A República Romana: Conflitos, Conquistas e Crise

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Introdução e Evolução Política

A Roma Antiga, localizada na Península Itálica, foi habitada por diversos povos, como Etruscos, Latinos e Gregos. Sua evolução política passou por fases distintas:

  • Monarquia (753 a.C. - 509 a.C.): Governada por um rei, com o apoio do Senado e da Assembleia Curial.
  • República (509 a.C. - 27 a.C.): Período marcado por conflitos entre patrícios e plebeus, expansão territorial, uma sociedade escravista e, posteriormente, uma crise que levou ao surgimento dos triunviratos e reformas.

Durante a República, Roma desenvolveu suas instituições sociais e econômicas e expandiu seu território, tornando-se uma das maiores civilizações do mundo antigo. A palavra "República" em latim significa "coisa de todos" (res publica). No entanto, em Roma, viu-se uma distorção do poder, com a instalação de uma organização política dominada pelos patrícios. Mesmo que quase toda a população fosse composta por plebeus, eles não participavam das decisões políticas.

Reformas e Triunviratos

A crise da República foi pontuada por reformas e pela ascensão de generais:

  • Reformas dos Irmãos Graco (Tibério e Caio): Propuseram a distribuição de terras e a reforma agrária, mas enfrentaram forte oposição.
  • Generais com mais poder: A influência militar cresceu, levando à formação de alianças políticas.
  • Primeiro Triunvirato: Pompeu, Crasso e Júlio César.
  • Segundo Triunvirato: Marco Antônio, Otávio Augusto (que se tornaria imperador de 27 a.C. a 14 d.C.) e Lépido.

Conflitos entre Patrícios e Plebeus

Embora os plebeus constituíssem a maioria da população, eles não tinham direito de participar das decisões políticas. Tinham deveres a cumprir, como lutar no exército e pagar impostos. A segurança de Roma dependia de um exército forte e numeroso, e os plebeus eram indispensáveis na formação desse exército.

Conscientes de sua importância e cansados de tanta exploração, os plebeus recusaram-se a servir o exército, o que representou um duro golpe na estrutura militar de Roma. Iniciaram uma longa luta política contra os patrícios, que perdurou por mais de um século. Lutaram para conquistar direitos, como o de participar de decisões políticas, exercer cargos da magistratura ou casar-se com patrícios.

Conquistas da Plebe

Para retornar ao serviço militar, os plebeus fizeram várias exigências aos patrícios e conquistaram importantes direitos. Entre eles, destacam-se:

  • Criação do Comício da Plebe e do Tribuno da Plebe: A pessoa do Tribuno da Plebe seria inviolável, protegida contra qualquer violência ou ação da justiça, e teria poderes especiais para cancelar decisões do governo que prejudicassem os interesses da plebe.
  • Lei das Doze Tábuas (450 a.C.): Juízes especiais (decênviros) decretaram leis escritas válidas para patrícios e plebeus. Embora o conteúdo dessas leis fosse favorável aos patrícios, o código escrito serviu para dar clareza às normas, evitando arbitrariedades.
  • Lei Canuleia (445 a.C.): Autorizava o casamento entre patrícios e plebeus. Na prática, porém, apenas os plebeus ricos conseguiam casar-se com patrícios.
  • Eleição dos Magistrados Plebeus (362 a.C.): Os plebeus conseguiram, lentamente, ter acesso a diversas magistraturas romanas. Em 336 a.C., elegeu-se o primeiro cônsul plebeu, a mais alta magistratura.
  • Proibição da Escravidão por Dívidas: Por volta de 366 a.C., foi decretada uma lei que proibia a escravização de romanos por dívidas. Em 326 a.C., a escravidão de romanos foi definitivamente abolida.

As diversas conquistas da plebe, entretanto, não beneficiaram igualmente a todos os seus membros. Os cargos políticos e os privilégios ficaram concentrados nas mãos da nobreza plebeia, que passou a desprezar o homem pobre da plebe da mesma maneira que um elevado patrício.

Conquistas Militares e Expansão Territorial

A luta política entre patrícios e plebeus não chegou a desestabilizar o poder republicano. Prova disso é que a República Romana expandiu notavelmente seu território através de várias conquistas militares. As primeiras evidências da expansão militar consistiram no domínio completo da Península Itálica. Mais tarde, tiveram início as guerras contra Cartago (cidade no norte da África), conhecidas como Guerras Púnicas. Posteriormente, veio a expansão pelo mundo antigo.

Guerras Púnicas (264-146 a.C.)

