Retórica, Democracia e Sofistas: Uma Análise Comparativa

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Relação entre Democracia e Retórica

A retórica é a arte de bem falar e de bem argumentar. Assim, o seu domínio, para qualquer pessoa que queira exercer um cargo político, é indispensável, uma vez que necessita da retórica para estruturar os seus discursos de forma a que os seus argumentos levem ao fim que os mesmos visam, sendo ele o de persuadir a audiência a aceitar o seu ponto de vista. A democracia depende da discussão de problemas/assuntos, logo a retórica é necessária a fim de expor bem os argumentos. Portanto, a retórica é indispensável para a prática política, consequentemente, a mesma é uma ferramenta da democracia, esta que teve origem em Atenas.

Características do Movimento dos Sofistas

Os sofistas encontraram em Atenas o ambiente favorável para discutir e pôr em causa a tradição, o conhecimento e a própria religião. Estes atraíam jovens ricos e cultos aos quais demonstravam as suas capacidades oratórias. Os sofistas dominavam a retórica e usavam-na para manipular e influenciar o auditório de modo a convencer e fazer ser aceite a sua ideia. Para eles não era importante o conteúdo, mas sim o resultado, isto é, o que eles diziam podia não ser legítimo nem verdadeiro, mas o importante era persuadir o público. Assim, a verdade, segundo os sofistas, não era objetiva, mas sim particular e subjetiva, isto é, a verdade é relativa, e qualquer pessoa pode defender a sua própria tese, conduzindo-nos à questão: vence a discussão quem tem razão ou tem razão quem vence a discussão? Para os sofistas, podemos afirmar então que eles venciam a discussão, esse sendo o objetivo deles, mas não tinham necessariamente razão; para atingir um fim, não ligavam aos meios, ou seja, os argumentos falaciosos que eles usavam para persuadir eram legítimos. Mas se um dia chegaram a ser respeitados e idolatrados, mais tarde passaram a ser criticados e desvalorizados.

Confronto entre a Perspetiva da Filosofia e a dos Sofistas perante a Política

Platão (perspetiva da filosofia) defende que a política é uma questão de saber e não de opinião, como defendem os sofistas. O filósofo aponta a democracia direta, defendida pelos sofistas, como um meio de manipulação através do talento oratório e possivelmente um ataque pessoal, na medida em que favorece os interesses pessoais e afirmando a possibilidade de qualquer tese/opinião ser defendável. No ramo político, os sofistas fazem mau uso do discurso atentando assim contra a opinião pública. O uso da retórica entra nos sofistas sob a dimensão reduzida acerca do conhecimento, enquanto na filosofia encontra uma perspetiva do bom uso, sob a dimensão mais alargada do conhecimento, que usa a verdade e somente a verdade.

Sofistas e Platão

Para os sofistas, a verdade é um ponto de vista, não havendo ou não sendo possível conhecer uma verdade única e estável, qualquer tese sendo defensável. Platão, pelo contrário, concebe a verdade como sendo a visão captada pela razão da realidade. Esta visão é a meta que os filósofos se propõem atingir.

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