Regimes de Taxas de Câmbio: Fixas vs. Flexíveis

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Regimes de Taxas de Câmbio: O preço da moeda nacional em termos da moeda estrangeira é determinado no mercado onde se confrontam a procura e a oferta de moeda nacional versus moeda estrangeira: mercado cambial.

O mercado cambial tem algumas características específicas:

  • Não se trata de um local físico, mas de um local em sentido abstrato, de encontro entre a procura e a oferta das moedas de diferentes países.
  • Nele participam agentes económicos especializados representando-se a si mesmos ou como intermediários de outros agentes económicos (particulares, empresas, etc.).

Procura da moeda nacional:

  • Exportações
  • Recebimentos de rendimento do exterior
  • Entrada de capitais financeiros

Quando um país perde a sua capacidade para exportar ou receber capital do estrangeiro, a procura pela sua moeda diminui, desvalorizando a moeda. A desvalorização da moeda torna os produtos de exportação mais competitivos, contribuindo para reequilibrar a balança de pagamentos.

Oferta da moeda nacional:

  • Importações
  • Pagamento de rendimentos ao exterior
  • Saída de capitais financeiros

Quando um país aumenta as suas importações, a sua moeda desvaloriza porque mais agentes a procuram trocar por moeda estrangeira. A desvalorização da moeda torna os produtos de importação mais caros, contribuindo para a diminuição da sua procura e o reequilíbrio da balança de pagamentos. Quando o banco central expande a sua base monetária para, por exemplo, permitir a compra de dívida pública, a oferta de moeda nacional também aumenta, desvalorizando-a.

Taxas de Câmbio Flexíveis: Em regime de câmbios flexíveis, o estado não assume qualquer objetivo para o valor da taxa de câmbio. É a livre interação entre procura e oferta que determina a taxa de câmbio. A taxa de câmbio flutua de acordo com a procura e oferta da moeda do país (fluxo de importação, exportação, fluxos de capital, investimento, etc.). Em câmbios flexíveis, o país tem moeda própria que flutua e se ajusta aos níveis de competitividade do país. Quando o país se torna menos competitivo (ou seja, tem uma redução relativa na sua capacidade produtiva), a taxa de câmbio deprecia-se para reestabelecer a competitividade. A taxa de câmbio também se depreciará se o governo convencer o Banco Central a criar moeda para pagar défices. Uma desvalorização da taxa de câmbio diminui o valor dos salários reais uma vez que tipicamente leva a um aumento do preço dos produtos.

Vantagem: o próprio mercado regula as taxas de câmbio, não ocasionando distorções cambiais na economia.

Desvantagem: a valorização excessiva de moedas estrangeiras pode ocasionar inflação, enquanto a desvalorização destas moedas pode ocasionar diminuição das exportações.

Taxas de Câmbio Fixas: O câmbio fixo é aquele em que o valor da moeda estrangeira (geralmente o dólar) é fixado pelo governo. Desta forma, a moeda nacional passa a ter um valor fixo em relação a essa moeda-lastro. Em regime de câmbios fixos, o governo assume um objetivo político para a taxa de câmbio. O Banco central tem que suportar esse compromisso, vendendo moeda estrangeira quando a moeda nacional tiver pressão para desvalorizar e comprando moeda estrangeira se a moeda nacional tiver pressão para valorizar.

Neste caso pode existir excesso de procura ou oferta de moeda nacional que tem que ser compensada pelo Banco Central.

Por exemplo, se houver demasiada procura pela moeda nacional, o Banco Central pode ver-se obrigado a criar moeda nacional para comprar moeda estrangeira. E vice-versa.

Exemplo: o país tem um desequilíbrio na balança comercial que faz com que haja mais importações do que exportações (ou seja, mais pessoas a querer vender a moeda nacional do que a querer comprar). Neste caso, para manter a taxa de câmbio, o Banco Central tem que intervir e comprar a moeda local, vendendo as suas reservas cambiais.

Quando a tendência a desvalorização é constante, o Banco Central pode ficar sem reservas para suster a taxa de câmbio fixa, resultando numa imediata desvalorização.

Se houver um défice externo persistente:

  • O Banco Central perde reservas cambiais sucessivamente e a situação pode tornar-se insustentável (ou, pelo menos, indesejável).
  • O governo pode negociar, ou decretar uma desvalorização.

Se houver um superavit externo persistente:

  • O Banco Central acumula reservas cambiais.

Mesmo em câmbios fixos, por vezes há grandes choques que desvalorizam/valorizam a moeda repentinamente.

Vantagem: possibilita um melhor controle sobre a inflação.

Desvantagem: pode ocasionar a valorização excessiva da moeda nacional, provocando a diminuição das exportações e aumento de importações (no caso da moeda estrangeira mantida desvalorizada).

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