Reformas Econômicas na Espanha do Século XVIII

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1. Introdução

No século XVIII, durante o reinado de Filipe V, a Espanha enfrentou a Guerra da Sucessão (1700-1715). Após o conflito, Filipe V assumiu o trono espanhol, iniciando o governo da Casa de Bourbon. A economia espanhola experimentou melhorias na agricultura, pecuária, pesca, indústria e comércio, embora enfrentasse desafios para igualar-se a potências como França e Inglaterra.

2. Reformas dos Reis Bourbon

2.1. Filipe V (1700-1746)

Filipe V implementou medidas mercantilistas, como a proibição de importação e exportação de grãos e manufaturas têxteis. Tentou reanimar o comércio colonial com a criação de companhias de comércio privilegiadas. Após o Tratado de Utrecht (1713), a Espanha abriu o comércio com as Américas para a Inglaterra, prejudicando os comerciantes espanhóis.

2.2. Fernando VI (1746-1759)

Fernando VI nomeou o Marquês de la Ensenada como secretário da Fazenda, Marinha e Índias. Ensenada propôs a modernização do país com a intervenção do Estado, mantendo uma posição de força no exterior. Implementou um novo modelo de Tesouro em 1749, propondo um imposto único proporcional à capacidade econômica. Criou o Real Giro em 1752 para transferências bancárias e promoveu o comércio americano.

2.3. Carlos III (1759-1788)

Carlos III nomeou o Marquês de Squillace como secretário de Finanças. A intervenção na Guerra dos Sete Anos exigiu aumento de impostos e liberalização do comércio de cereais, causando alta de preços. Durante seu reinado, foram criadas as Sociedades Econômicas de Amigos do País. Campomanes defendeu a distribuição equitativa de terras em seu Tratado da Amortização. Em 1787, promoveu o repovoamento da Serra Morena e do vale do Guadalquivir com imigrantes católicos da Europa Central. Criou o Banco de San Carlos em 1782 e investiu em obras públicas e indústrias.

2.4. Carlos IV (1788-1808)

O Conde de Floridablanca adotou medidas para tolerar atrasos em contribuições, limitar o preço do pão, restringir a acumulação de bens eclesiásticos, eliminar a primogenitura e promover o desenvolvimento econômico. Manuel Godoy, primeiro-ministro a partir de 1792, incentivou reformas na educação e economia, incluindo a proteção das Sociedades Econômicas de Amigos do País e o confisco de bens religiosos.

3. Agricultura no Século XVIII

A agricultura foi crucial para o crescimento populacional e econômico. 58% do PIB espanhol vinha da agricultura, e 70% da população ativa trabalhava no campo. Jovellanos defendeu a reforma agrária em seu Relatório sobre a Lei Agrária (1794). A produção agrícola aumentou, principalmente pela expansão de terras cultivadas, mas a produtividade permaneceu baixa devido a técnicas rudimentares. Novas culturas como a batata e o milho tiveram pouca influência fora da costa cantábrica. A partir dos anos 1760, a produtividade diminuiu devido à exploração de terras de pior qualidade. A estrutura de propriedade variava regionalmente, com maior posse camponesa na Galiza e Valência, e domínio senhorial em Castela e Andaluzia. Reformadores tentaram criar uma classe média rural e liberalizar o comércio de grãos, mas enfrentaram resistência das classes privilegiadas.

4. Pecuária no Século XVIII

A pecuária transumante prosperou no Planalto, com privilégios mantidos desde o reinado de Filipe IV. A lã meseteña era valorizada no mercado externo. A pecuária de pequeno porte era vital para a economia camponesa. O aumento populacional pressionou as pastagens, afetando a pecuária no século seguinte.

5. Pesca no Século XVIII

A pesca foi importante para a economia espanhola, impulsionando a construção naval, a fabricação de equipamentos e o comércio de peixe salgado. O Atlântico e o Mediterrâneo empregavam cerca de 25 mil pescadores e 5 mil navios. A Galiza destacou-se na pesca costeira, enquanto a Andaluzia focou-se no atum e sardinha. A Catalunha liderou no Mediterrâneo. O governo incentivou a melhoria das técnicas de pesca e a criação de companhias de pesca, como a Real Sociedad de Pesca Marítima em 1775.

6. Indústria no Século XVIII

A indústria espanhola enfrentou desafios devido à falta de inovação agrícola. Houve crescimento populacional e aumento da demanda por manufaturas, mas a inovação foi limitada. A política mercantilista visava criar uma indústria nacional forte. A pequena indústria artesanal predominou, com guildas controlando a produção. A indústria rural cresceu, especialmente na têxtil. Fábricas estatais foram criadas para atender às necessidades militares e econômicas, mas muitas fracassaram sem apoio privado.

6.1. Industrialização da Catalunha

A Catalunha liderou a industrialização espanhola, especialmente na indústria têxtil. Fábricas estatais focaram-se em fundições de artilharia. A indústria do algodão cresceu rapidamente, impulsionada por políticas protecionistas. A indústria da seda também se desenvolveu, com Barcelona como centro de renovação tecnológica.

7. Comércio no Século XVIII

7.1. Comércio Interno

O comércio interno aumentou com o crescimento populacional e econômico. Mercados e feiras eram comuns, mas o consumo camponês era limitado. A pobreza e a distribuição desigual de renda restringiam a demanda. O Estado tentou eliminar barreiras comerciais, mas enfrentou resistência de interesses corporativos. Carlos III investiu em estradas e pontes para melhorar o comércio.

7.2. Comércio Exterior

O comércio exterior era dominado por estrangeiros, principalmente Inglaterra, França e Holanda. A Espanha importava tecidos, grãos e ferramentas industriais, e exportava lã, azeite, vinho e prata.

7.3. Comércio com a América

Em 1717, o monopólio do comércio americano foi transferido de Sevilha para Cádiz. Companhias privilegiadas foram criadas. Em 1778, o livre comércio foi decretado, permitindo que 13 portos espanhóis e 22 americanos comercializassem livremente. Em 1790, a Casa de Contratación foi abolida, aumentando o comércio com a América.

8. Pensamento Econômico

O pensamento econômico do século XVIII combateu o escolasticismo e focou-se na felicidade dos indivíduos e na grandeza da monarquia. Pensadores como Jovellanos e Campomanes influenciaram a economia europeia. O mercantilismo predominou no início do século, buscando uma balança comercial favorável. A fisiocracia e o liberalismo ganharam influência posteriormente, defendendo a livre iniciativa e a ordem natural.

9. Bibliografia

  • Felipe V: Renovación de España: la sociedad y la economía en el reinado de los primeros Borbones, Agustín González Enciso. Pamplona, Editorial Eunsa, 2003.
  • España en los siglos XVI, XVII y XVIII: economía y sociedad, Marcos Alberto Martín. Barcelona, Editorial Crítica, 2000.
  • Carlos III y su siglo: la monarquía ilustrada, dirigido por Isabel Alonso-Muñumer Enciso. Barcelona, Editorial Carroggio, 2003.

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