A Segunda República Espanhola: Períodos e Eventos Chave

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A Segunda República Espanhola (1931-1936)

Após a demissão de Primo de Rivera em 28 de janeiro de 1930, o rei Afonso XIII aceitou-a e nomeou o General Berenguer como presidente do Conselho de Ministros. O governo de transição de Berenguer, marcado pela fraqueza, foi ridicularizado sob o nome de 'ditadura suave'. No início do ano, parecia que este governo seria a solução, mas a partir do verão, foi considerado um erro. Após o fracasso de um comunicado oficial, a ideia era convocar eleições para o final de janeiro de 1931, mas o projeto entrou em colapso quando republicanos, socialistas e ex-políticos dinásticos anunciaram sua intenção de não participar. O rei não teve escolha senão formar um governo de concentração com personalidades tão diversas como Romanones ou Cierva, presidido pelo Almirante Juan Bautista Aznar-Cabañas.

Governo Provisório (14 de abril de 1931)

Em 14 de abril de 1931, formou-se um Governo Provisório, cuja missão era convocar eleições para as Cortes Constituintes e elaborar uma nova Constituição. A presidência do Governo Provisório da República foi assumida por Niceto Alcalá Zamora. Este governo implementou reformas imediatas: na educação, no campo (jornada de 8 horas) e no exército (com a 'Lei Azaña de 1931'). A Igreja espanhola manteve uma postura cautelosa antes da proclamação da República, mas após os acontecimentos de maio, começou a opor-se.

As eleições, convocadas pelo Governo Provisório, foram realizadas em 28 de junho de 1931, com uma ampla participação popular (masculina). Os assentos foram distribuídos da seguinte forma: o PSOE obteve 117 deputados, o Partido Radical 93, o Partido Republicano Radical Socialista 59 e a Ação Republicana 27.

Manuel Azaña presidiu este governo, embora o PSOE tenha sido o partido mais votado nas eleições. A direita não aceitou que os socialistas chegassem ao poder. A Constituição de 1931, aprovada em novembro, refletia abordagens totalmente novas, modernas e revolucionárias. Espanha é, de acordo com o Artigo 1º, "uma república democrática de trabalhadores de todas as classes, que se organiza em regime de liberdade e justiça."

A República de Esquerda: O Biênio Reformista (1931-1933)

O governo de Azaña foi caracterizado como reformista. Uma série de leis importantes foram aprovadas para desenvolver e implementar reformas, como a reforma agrária, a Lei do Divórcio e do Casamento Civil, o Estatuto de Autonomia da Catalunha, a Lei das Congregações Religiosas e a Lei de Ordem Pública.

A nova Lei de Reforma Agrária visava: dar terra a quem não a tinha, acabar com os latifúndios e punir a negligência. O IRA (Instituto de Reforma Agrária) foi criado para a execução dos projetos. A lei foi finalmente aprovada em 24 de agosto de 1932, e o IRA foi responsável por fazer um registo das propriedades expropriáveis.

A Lei de Defesa da República foi proclamada, e os Guardas de Assalto foram criados. Em 10 de agosto de 1932, o General Sanjurjo liderou uma tentativa de golpe contra o governo de Azaña, mas o prestígio do governo foi consolidado, e a Lei de Reforma Agrária e o Estatuto de Autonomia avançaram no Parlamento. Durante estes dois anos, houve muitas revoltas camponesas. Particularmente grave foi o caso de Casas Viejas (Cádiz). Em 11 de janeiro de 1933, camponeses anarquistas da CNT tomaram a aldeia e mataram dois guardas civis do posto. O governo enviou reforços para recuperar o lugar. Um dos líderes anarquistas entrincheirou-se em sua casa com seus filhos e netos. As forças de segurança incendiaram a casa e mataram seus seis ocupantes, após um ataque liderado pelo povo. A opinião pública e o Parlamento reagiram. A CNT e os comunistas atacaram o governo. A direita aproveitou a oportunidade para manchar a imagem do governo.

A República de Direita: O Biênio Negro (1934-1936)

Nas eleições de 1934, a direita chegou ao poder na República, após dois anos de governo de esquerda. A abstenção foi alta em regiões dominadas pelos anarquistas e muito baixa onde a direita era mais forte. Os partidos de direita apresentaram-se em conjunto, e a esquerda não conseguiu formar uma frente comum. Importante foi o voto feminino, que favoreceu os conservadores.

Os votos foram distribuídos da seguinte forma: a direita ganhou 204 assentos no Parlamento, o centro 168 e a esquerda 94 deputados.

Os dois anos de governo de direita foram um período estéril, em crise constante, com mudanças contínuas de ministros. O movimento operário foi radicalizado depois do triunfo da direita, levando a confrontos graves.

O novo governo, chefiado pelo líder radical Lerroux, só poderia governar com o apoio da CEDA, e seu líder, Gil Robles, deixou claro que apoiaria o governo enquanto desmantelava as reformas feitas pela esquerda anterior. Uma das questões mais importantes foi a lei de reforma agrária, aprovada em 1935. Os camponeses foram expulsos, e a lei dos limites municipais foi revogada. Foram devolvidos à aristocracia fundiária os terrenos expropriados em 1932, ou foi-lhes oferecida uma indemnização.

Os sindicatos agrícolas convocaram uma greve geral em 1934, com o objetivo de tomada do poder pelos socialistas. A revolução foi liderada pelos dirigentes socialistas Indalecio Prieto e Largo Caballero. O governo reagiu com excesso de energia: milhares de mortos, feridos e presos. Muitas casas do povo e jornais de esquerda foram fechados.

Gil Robles, como Ministro da Guerra, promoveu generais que mais tarde se levantariam contra a República.

O Governo de Alejandro Lerroux

Após a Revolução de 1934, a CEDA foi reforçada. Contramedidas foram aceleradas na agricultura, e as aspirações nacionalistas catalãs, bascas e galegas foram refreadas. Um escândalo de corrupção, conhecido como 'Straperlo' (mercado negro), obrigou o primeiro-ministro Lerroux a demitir-se. Foi nomeado presidente provisório Manuel Portela Valladares, que convocou eleições e dissolveu as Cortes.

O Triunfo da Frente Popular

As eleições de 16 de fevereiro de 1936 ocorreram de forma calma e democrática, confrontando, teoricamente, a esquerda (Frente Popular) e a direita (Bloco Nacional). A Espanha estava dividida entre dois blocos concorrentes e facções inconciliáveis. O novo Parlamento da República depôs o presidente Alcalá Zamora e nomeou Manuel Azaña.

De fevereiro a julho de 1936, a Espanha foi convulsionada por uma escalada espetacular dos transtornos de todos os tipos, que o governo foi incapaz de enfrentar, diante das constantes críticas da direita. Os Generais Mola e Franco planearam uma revolta, mas algo deu errado. Muitos comandantes militares que não aderiram à rebelião, e as massas populares, correram às armas para defender as conquistas da República.

Havia começado uma guerra civil de três anos que custaria milhares de mortos, desencadeando uma repressão brutal por parte dos vencedores e quarenta anos de ditadura franquista.

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