A Retórica: História, Conceitos e Usos na Democracia

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A Retórica na Antiguidade: Sofistas e Filósofos

A retórica, como arte de convencer e persuadir, tem as suas origens na antiguidade, devendo aos sofistas a sua proliferação. Dedicados ao ensino de jovens cidadãos, dominavam a arte de persuadir pela palavra. Dotados de habilidade linguística e de estilo eloquente, surpreendiam pela sua vasta sabedoria e pelos seus discursos expressivos.

  • A sua vida itinerante e o contacto com diferentes culturas faziam-nos acreditar e defender que a verdade dos discursos é a verdade que serve ao homem (concreto); é uma verdade relativa, feita à medida das necessidades e circunstâncias de cada um.
  • Ao afirmar o relativismo da verdade, os sofistas inauguraram uma longa batalha contra Sócrates, Platão e seus discípulos. Por oposição ao nome filósofo, amigo do saber, o termo sofista – que originariamente significava sábio – passa a estar associado com o falso saber; o sofista é aquele que detém uma sabedoria aparente, que faz uso do raciocínio falacioso.

Ao contrário do sofista, os filósofos como Sócrates achavam que a argumentação só pode servir para a busca da verdade, e não aceitam a teoria do relativismo da verdade.

"No diálogo Górgias de Platão, Sócrates, para além de tecer as habituais críticas aos sofistas, define a retórica como uma atividade empírica, uma prática que serve de simulacro à política."

  • Com Aristóteles, a retórica torna-se um saber entre outros, uma disciplina que não faz uso do mesmo tipo de provas que as ciências teóricas e que se ocupa do que é verosímil. Assim, Aristóteles pôde libertar a retórica da má reputação que a ligava à sofística.

A Reabilitação da Retórica no Século XX e os Conceitos Fundamentais

  • No século XX, assistimos à completa reabilitação da retórica e da sua relação com a filosofia. A nova retórica encontra na argumentação o fundamento de uma nova racionalidade, isto é, passa a considerar-se a sua importância no pensamento e para o conhecimento.
  • Segundo Michel Meyer (Século XX), é na relação dos conceitos de ethos, pathos e logos que podemos encontrar a explicação dos diferentes momentos da retórica ao longo da sua história.
Tem em contaRetóricaPode servir para
Estilo, erudição e eloquência do oradorethosseduzir
Conhecimento do auditório e do contexto de receçãopathosmanipular
Conteúdo racional do discurso (argumentos)logosconvencer

Retórica e Democracia

É no terreno dos regimes democráticos que a retórica se evidencia. O poder do demos (povo) é coetâneo do poder da palavra. A igualdade perante a lei e o livre uso da palavra fomentam a cidadania.

Persuasão e Manipulação: Os Dois Usos da Retórica

Todo o discurso argumentativo tem por objetivo persuadir determinado auditório a adotar as teses de dado orador.

Não devemos confundir argumentação com manipulação.

  • Manipular consiste em paralisar o juízo e em tudo fazer para que o recetor abra ele próprio a sua porta mental a um conteúdo que de outro modo não aprovaria.
  • A argumentação, ao contrário da manipulação, pressupõe a existência de atos de comunicação livres entre emissor e recetor.

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