Resumo: Grécia, Roma, Bizâncio, Islã e Reino Franco

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Grécia Antiga

A história da Grécia Antiga divide-se em três períodos principais:

Período Pré-Homérico

Durante este período, ocorreu a formação da Grécia com a chegada dos Aqueus, Jônios e Eólios (que influenciaram a civilização Cretense ou Minoica). Posteriormente, chegaram os Dórios, um povo militarizado que causou a Primeira Diáspora Grega. Desta civilização original, que foi em grande parte destruída, restou principalmente a herança cultural.

Período Homérico

Com a dispersão causada pela chegada dos Dórios, os povos gregos organizaram-se em genos (comunidades familiares autossuficientes, sem propriedade privada), lideradas pelo pater (chefe de família). O crescimento populacional tornou essa organização insuficiente, levando à Segunda Diáspora Grega. Os gregos buscaram novas terras, e o pater começou a privilegiar seus parentes diretos, os eupátridas, com as melhores terras.

Período Arcaico

Neste período, surgiram as cidades-estado, também chamadas de pólis. As mais destacadas foram:

Esparta

(Descendentes dos Dórios)

  • Sociedade militarista: A cidadania estava intrinsecamente ligada ao serviço militar.
  • Educação militarista: Focada na formação de soldados.
  • Z
  • Sistema político (Oligarquia):
    • Éforos: Exerciam o poder executivo.
    • Gerúsia: Conselho de anciãos.
    • Ápela: Assembleia de guerreiros cidadãos.
  • Laconismo: Hábito cultural de falar pouco e de forma objetiva.

Atenas

(Resultado da Segunda Diáspora, união dos eupátridas)

  • Organização política: Evoluiu de uma monarquia para a democracia ateniense, caracterizada por uma maior (embora limitada) participação política dos cidadãos, impulsionada por revoltas populares.

Guerras Médicas e Guerra do Peloponeso

Após a consolidação das pólis, Atenas destacou-se e formou a Liga de Delos, uma aliança militar para enfrentar o Império Persa. Após a vitória sobre os persas nas Guerras Médicas, a Liga de Delos continuou existindo, o que impulsionou o desenvolvimento cultural e artístico de Atenas, marcando seu auge (o Século de Péricles). Em oposição, Esparta criou a Liga do Peloponeso. A rivalidade culminou na Guerra do Peloponeso, uma guerra civil que enfraqueceu toda a Grécia. Essa fragilidade permitiu que a Macedônia, sob Filipe II e depois Alexandre, o Grande, dominasse a região, fundindo as culturas grega e macedônica e dando início ao Período Helenístico.


Roma Antiga

Monarquia e Início da República

No período monárquico, o poder era revezado entre diferentes povos e líderes. 2Q== Quando um rei tentou reduzir o poder dos patrícios (aristocracia), estes reagiram com uma revolução, derrubando a monarquia e instaurando a República Romana (509 a.C.).

Conquistas da Plebe

Inicialmente, os plebeus (homens livres, mas sem direitos políticos) não tinham poder. Através de lutas sociais, incluindo greves como a Secessão da Plebe, forçaram os patrícios a conceder-lhes direitos importantes:

  • Tribunos da Plebe: Representantes eleitos pelos plebeus com poder de veto sobre decisões do Senado que prejudicassem a plebe.
  • Lei das XII Tábuas: Primeiras leis escritas de Roma, garantindo maior segurança jurídica e isonomia.
  • Lei Canuleia: Permitiu o casamento entre patrícios e plebeus.
  • Leis Licínias-Sêxtias: Aboliram a escravidão por dívidas para cidadãos romanos e permitiram que plebeus acessassem o consulado.
  • Lei Ogúlnia: Permitiu aos plebeus o acesso a cargos religiosos (sacerdócios).
  • Lei Hortênsia: Determinou que as decisões da Assembleia da Plebe (plebiscitos) tivessem força de lei para todo o Estado romano.

Guerras Púnicas e Crise da República

Com a abolição da escravidão por dívidas (Lei Licínia), Roma passou a depender de escravos obtidos em guerras. A expansão territorial levou às Guerras Púnicas contra Cartago, das quais Roma saiu vitoriosa, dominando o Mediterrâneo Ocidental. No entanto, a expansão gerou graves problemas sociais: concentração de terras (latifúndios), empobrecimento de pequenos agricultores e aumento do número de escravos, causando desemprego e instabilidade. Revoltas populares e disputas pelo poder entre generais ambiciosos marcaram a Crise da República.

