O Regime de Franco: Características e Transição Democrática
Classificado em História
Escrito em em português com um tamanho de 5,63 KB.
O Sistema Político de Franco (1939-1975)
O regime de Francisco Franco (1939-1975) foi uma ditadura caracterizada pela oposição ao comunismo e à democracia liberal, e pela defesa do tradicionalismo na Espanha.
Grupos Sociais que Apoiaram Franco
Os grupos sociais que apoiaram Franco e os benefícios que obtiveram foram:
- A vitória de Franco na Guerra Civil marcou o triunfo dos grupos que temiam perder seus privilégios.
- A grande burguesia, o exército e a Igreja Católica apoiaram um regime que garantia seu poder e influência. A grande burguesia dos proprietários de terrenos, bancos e negócios tinha carta branca para exercer seu domínio econômico. A reforma agrária republicana foi anulada e as relações de trabalho foram controladas pelo Ministério do Trabalho.
- O exército, vencedor da guerra e garantidor da continuidade do regime, teve uma presença numerosa e eficaz, exercendo controle em vários cargos políticos e posições importantes, inclusive nos negócios.
- A Igreja Católica, com Franco, definiu o estado confessional. O divórcio foi suprimido, o casamento religioso foi valorizado, o ensino religioso obrigatório foi reintroduzido e o orçamento para o culto e o clero foi restaurado.
Características da Política Econômica no Pós-Guerra
No pós-guerra, a política econômica de Franco foi caracterizada por um grande intervencionismo estatal. Por outro lado, o regime procurou a autarquia econômica, impulsionada também pelo boicote internacional e o isolamento. Seguiu-se uma política protecionista, com tarifas elevadas cobradas sobre as importações e limitação do influxo de capital estrangeiro. A autarquia foi um desastre para a economia espanhola.
Reorientação Política no Final dos Anos 1950
Franco percebeu a necessidade de uma nova orientação política no final de 1950 e promoveu:
A Nova Elite Dominante
- A reorientação do regime de Franco foi conduzida por ministros ligados ao Opus Dei, que trouxeram critérios técnicos e modernizadores.
- Este grupo ficou conhecido como os tecnocratas. O objetivo era promover a liberalização econômica e o desenvolvimento industrial.
- A Falange foi perdendo terreno na economia e foi deslocada pelo Movimento Nacional, uma organização cujos membros eram todos funcionários do regime de Franco.
- Novas leis foram desenvolvidas.
- Para garantir a continuidade do regime de Franco, as Cortes franquistas, em 1969, aceitaram o príncipe Juan Carlos de Borbón como seu sucessor como chefe de Estado, como rei.
O Plano de Estabilização e os planos de desenvolvimento visavam:
O Plano de Estabilização
- Os governos, desde 1957, abandonaram a autarquia e iniciaram um processo de liberalização econômica e abertura para a economia europeia.
- Para isso, lançaram o Plano de Estabilização (1959) para substituir uma economia fechada por uma economia ligada aos circuitos internacionais.
- O governo iniciou planos de desenvolvimento (1964-1975) para promover o desenvolvimento industrial e reduzir os desequilíbrios entre as diferentes regiões espanholas.
- Apesar de tudo, a principal causa do crescimento econômico foi a situação econômica favorável na Europa.
Forças Políticas em Oposição a Franco
Na década de 40, partidos políticos e sindicatos atuavam na clandestinidade, como o maquis. Na década de 50, o PCE, o PSOE e a CNT, com seus líderes no exílio, desenvolveram atividades para se opor ao regime. Na década de 60, os sindicatos antigos foram dizimados, mas as Comissões de Trabalhadores (CCOO) ganharam destaque. Grupos de oposição formados por monarquistas e democratas realizaram a reunião em Munique, em 1962, onde foi discutida a necessidade de democratizar o país. Os partidos nacionalistas PNV e ETA também se opuseram ao regime.
Razões Sociais da Luta Contra Franco
As razões sociais da luta contra Franco incluíram as disputas trabalhistas, como a primeira grande greve nas Astúrias, Catalunha, Andaluzia e País Basco em 1962. A universidade também foi uma das principais fontes de oposição anti-franquista. A Igreja Católica viu o surgimento de grupos dissidentes dentro dela, com atividades de grupos cristãos ligados ao mundo do trabalho.
A Crise do Petróleo e seu Impacto na Espanha
A rápida subida do preço do petróleo e das matérias-primas ameaçou o período de crescimento e prosperidade, inaugurando um momento de profunda recessão econômica. Na Espanha, essa crise começou com um aumento contínuo dos preços, queda no turismo, redução das receitas em divisas e diminuição do investimento estrangeiro. Consequentemente, desde 1975, as taxas de crescimento da economia espanhola diminuíram acentuadamente.
Transição para a Democracia (1975-1977)
Em novembro de 1975, Juan Carlos I foi empossado como Rei da Espanha. O novo governo, liderado por Arias Navarro, foi incapaz de promover reformas democráticas e o Rei forçou sua demissão. A oposição democrática organizou manifestações de protesto nas ruas. Em julho de 1976, Adolfo Suárez foi nomeado presidente do governo, iniciando uma abertura política que pavimentou o caminho legal para desmontar a ditadura. O governo buscou o apoio da oposição e aceitou uma emenda acordada. Em 1976, a Lei de Reforma Política legalizou os partidos políticos, concedeu anistia e, em 1977, foram realizadas as primeiras eleições livres.