Resumo da Guerra Civil Espanhola (1936-1939)
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O Início do Conflito
Em 18 de julho de 1936, um grupo de generais rebelou-se contra a República, o que provocou uma guerra civil conhecida como a Guerra Civil Espanhola. Este conflito é considerado um prelúdio para a Segunda Guerra Mundial, onde se confrontaram o fascismo, o comunismo e a democracia. Foi um confronto entre os antigos grupos dominantes, que recorreram a uma rebelião armada com o apoio do exército e da Igreja, e as novas classes sociais que defendiam uma justiça democrática.
Causas da Guerra Civil
A Guerra Civil Espanhola ocorreu por diversos motivos:
- A reforma agrária e a resistência da oligarquia latifundiária.
- As tensões nacionalistas.
- As más condições de vida da população.
- A revolta nas Astúrias (1934).
- A ascensão do fascismo na Europa.
- A conspiração realizada desde 1933 por monárquicos, carlistas, falangistas e militares.
Os Lados em Conflito e Apoios
A revolta militar foi liderada pelos generais Mola e Franco (a partir de Marrocos). Os dois lados tinham diferentes bases de apoio:
- Lado Republicano: Leal à República, contava com o apoio da zona do Mediterrâneo, Astúrias, Madrid e Barcelona. Era composto por trabalhadores industriais, rurais e a pequena burguesia. Recebeu apoio internacional de grupos católicos progressistas, da França, das Brigadas Internacionais (voluntários antifascistas) e da URSS (que ofereceu armas em troca de ouro).
- Lado Nacionalista (Rebeldes): Tinha o apoio do centro das cidades, Granada e Sevilha. Era composto por militares, latifundiários, conservadores, tradicionalistas e grupos católicos. No entanto, não havia um objetivo único: uns queriam uma ditadura militar, outros a restauração da monarquia. Receberam apoio internacional da Grã-Bretanha, do Papado, de Portugal, da Itália fascista (com tropas e armas) e da Alemanha nazi.
No início da guerra, foi criada uma comissão de não-intervenção, que não foi cumprida.
O Desenvolvimento da Guerra
O objetivo dos militares rebeldes era avançar sobre Madrid. Mola iniciou o ataque, mas foi detido. Franco enviou tropas de Marrocos para o norte, bombardeando civis em Durango e Guernica. Os republicanos lançaram uma ofensiva, mas a crise no governo de Largo Caballero e, posteriormente, no de Negrín, atrasou as ações, e o norte foi praticamente dominado pelos nacionalistas.
Franco atacou Madrid novamente. O governo de Negrín lançou uma ofensiva em Teruel, que foi suprimida pelos rebeldes, assim como a de Aragão. O lado republicano ficou dividido em duas áreas, isolando a Catalunha. Para tentar unir as zonas, foi travada a Batalha do Ebro, que também foi reprimida pelos rebeldes. Franco conseguiu tomar a Catalunha, e o Reino Unido e a França reconheceram a sua autoridade. No final de março de 1939, o exército de Franco entrou em Madrid e tomou o resto do país.
Organização Política e Consequências
O Lado Republicano
Os republicanos não tinham um objetivo único: vencer a guerra ou realizar uma revolução. Isto provocou uma revolução social desorganizada e uma falta de unidade de comando. Não tinham um exército formal, mas sim grupos de milicianos armados. O governo de Largo Caballero, de caráter antifascista, era composto por socialistas, republicanos, comunistas e anarquistas, e teve problemas com estes últimos. O governo de Negrín, composto apenas por partidos (não sindicatos), tinha como objetivo resistir e alcançar uma solução negociada (os "Treze Pontos"). A derrota na Batalha do Ebro e o Pacto de Munique (1938) tornaram impossível a vitória republicana.
O Lado Nacionalista e o Novo Estado
O objetivo dos rebeldes era criar um Estado totalitário, contrário à democracia liberal e ao comunismo. Este lado nacionalista foi liderado por Franco (Chefe de Estado, de Governo e Generalíssimo dos exércitos), que implementaria uma ditadura pessoal com o apoio do exército, da Igreja e da Falange. Foi formado um Conselho Nacional de Defesa, que suspendeu a Constituição e paralisou a reforma agrária. Franco criou um partido único, a FET e das JONS, unindo falangistas, carlistas e outros. A oposição a esta unificação levou ao exílio e à prisão de figuras como Miguel Hedilla e Manuel Fal Conde.
As características do novo regime franquista incluíam:
- O culto ao "Caudillo" de Espanha.
- A criação da Lei do Trabalho, que proibia greves.
- A abolição da lei do divórcio e do casamento civil.
- A censura e o controlo religioso do Estado.
- A Lei de Responsabilidades Políticas, para a perseguição de pessoas ligadas a partidos de esquerda.
Conclusão
As consequências da guerra foram a repressão, morte e exílio de republicanos, a ruína do Tesouro (economia) e um retrocesso cultural com o novo Estado. A Guerra Civil Espanhola foi um dos eventos mais importantes do século XX. O seu resultado deveu-se ao fracasso da democratização, à radicalização política e social durante a Segunda República e à intervenção estrangeira, que prolongou o conflito, terminando com mais de meio milhão de mortos e mais de meio milhão de exilados.