Triunviratos

A crise levou à formação de alianças militares para governar:

  • Primeiro Triunvirato: Crasso, Pompeu e Júlio César. Após guerras civis e as mortes de Crasso e Pompeu, Júlio César tornou-se ditador perpétuo, mas foi assassinado em 44 a.C.
  • Segundo Triunvirato: Otávio, Marco Antônio e Lépido. Novas guerras civis levaram à vitória de Otávio, que derrotou Marco Antônio (aliado a Cleópatra do Egito).

Império: Otávio Augusto e Pax Romana

Otávio centralizou o poder, recebeu o título de Augusto do Senado e tornou-se o primeiro Imperador Romano (27 a.C.), inaugurando o período do Império. Seu governo marcou o auge de Roma, caracterizado pela:

  • Pax Romana: Um longo período de relativa paz e estabilidade interna.
  • Política do Pão e Circo: Distribuição de alimentos e entretenimento público para controlar a população.
  • Guarda Pretoriana: Guarda pessoal do imperador.
  • Mecenato: Patrocínio às artes e à cultura.

Fatores da Crise do Império (Século III d.C. em diante)

  • Crise Econômica: Fim das guerras de conquista (menos escravos e riquezas), inflação, altos impostos.
  • Instabilidade Política: Disputas pelo poder, assassinatos de imperadores.
  • Pressão dos Povos Bárbaros: Invasões e migrações nas fronteiras.
  • Ascensão do Cristianismo: Monoteísmo que desafiava a autoridade divina do imperador e os valores tradicionais romanos.
  • Divisão do Império (395 d.C.): Para facilitar a administração e defesa, o Império foi dividido em Império Romano do Ocidente (capital em Roma/Ravena) e Império Romano do Oriente (capital em Constantinopla).


Império Bizantino

Características e Cesaropapismo

O Império Bizantino correspondia à parte oriental do Império Romano, com capital em Constantinopla (antiga Bizâncio). Era uma civilização rica e influente, que preservou muito da cultura greco-romana. Caracterizava-se pelo Cesaropapismo, um sistema em que o Imperador (Basileu) exercia grande autoridade sobre a Igreja e os assuntos religiosos.

Diferenças com Roma e Controvérsias

Embora herdeiro de Roma, Bizâncio desenvolveu características próprias:

  • Língua e Cultura: Predomínio da língua e cultura gregas.
  • Questão Iconoclasta: Movimento que proibia a veneração de imagens religiosas (ícones), gerando sérios conflitos internos e com a Igreja de Roma.
  • Debates Teológicos: Controvérsias sobre a natureza de Cristo e outros dogmas, que contribuíram para o distanciamento de Roma.

Governo de Justiniano (Século VI)

O reinado de Justiniano foi um dos mais importantes:

  • Tentativa de Restauração: Buscou reconquistar territórios do antigo Império Romano no Ocidente (Renovatio Imperii), obtendo sucesso temporário.
  • Revolta de Nika: Uma grande revolta popular em Constantinopla, causada por altos impostos e descontentamento, que foi duramente reprimida.
  • Corpus Juris Civilis: Compilação e codificação do direito romano, uma das maiores contribuições de Bizâncio para a civilização ocidental.
  • Construção da Basílica de Santa Sofia.

Declínio, Cisma e Queda

Após Justiniano, o Império enfrentou um longo declínio:

  • Perda de Territórios: Constantes guerras contra persas, árabes, eslavos e turcos.
  • Grande Cisma do Oriente (1054): Separação definitiva entre a Igreja Católica Romana (Ocidente) e a Igreja Ortodoxa Grega (Oriente).
  • Enfraquecimento Econômico e Militar: Dependência de mercenários e potências marítimas italianas (Veneza e Gênova).
  • Quarta Cruzada (1204): Os cruzados ocidentais saquearam Constantinopla, enfraquecendo fatalmente o Império.
  • Queda de Constantinopla (1453): Conquista da cidade pelos Turcos Otomanos, marcando o fim do Império Bizantino e, para muitos historiadores, o fim da Idade Média.


Árabes e o Islamismo

Origens: Maomé e a Hégira

Na Península Arábica pré-islâmica, a cidade de Meca era um importante centro comercial e religioso politeísta, dominado pela tribo coraixita, guardiã da Caaba. Maomé (Muhammad), nascido em Meca por volta de 570 d.C., entrou em contato com o judaísmo e o cristianismo. Por volta de 610 d.C., começou a pregar uma nova religião monoteísta, o Islamismo (submissão a Alá, Deus). Perseguido pela elite de Meca, Maomé fugiu para Medina em 622 d.C., evento conhecido como Hégira, que marca o início do calendário islâmico. Em Medina, ganhou seguidores e poder, retornando a Meca em 630 d.C. e unificando a Arábia sob o Islã.

