A Restauração da Monarquia: O Retorno dos BourbonsApós o golpe do General Pavia e a dissolução do Parlamento, estabeleceu-se um governo provisório. Em teoria, a República ainda estava em vigor, mas na prática era uma ditadura militar do General Serrano.
Um aumento de impostos e novas mobilizações permitiram deter o avanço carlista. Mas, no final do ano, a posição de Serrano já era frágil, enquanto o apoio à causa afonsina crescia entre as classes médias e dentro do Exército.
O Príncipe Afonso assinou o Manifesto de Sandhurst, redigido por Cánovas, no qual garantia o diálogo, a monarquia constitucional e a sua vontade de aceitar muitos dos progressos políticos alcançados durante o Sexénio Democrático. Cánovas preparava o regresso à monarquia. Mas os generais monárquicos adiantaram-se e pronunciaram-se em Sagunto, a favor da monarquia. O governo não ofereceu resistência e demitiu-se. Cánovas formou um ministério-regência e proclamou Afonso XII como Rei. Os Primeiros Passos do RegimePara restaurar a autoridade da Coroa, Cánovas nomeou novos governadores e presidentes de câmara monárquicos e decretou uma série de medidas repressivas contra a oposição.
A aplicação de medidas repressivas foi seletiva; Cánovas manteve contacto com líderes progressistas e democratas, pois queria que aceitassem a monarquia e se integrassem no novo regime político.
A campanha final contra os carlistas permitiu primeiro a queda da zona carlista catalã e o estreitamento do cerco ao núcleo de Navarra e do País Basco, culminando na sua rendição em 1876 (Manifesto de Somorrostro).
O Carlismo foi derrotado, mas o sentimento regionalista permaneceu. Não desapareceu o movimento ultraconservador e católico tradicionalista; na verdade, o Carlismo permaneceu vivo.
O fim da Guerra Carlista permitiu o envio de tropas para Cuba. Durante dois anos, combinou-se uma liderança militar eficaz com negociações. A Paz de Zanjón, que pôs fim à guerra em 1878, incluía uma ampla amnistia, a liberdade para escravos e trabalhadores asiáticos (culis), e uma série de reformas legais. O Sistema Canovista: Constituição e Turno de PartidosAs Bases Políticas do Sistema CanovistaAntonio Cánovas del Castillo foi a figura-chave da Restauração. O seu primeiro objetivo foi estabelecer firmemente a Monarquia, inclusive acima da Constituição. Para ele, a Monarquia e as Cortes (Parlamento) eram os dois pilares da história de Espanha. A Coroa deveria recuperar o prestígio perdido durante o reinado de Isabel II. Cánovas idealizou uma Monarquia que partilhasse a soberania com as Cortes, com ampla capacidade de intervenção e, sobretudo, que desempenhasse um papel moderador (poder moderador) na vida política.
Em segundo lugar, o enquadramento constitucional deveria acomodar todas as tendências liberais. Tratava-se de criar um sistema que fosse igualmente válido para os antigos moderados, progressistas, unionistas e democratas que aceitassem a monarquia afonsina. Queria uma Constituição que durasse, que permitisse a diferentes partidos governar e que pusesse fim aos pronunciamentos militares como forma de tomar o poder.
Este último aspeto preocupava especialmente Cánovas. O Exército deveria regressar aos quartéis. Para isso, foi decisivo o papel de Afonso XII, um 'rei-soldado' com formação militar, que granjeou o respeito dos militares. O modelo ideal de parlamentarismo para Cánovas era o da Grã-Bretanha. Baseava-se na existência de dois grandes partidos dinásticos (Conservador e Liberal) que aceitassem a alternância no poder (o turno pacífico), a fim de evitar a atomização parlamentar e garantir maiorias governamentais estáveis.
O regime da Restauração foi muito conservador, tanto no campo político como, sobretudo, no social e económico. A Monarquia fora restaurada com o apoio de políticos conservadores, da burguesia de negócios e de altos comandos militares. Todos eles partilhavam interesses e uma visão comum: a defesa da ordem social e da propriedade, e a Monarquia como garantia de estabilidade.
Essa visão da política era partilhada por amplos setores das classes médias, que identificavam o período anterior do Sexénio Democrático (1868-1874) com instabilidade política e crise económica. Embora essas classes, de facto, não participassem ativamente na vida política (marcada pelo caciquismo e fraude eleitoral), o novo regime contou com a sua aceitação passiva. |