Sistema Reprodutor Feminino: Ciclo, Órgãos e Hormônios
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Corpo Amarelo ou Corpo Lúteo
Após a ovulação, as células foliculares e as da teca interna, que permanecem no ovário, dão origem ao corpo lúteo ou corpo amarelo, que é uma glândula endócrina temporária. Produz progesterona e estrógenos, que atuam sobre a mucosa uterina, estimulando a secreção de suas glândulas. A progesterona impede ainda o desenvolvimento de outros folículos ovarianos.
Quando não há fecundação, o corpo lúteo tem duração de 10 a 14 dias, ou seja, persiste durante a segunda metade do ciclo menstrual. Após este período, degenera e desaparece. Se houver gravidez, o corpo lúteo aumenta muito e só entrará em regressão após o quinto ou sexto mês, mas não desaparece completamente e secreta progesterona até o fim da gravidez.
As células do corpo lúteo gravídico (após o parto) ou corpo lúteo menstrual sofrem degeneração, desaparecem por autólise, sendo seus restos celulares fagocitados por macrófagos. O local é então ocupado por uma cicatriz de tecido conjuntivo denso, o corpo albicans.
Ciclo Ovariano
A ovogênese é regulada pela modulação da concentração de hormônios circulantes. Três diferentes glândulas estão envolvidas nesta modulação: O hipotálamo libera fatores neuroendócrinos que vão atuar sobre a hipófise; a hipófise, após estimulada pelo hipotálamo, libera as gonadotrofinas (LH - hormônio luteinizante e FSH - hormônio folículo estimulante), que vão atuar sobre o ovário. Este, por sua vez, produz testosterona e progesterona a partir das células da teca interna e estrogênio e progesterona a partir das células foliculares.
Durante cada ciclo menstrual, o ovário sofre alterações cíclicas, atravessando uma fase folicular e uma fase luteínica, que são separadas pela ovulação. No início da fase folicular, a hipófise libera grande quantidade de FSH e LH na corrente sanguínea. O FSH promove o crescimento e desenvolvimento do ovócito e, juntamente com o LH, estimula a produção de estrogênio pelas células foliculares. O estrogênio vai auxiliar o crescimento folicular.
O aumento da taxa de estrogênio no sangue inibe a hipófise na liberação de FSH e estimula a produção de LH. O aumento de LH no sangue chega ao máximo em torno do décimo quarto dia do ciclo, acionando a ovulação e a conversão do folículo em corpo lúteo, iniciando assim, a fase luteínica. O corpo lúteo passa então a produzir progesterona e estrogênio. A progesterona vai estimular o desenvolvimento do endométrio. A alta concentração de progesterona e estrogênio causa a inibição da produção de FSH e LH via hipotálamo.
Caso não ocorra fecundação, a ausência do estímulo do LH (ou hCG) leva à degeneração do corpo lúteo (cerca do décimo quarto dia após a ovulação), com isso cessa a produção de progesterona e estrogênios. Como o endométrio era mantido pela progesterona, na ausência desta, o endométrio começa a descamar, ocorrendo a menstruação. A redução dos esteróides produzidos pelo corpo lúteo desfaz a inibição da hipófise, passando a produzir gonadotrofinas e reiniciando o ciclo.
Tuba Uterina, Oviduto ou Trompa de Falópio
Os ovidutos transportam o óvulo de cada um dos ovários até o útero, propiciando o meio necessário para a fertilização e o desenvolvimento inicial do concepto, na sua passagem para o estágio de mórula. Cada tuba tem aproximadamente 10 cm de comprimento e apresenta uma das extremidades adjacentes ao ovário e aberta para a cavidade peritoneal e a outra extremidade comunica-se com a cavidade uterina.
A Tuba Uterina pode ser dividida em quatro partes a olho nu:
- O Infundíbulo, onde se observam fímbrias, que são estruturas franjeadas e que tocam o ovário no momento da ovulação, impedindo que o óvulo caia na cavidade peritoneal.
- A Ampola, onde normalmente ocorre a fertilização.
- O Istmo, adjacente ao Útero.
- O Segmento Uterino, já na parede do útero.
Útero: Estrutura e Função
É um órgão oco, em forma de pera, localizado na pelve, entre a bexiga e o reto e apresentando sua luz contínua com a luz das tubas e da vagina. Tem função de receber a mórula e propiciar o desenvolvimento do embrião e feto.