Pilares do Islamismo

A prática do Islamismo baseia-se em cinco pilares fundamentais:

  • Shahada: Crer e declarar que "Não há outro deus senão Alá, e Maomé é seu profeta".
  • Salat: Realizar as cinco orações diárias voltado para Meca.
  • Zakat: Praticar a caridade, ajudando os necessitados.
  • Sawm: Jejuar do nascer ao pôr do sol durante o mês sagrado do Ramadã.
  • Hajj: Realizar a peregrinação a Meca pelo menos uma vez na vida, se tiver condições físicas e financeiras.
  • Livros Sagrados: O Alcorão (Corão), considerado a palavra literal de Deus revelada a Maomé, e a Suna, coletânea de ditos e atos do profeta.

Expansão e Califados

Após a morte de Maomé (632 d.C.), seus sucessores, os Califas, lideraram uma rápida e vasta expansão territorial (Jihad, que significa "esforço" ou "luta", podendo ter conotação militar de "guerra santa"). O Império Islâmico se estendeu do Oriente Médio ao Norte da África e à Península Ibérica. Disputas pela sucessão levaram à divisão entre Sunitas (maioria, que aceitavam a eleição dos califas) e Xiitas (que defendiam que a liderança deveria pertencer aos descendentes de Maomé). O vasto império foi governado por diferentes dinastias e dividido em Califados (como o Omíada, com capital em Damasco, e o Abássida, com capital em Bagdá) e emirados (como o de Córdoba, na Espanha).

Impacto na Europa

A expansão árabe teve grande impacto na Europa: interrompeu rotas comerciais tradicionais no Mediterrâneo, contribuiu para a ruralização e a consolidação do Feudalismo na Europa Ocidental, mas também promoveu um intenso intercâmbio cultural, preservando e transmitindo conhecimentos clássicos (filosofia, matemática, medicina) e introduzindo inovações (álgebra, algarismos indo-arábicos).


O Reino Franco

Dinastia Merovíngia: Clóvis e Majordomos

Os Francos foram um dos povos germânicos que se estabeleceram no território do antigo Império Romano do Ocidente (Gália). Sua unificação ocorreu sob o rei Clóvis (c. 481-511), fundador da Dinastia Merovíngia. A conversão de Clóvis ao Cristianismo Católico (Trinitarismo) foi crucial, garantindo o apoio da Igreja e da população galo-romana. Após Clóvis, seus sucessores, conhecidos como "reis indolentes", perderam gradualmente o poder para os administradores do palácio, os Majordomos do Paço (Prefeitos do Palácio).

Dinastia Carolíngia: Pepino e Carlos Magno

Um desses Majordomos, Carlos Martel, ganhou enorme prestígio ao derrotar os muçulmanos na Batalha de Poitiers (732), freando o avanço islâmico na Europa Ocidental. Seu filho, Pepino, o Breve, com o apoio do Papa, depôs o último rei merovíngio em 751 e fundou a Dinastia Carolíngia. Em troca do apoio papal, Pepino doou territórios na Itália à Igreja, formando o núcleo dos Estados Papais (Patrimônio de São Pedro).

Renascimento Carolíngio e Tratado de Verdun

O filho de Pepino, Carlos Magno (reinou de 768 a 814), expandiu enormemente o Reino Franco, transformando-o em um vasto império. Em 800 d.C., foi coroado Imperador do Ocidente pelo Papa Leão III em Roma, numa tentativa de restaurar o Império Romano. Carlos Magno promoveu um renascimento cultural e educacional (Renascimento Carolíngio), incentivando a criação de escolas e a preservação de textos clássicos. Após sua morte, o império foi enfraquecido por disputas internas e, em 843, dividido entre seus três netos pelo Tratado de Verdun.

Consolidação do Feudalismo

A divisão do Império Carolíngio, somada a novas ondas de invasões (Vikings, Magiares, Sarracenos) nos séculos IX e X, levou a uma profunda descentralização do poder. A incapacidade dos reis de garantir a segurança fortaleceu os laços de dependência pessoal (vassalagem) entre nobres e a autoridade dos senhores locais sobre suas terras e camponeses. Esse contexto acelerou a consolidação do Feudalismo como sistema político, econômico e social predominante na Europa Ocidental durante a Idade Média.

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