em tempo parcial e o trabalho temporário, reduzindo os direitos dos trabalhadores devido à intensificação da rotina. Ocorre também uma expansão do trabalho informal, que representa o excedente de mão de obra descartado do processo formal de venda da força de trabalho.
- Preço da Força de Trabalho: Redução do preço de venda da força de trabalho, o que se manifesta na migração de trabalhadores de remuneração alta para menor.
- Qualidade dos Postos de Trabalho: As condições de saúde do trabalhador apresentam degradação. As novas tecnologias físicas de base microeletrônica e as novas formas de organização do trabalho permitem a intensificação do trabalho, via redução dos ciclos de operação e dos tempos mortos.
O Contexto Brasileiro
No Brasil, as montadoras e indústrias de autopeças adotaram de forma vigorosa o modo fordista de produção de mercadoria. Este modelo expandiu-se para os demais segmentos da indústria, o que coincidiu com os anos de 1968 a 1973, conhecidos como os anos do "milagre brasileiro". Porém, após este período, o país passou a sentir os efeitos da crise motivada pela queda das taxas de lucro e por aspectos ligados à estrutura macroeconômica brasileira, impulsionando o processo de reestruturação produtiva.