O Regime de Franco: Apoio, Sociedade e Oposição

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O Apoio Social ao Regime de Franco

Franco teve muitos seguidores em todos os grupos sociais, incluindo a classe trabalhadora. A maioria da população espanhola se identificava com o regime de Franco ou passivamente o aceitava. O apoio ao regime era extenso e heterogêneo. Alguns dos fatores que explicam este enorme apoio social ao ditador e que o permitiram permanecer no poder por 40 anos foram:

  • A memória viva dos desastres da Guerra Civil;
  • A resignação e o medo;
  • A supressão da eficácia da propaganda oficial;
  • A influência da mídia controlada pelo regime.

Os setores que trabalharam mais estreitamente com o regime foram os mesmos que tinham aderido ao levante militar antirrepublicano de 1936 e que estavam do lado de Franco durante a Guerra Civil. Esses setores foram:

Militares

Os militares estavam convencidos de que deveriam defender a ditadura de Franco contra os inimigos internos. Obedeciam fielmente e com disciplina, já que compartilhavam os princípios ideológicos do líder e nunca questionaram a sua autoridade.

Católicos

Além do apoio diplomático do Vaticano, o regime recebeu apoio valioso dos católicos espanhóis, do Opus Dei e da Associação Nacional dos Propagandistas Católicos. A Igreja forneceu uma importante propaganda ideológica e cooperação para o governo, que, por sua vez, lhe deu controle praticamente exclusivo da educação, da censura e de grande parte da mídia.

Falangistas

Em 1940, a estrutura interna da Falange Espanhola já havia sido definida e completa, com a aplicação de:

  • A Seção Feminina;
  • A Juventude;
  • A Frente de Juventudes;
  • O Sindicato Universitário Espanhol;
  • A Assistência Social.

A Falange Espanhola beneficiou da atribuição de cargos e posições em todos os setores da administração estadual, municipal e em instituições culturais e agências educativas.

Carlistas

Seus líderes mais proeminentes sempre mantiveram uma estreita relação com o regime e foram escolhidos por Franco para desempenhar funções ministeriais e em cargos municipais.

Apoio Empresarial e Municipal

Setores empresariais também colaboraram com o governo de Franco, foram favorecidos pela lei e obtiveram muitos benefícios do regime. Os lucros subiram graças a grandes encomendas para a construção de infraestruturas e obras públicas.

Monarquistas

Quase todos os liberais de direita, anti-monárquicos, apoiaram o regime.

As relações entre os diferentes grupos que formavam o quadro do regime de Franco nem sempre foram boas. Disputas por maior influência junto a Franco, desconfiança mútua e confrontos eram frequentes.

Transformações Sociais na Espanha (1960-1970)

O forte desenvolvimento econômico dos anos 60 teve um impacto demográfico significativo, levou a rápidas mudanças sociais e contribuiu para alterar o modo de vida e os valores coletivos dos espanhóis. A população total aumentou de 30 milhões em 1960 para 33 milhões em 1970. As classes médias urbanas também experimentaram um crescimento considerável. O número de empregados no setor de serviços foi de 39% da força de trabalho, tendo ultrapassado o número de trabalhadores da indústria no início dos anos 70.

Um afluxo massivo de turistas estrangeiros, a expansão das grandes cidades, o êxodo rural e o aumento do consumo e do bem-estar material transformaram completamente as necessidades, comportamentos, hábitos e formas de entretenimento de muitos espanhóis. A modernização e europeização da sociedade espanhola provocaram uma profunda mudança de valores, ideias e expectativas coletivas em relação à vida familiar, ao papel das mulheres, ao sexo e à educação dos filhos.

As mulheres começaram a romper com a subordinação em relação aos homens, ingressaram maciçamente na universidade, ousaram dirigir e foram incorporadas ao mundo do trabalho. Enquanto isso, os jovens beneficiaram de um aumento da permissividade e do relaxamento da disciplina estrita existente anteriormente em domicílios e escolas.

Os Últimos Anos da Ditadura Franquista

Diferentes formas de oposição ganharam força nos últimos anos da ditadura e o regime ficou inquieto. Os estudantes universitários, sindicatos e setores progressistas clandestinos foram os protagonistas da nova onda de protestos contra Franco.

Os confrontos entre a polícia e estudantes universitários tornaram-se cada vez mais comuns. O número de greves continuou a crescer desde 1970. Dada a magnitude desses protestos de trabalhadores e estudantes, o governo respondeu com o desencadeamento de uma forte repressão e a realização de demissões que afetaram milhares de trabalhadores.

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