A Relação entre Ética, Política e Dignidade Humana

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Três Tempos da Relação entre Ética e Política

A relação entre ética e política pode ser analisada em diferentes momentos históricos e conceituais:

1. Separação Radical na Renascença

Na Renascença, houve uma separação radical entre ética e política. O Príncipe (Maquiavel) tenta estabelecer uma ciência política, colocando as questões éticas no campo da individualidade e deixando-as fora dos assuntos de Estado. Assim, a ação política torna-se uma ciência fora da moralidade.

2. Ética Privada e Ética Pública (Stuart Mill)

John Stuart Mill levanta essa separação em seu livro sobre as liberdades civis. A sociedade não pode intervir ou controlar a vida privada dos cidadãos. Embora a falta de moral ou religião possa exercer pressão sobre os indivíduos, cada um é responsável por si próprio. Uma pessoa virtuosa em sua vida privada, nobre e correta com os outros, não é garantia suficiente de que sua ação política será eficaz ou de qualidade.

3. Ética da Convicção e Ética da Responsabilidade (Weber)

Max Weber salienta a conexão entre ética e política e define a diferença entre dois conceitos:

  • Ética da Convicção: É uma ética de princípios que força os políticos a agirem com alta responsabilidade moral e ética, independentemente das consequências.
  • Ética da Responsabilidade: Mede as consequências das decisões tomadas, podendo deixar à margem princípios opostos a essas decisões, se o resultado for o bem maior.

Parece óbvio combinar as duas éticas, mas essa tarefa é muito difícil, pois exige misturar princípios e valores em várias ações políticas para atingir fins e objetivos específicos.

Iguais em Dignidade e Direitos

No mundo de hoje, existem enormes diferenças econômicas e sociais entre os países. Enquanto parte do mundo vive em sociedades ricas, em outro lugar, sobreviver não é o mesmo. O dramático é que a produção mundial seria suficiente para todos. Ninguém pode falar de dignidade humana quando milhões de pessoas vivem com menos de 1 € por dia.

Um ser humano tem sua dignidade reconhecida na vida diária se for tratado como um indivíduo e não como uma mercadoria.

O primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos estabelece os princípios que sustentam que todos são iguais em dignidade e direitos, são dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

O reconhecimento da dignidade implica direitos e deveres: se alguém tem um direito, o outro tem uma obrigação.

Liberdade, igualdade, razão e consciência são quatro características que definem o ser humano como pessoa. A consciência é a parte de nós que nos permite distinguir o certo do errado e agir de acordo com os princípios que ordenamos a nós mesmos.

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