Retórica e Argumentação: Perspectivas Históricas e Filosóficas
Classificado em Filosofia e Ética
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Relação entre Retórica e Argumentação
A lógica formal e a lógica informal não são as únicas disciplinas que estudam os argumentos. A retórica também estuda os argumentos, caracterizada como a arte da persuasão, isto é, a arte que estuda os procedimentos que permitem a um orador fazer com que o auditório adira aos pontos de vista que defende. A retórica tenta compreender e usar a capacidade persuasiva da argumentação na comunicação. A retórica precisa da argumentação, pois é através dela que consegue a atenção do auditório.
A Retórica Segundo Aristóteles
Segundo Aristóteles, a retórica é necessária porque:
- A verdade e a justiça não devem ser vencidas.
- Há alguns auditórios que nem a ciência mais exata consegue persuadir.
- É preciso ser capaz de argumentar sobre coisas contrárias para dominar o tema e para que, se alguém argumentar contra a justiça, seja possível refutar os seus argumentos.
- Devemos ser capazes de nos defender verbalmente.
Segundo Aristóteles, existem três grandes gêneros de discurso retórico: deliberativo, judicial e epidíctico. Para persuadir, o orador pode recorrer a dois tipos de provas: as técnicas e as não técnicas. As técnicas são as que podem ser preparadas pelo orador:
- Ethos: residem no caráter moral do orador.
- Pathos: encontram-se no modo como se dispõe o auditório.
- Logos: reside no próprio discurso.
Relação entre Retórica e Filosofia
Não existe nenhuma relação intrínseca entre a filosofia e a retórica, pois a retórica é o método de persuasão e não de descoberta da verdade. Se a filosofia usasse este método, seria apenas um jogo de interpretação que seria ganho por aquele que fosse capaz de melhor persuadir o auditório; assim, a retórica seria um instrumento que disputaria esse jogo de interpretações. Desta forma, a ideia transmitida anteriormente de que a filosofia tinha como objetivo formular teorias verdadeiras seria falsa. A filosofia apenas lhe confere uma importância mínima, admitindo a importância do uso da palavra.
A Retórica Segundo Platão
Para Platão, a retórica não é uma arte, mas uma forma de atividade empírica que tem por fim produzir no auditório um sentimento de agrado e de prazer. Platão chama a essa atividade empírica de adulação. Uma vez que não está comprometida com a verdade objetiva, o poder persuasivo da retórica pode, finalmente, transformar-se em manipulação.
A Retórica Segundo os Sofistas
Os sofistas eram professores profissionais itinerantes que instruíam os jovens e faziam conferências em que mostravam a sua eloquência em troca de dinheiro. O seu surgimento está relacionado com o sistema político democrático. A democracia implica a luta partidária que torna necessária a preparação de oradores capazes de construir discursos persuasivos em defesa de um projeto político. O saber é visto em função de uma certa utilidade. A preparação dos oradores é tarefa daqueles que sabem como argumentar, daqueles que se impõem pela palavra. Não é, portanto, de admirar que os sofistas atraíssem os jovens gregos que aspiravam à vida política e possuíam as elevadas quantias que, segundo Platão, eles exigiam como honorários.
Características dos sofistas:
- Ensinavam retórica, cujo domínio era essencial a quem quisesse fazer carreira política.
- Com exceção de Górgias, interessavam-se pela antropologia, pela evolução do homem, da sociedade e da civilização.
- Interessavam-se pelas relações entre as leis, os costumes e a natureza.
- Pretendiam ser capazes de dissertar sobre todos os temas e de responder a qualquer pergunta que lhes fizessem.
- Recusavam a existência de uma realidade permanente.
- Assumiam uma perspectiva empirista e cética.