A principal causa das Guerras Púnicas foi a disputa pelo controle comercial do Mediterrâneo. Quando os romanos completaram o processo de conquistas da Península Itálica, Cartago era uma próspera cidade comercial que possuía colônias no norte da África, na Sicília, na Sardenha e na Córsega. Era, portanto, uma forte concorrente dos romanos. Para impor sua hegemonia comercial e militar na região do Mediterrâneo, os romanos precisavam derrotar Cartago.

Após batalhas violentas, desgastantes e com duras perdas, os romanos conseguiram arrasar Cartago em 146 a.C.

  • Primeira Guerra Púnica: Durou cerca de 20 anos. Roma tinha um exército superior ao de Cartago, cujas forças eram quase todas mercenárias. Cartago pediu paz e enfrentou um período de muitas dificuldades.
  • Segunda Guerra Púnica: Um general cartaginês, Aníbal Barca, nutria grande ódio por Roma. Com 90.000 guerreiros, 12.000 cavaleiros e 37 elefantes bélicos, Aníbal preparou-se para pôr em prática o mais arriscado e fantástico plano de guerra do Mundo Antigo: a expedição sobre os Alpes, rumo à Itália. Suas várias vitórias durante o caminho alimentaram um medo traumático nos romanos. Fábio, o comandante romano, partiu ao encalço de Aníbal, tendo sob seu comando cerca de 80.000 homens, que foram arrasados por 50.000 soldados de Cartago. No entanto, os romanos venceram os aliados que Aníbal havia conseguido e marcharam na direção de Cartago, obrigando o regresso do brilhante general em socorro da pátria. Aníbal foi ferido e suas tropas vencidas.

Depois das muitas batalhas, o ódio dos romanos contra os cartagineses transformou-se em sentimento nacionalista, deixando em segundo plano muitas divergências entre classes em Roma. No século II a.C., coube a Catão, o Censor, personificar obsessivamente uma campanha pela destruição completa de Cartago. Nos seus discursos no Senado Romano, Catão sempre os encerrava com a frase Delenda est Carthago (Cartago seja destruída). O sucesso de suas pregações selou o destino da cidade. Cartago seria arrasada e teria suas terras aradas e saturadas de sal, além de receber uma grande maldição.

Expansão pelo Mundo Antigo

Eliminando a rival Cartago, os romanos abriram caminho para a dominação de regiões do Mediterrâneo ocidental (Macedônia, Grécia, Ásia Menor). O mar Mediterrâneo foi inteiramente controlado pelos romanos, que o chamavam de mare nostrum (nosso mar).

Consequências das Conquistas Militares

As conquistas militares trouxeram para Roma a riqueza dos países dominados. O estilo de vida romano, antes simples e modesto, evoluiu em direção ao luxuoso, ao requintado, ao exótico. A elevação do padrão e do estilo de vida romano refletia-se na construção das casas, no vestuário e na alimentação das classes dominantes. Contudo, o luxo e a riqueza eram privilégios de uma minoria de patrícios e plebeus ricos.

No plano cultural, as conquistas militares colocaram os romanos em contato com a cultura de outras civilizações. Nesse sentido, deve-se destacar a grande influência dos gregos sobre os romanos.

A sociedade também sofreu transformações. Os ricos nobres romanos, em geral pertencentes ao Senado, tornaram-se donos de grandes latifúndios, que eram cultivados pelos escravos. Obrigados a servir no exército romano, muitos plebeus regressaram à Itália de tal modo empobrecidos que, para sobreviver, passaram a vender seus bens. Sem terras, inúmeros camponeses plebeus emigraram para a cidade, engrossando a massa de desocupados pobres e famintos.

Crise e Fim da República

O aumento da massa de plebeus pobres e miseráveis tornava cada vez mais tensa a situação social e política de Roma. A sociedade dividia-se em dois grandes polos: de um lado, o povo e seus líderes, que reivindicavam reformas sociais urgentes; de outro, a nobreza e os grandes proprietários rurais.

Diante do clima de tensão, os irmãos Tibério e Caio Graco, que eram tribunos da plebe, tentaram promover uma reforma social (133-132 a.C.) para melhorar as condições de vida da massa plebeia. Entre outras medidas, propuseram a distribuição de terras entre camponeses plebeus e limitações ao crescimento dos latifúndios. Sofreram, então, forte oposição do Senado Romano. Acabaram sendo assassinados a mando dos nobres, que se sentiram ameaçados pelo apoio popular que os irmãos vinham recebendo.

Fracassadas as reformas sociais dos irmãos Graco, a política, a economia e a sociedade romanas entraram num período de grande instabilidade, culminando no fim da República.

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