Anatomicamente, o útero é dividido em duas partes: o corpo (porção superior) e o cérvice (porção inferior estreita). No corpo, observa-se uma porção arredondada denominada fundo; no cérvice, a luz é denominada canal endocervical e é delimitada por dois orifícios: o interno, que liga o canal com o corpo, e o externo, que comunica-se com a vagina.
Camadas do Útero
O útero é constituído de três camadas que se seguem:
- Perimétrio ou túnica serosa: camada externa.
- Miométrio ou túnica muscular: camada média composta de músculo liso. Durante a gravidez, o útero aumenta de tamanho; esse crescimento se deve à hipertrofia das células musculares lisas e à formação de novas células musculares por proliferação e diferenciação.
- Endométrio ou túnica mucosa: camada interna composta de duas porções delimitadas estrutural e funcionalmente. A camada Funcional é a camada mais espessa, em contato com a luz do útero e que se desprende durante a menstruação. A camada basal é a porção que se mantém e serve de fonte de regeneração para a primeira.
Alterações Cíclicas do Endométrio
Durante toda a vida reprodutiva, o endométrio sofre alterações cíclicas que o preparam para a implantação do zigoto e para os eventos posteriores à implantação, necessários à sustentação do desenvolvimento embrionário e fetal. Estas alterações cíclicas têm relação com o ciclo ovariano, sendo que a cada fim do ciclo ocorre a destruição parcial e descamação do endométrio, que será eliminado acompanhado de sangramento dos vasos situados na mucosa, via vagina. Tal eliminação é denominada menstruação.
Fases Endometriais do Ciclo Menstrual
São identificadas três diferentes fases endometriais durante o ciclo menstrual, sendo cada uma delas correspondente a uma fase do ciclo ovariano:
- A Fase Proliferativa é concomitante ao amadurecimento folicular e é influenciada pelos estrogênios que estão sendo produzidos pelas células foliculares do ovário. O estrogênio estimula a proliferação mitótica da camada basal do endométrio, passando então a formar a camada funcional, com suas glândulas, acúmulo de substância fundamental e formação das artérias espiraladas. Este processo ocorre durante os primeiros catorze dias do ciclo menstrual.
- A Fase Secretora coincide com a atividade funcional do corpo lúteo e é influenciada principalmente pela progesterona por ele produzida. O endométrio fica edemaciado, as glândulas dilatam e espiralizam-se, passando a produzir e secretar substâncias nutrientes, principalmente glicogênio.
- A Fase Menstrual começa quando declina a produção de hormônio pelo ovário, após a degeneração do corpo lúteo. Inicialmente, as contrações periódicas das paredes das artérias espiraladas, que duram várias horas, fazem com que a camada funcional fique isquêmica, que as glândulas parem de secretar e que a altura do endométrio diminua, à medida que as células do estroma vão ficando mais condensadas. Depois, com breves períodos de fluxo sanguíneo, ocorre a ruptura do epitélio superficial e dos vasos sanguíneos. À medida que fragmentos de tecido separam-se do endométrio, as extremidades rompidas das veias, artérias e glândulas ficam expostas. A descamação continua até permanecer apenas a camada basal.
Regulação Hormonal nas Mulheres
Nas mulheres, o FSH atua sobre os ovários, estimulando a etapa inicial da maturação dos folículos, e o LH é o responsável pelo rompimento do folículo maduro e a liberação do oócito, a ovulação. Durante o surto de LH, o folículo de Graaf passa por algumas alterações:
- O oócito primário completa a primeira divisão meiótica, produzindo duas células de tamanhos diferentes: uma grande, chamada oócito secundário, e outra pequena, o 1º corpo polar. O oócito secundário inicia imediatamente a segunda divisão meiótica, mas estaciona em metáfase II;
- As células da granulosa começam a secretar progesterona e estradiol;
- O folículo aumenta de tamanho e secreta enzimas hidrolíticas que rompem a superfície do ovário, possibilitando a liberação do oócito secundário para a região da tuba uterina.
O oócito (convencionalmente chamado de óvulo) é levado até a tuba uterina pelos cílios das fímbrias e chega ao útero pela atividade ciliar e pelas contrações das células musculares lisas da tuba.
Após a ovulação, o LH transforma o restante do folículo, no ovário, em corpo lúteo, que irá secretar tanto estradiol como progesterona, hormônios que irão manter o útero receptivo à implantação de um embrião, caso haja fecundação. Não ocorrendo a fecundação, o corpo lúteo degenera-se, ficando no local o corpo albicans (semelhante a uma cicatriz).