A República de Platão: Análise e Contexto do Mito da Caverna
Classificado em Filosofia e Ética
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Contextualização da Obra e do Autor
Este fragmento pertence ao Livro VII da República, escrito por Platão em sua maturidade (entre 388 e 385 a.C.). A obra é composta por dez livros, cujos principais temas são a criação de um Estado justo e o desejo de aprimorar os cidadãos que nele vivem, em uma cidade justa. A partir desta ideia, surgem os principais conceitos da teoria platônica, como o conhecimento e as Ideias.
A República é uma obra de suma importância para a História da Filosofia, pois sintetiza o pensamento de Platão e levanta questões éticas e políticas que ainda hoje são válidas.
Períodos da Obra Platônica
As demais obras de Platão são classificadas em diferentes períodos:
Juventude
Neste período, Platão escreveu obras como Apologia, Críton e Protágoras, nas quais tratou de conceitos como justiça, educação, amizade, conhecimento, entre outros.
Primeira Viagem à Sicília e Fundação da Academia
Neste período, escreveu Górgias, Eutidemo e Meno. São obras que abordam a injustiça e o cinismo político, a Teoria das Ideias, bem como sua teoria da transmigração das almas e do conhecimento.
Maturidade
Em seu período maduro, ele escreveu, além da República, obras como Fédon e Simpósio, nas quais aprofunda a Teoria das Ideias, a teoria do amor e expõe alguns dos grandes mitos.
Vida de Platão e Influências
No que diz respeito à sua vida, Platão estava insatisfeito com sua sociedade e buscou a reforma política. Para isso, ele recorreu a seu amigo Dion, herdeiro da corte de Dionísio, para realizar reformas políticas que seu pai não conseguiu. A Carta Sétima relata os esforços de Platão para construir um Estado justo. Outro evento marcante em sua vida foi a morte de seu amigo Sócrates, a quem Platão considerava "o melhor homem que conhecemos, o mais inteligente e o mais justo".
Finalmente, vários filósofos influenciaram Platão:
- Pitágoras postulou que o corpo é a prisão da alma.
- De Parmênides, ele absorve a ideia do caminho da opinião como porta de entrada para o mundo sensível e o caminho da verdade como acesso ao mundo inteligível, além de utilizar as mesmas características do Ser de Parmênides.
- Anaxágoras introduziu o "Nous" (Mente), a causa eficiente do movimento.
- Sócrates compartilhou sua rejeição ao hedonismo e sua orientação para a educação.
Análise do Mito da Caverna
Primeiro Fragmento: A Realidade dos Prisioneiros
Este fragmento, que se inicia em "como nós" e termina em "muito mais disse", pertence ao Livro VII da República de Platão. É um diálogo entre Sócrates e Glauco, que narra o Mito da Caverna. Nele, Platão inicia a explicação do significado do mito. Os prisioneiros na caverna viam apenas as sombras projetadas pelo fogo à sua frente, ouviam os ecos associados e, portanto, consideravam as sombras e os ecos como reais. Mas e se fossem libertados das correntes e curados de sua ignorância? Ao olhar para a luz, sentiriam apenas dor e não veriam nada. Considerariam as sombras mais realistas do que os objetos que viam naquele momento.
Segundo Fragmento: A Ascensão e o Conhecimento
Este fragmento, que se inicia em "se você tem" e termina em "esta vida", pertence ao Livro VII da República de Platão. É um diálogo entre Sócrates e Glauco, que narra o Mito da Caverna. Os prisioneiros na caverna estavam acorrentados às sombras e aos ecos, mas e se fossem libertados? Se fossem desacorrentados e obrigados a subir, sentiriam dor no corpo, seus olhos seriam cegados, e ao chegar lá fora, teriam que se acostumar com a luz para ver os objetos. Sócrates relata os esforços dos prisioneiros libertados para subir a encosta, a dor inicial causada pelo brilho e, em seguida, o processo visual para começar a ver o mundo: as sombras, os reflexos na água, os objetos, os astros (a lua e as estrelas), e, por último, o sol no céu, que produz as estações e os anos, e que governa toda a região do visível. Eles ficariam felizes por terem mudado e não desejariam voltar, apesar da honra, louvor e recompensas que existiam lá embaixo.
A Ascensão e o Processo Educativo
A ascensão de um prisioneiro e sua adaptação à luz exterior para ver o sol diretamente representam as dificuldades do processo educativo, que requer necessariamente um guia que já alcançou o mundo superior. Através deste processo, a pessoa cresce e se aprimora.
A dialética, a reminiscência e o amor são os meios para ascender ao Mundo das Ideias. Para explicar essa ascensão, Platão traça um paralelo entre ontologia e epistemologia, ou seja, os graus do conhecimento.
Graus do Conhecimento: Mundo Sensível e Inteligível
O Mundo Sensível está dividido em dois níveis:
Mundo Sensível (Doxa)
As imagens, que podem ser apreendidas pela imaginação, equivalem às sombras que o prisioneiro acorrentado via.
As coisas (objetos físicos), que são capturadas pela crença, equivalem aos objetos carregados pelos que caminham na caverna.
Platão atribui a este nível o grau de conhecimento da opinião (doxa).
Mundo Inteligível (Episteme)
Os objetos matemáticos, que são estudados pela inteligência (dianoia), equivalem ao momento em que se vê a luz da lua ou a saída da caverna. Além disso, ao deixar o mundo sensível para o inteligível, não se pode ver imediatamente, pois não estamos preparados: "é preciso esperar até que seja dia para conhecer a verdade".
As Ideias (Formas), que são estudadas através do pensamento (noesis), equivalem à Ideia do Bem em si. Esta é inteligível para outras Ideias e Platão a compara ao sol do mundo sensível, pois com sua luz torna os objetos visíveis e as sombras.
Platão atribui a este nível o grau de conhecimento da ciência (episteme).
A matemática é vital, pois permite que a alma se desvincule do sensível e se volte para a contemplação dos objetos inteligíveis. A alma, ao vislumbrar a beleza deste mundo, recorda a verdade e começa a contemplar as Ideias.