O Retorno de Martín Fierro: Resumo Detalhado e Análise
Classificado em Língua e literatura
Escrito em em português com um tamanho de 6,98 KB
Por José Hernández
Chamo a atenção para o silêncio
E o silêncio aos cuidados,
Estou indo neste momento
Se a memória não me ajuda,
Uma passagem que à minha história
Faltava-lhe o melhor.
Antecedentes
Na segunda parte de O Retorno de Martín Fierro, o personagem Martín Fierro relata uma série de novas aventuras em sua jornada, através das memórias de seu passado (livro anterior), até que ele finalmente encontra seus filhos perdidos e descobre que sua esposa morreu. Um novo personagem, chamado Picardía, canta para o público, com um estilo distinto, a história de sua vida. É neste segundo livro que os filhos relatam as experiências que cada um deles viveu como "órfãos". Depois de ouvir os conselhos do pai para seus filhos, o narrador interrompe sua canção para o final da história.
Personagens
Personagens Principais
Martín Fierro. É o protótipo do gaúcho. Agora, um homem adulto. Depois de ter sido um gaúcho violento, arrepende-se, por vezes, de suas lutas e sua atitude, e demonstra compaixão pelos outros. A obra termina com uma série de conselhos aos seus filhos, fruto de três anos de experiência na fronteira, dois como gaúcho bandido e cinco entre os índios.
Personagens Secundários
O filho mais velho de Martín Fierro: Narra as aventuras aflitivas que viveu depois de se tornar órfão e desabrigado, e como ele passou vários anos na prisão por causa de uma injustiça. A vida na prisão o marcou.
O segundo filho de Martín Fierro: Teve melhor sorte ao ser separado de sua família. Uma tia o adotou e o manteve até sua morte. Sua vida muda quando um professor decide cuidar dele. Viveu uma experiência difícil com a agonia de seu tutor e voltou a ficar sem-abrigo.
"Picardía": Personagem homônimo que encontra Martín Fierro e seus filhos. Canta a história de sua vida e adiciona um toque de "malandragem" à narrativa.
"El Moreno": Cantor que responde a uma rodada de músicas e bate-papos com Martín Fierro, na festa de encontro com seus filhos. Personagem cômico.
Primeira Parte
Capítulos I a V
Apresentação do personagem como homem do campo e cantor gaúcho. Ele descreve as qualidades de um homem. Martín Fierro resume os momentos tristes de sua vida: o abandono das terras, perda da família e viver em fuga da morte. Cruz e Martín são atacados pelos índios e conseguem ser salvos por um chefe que, por sua vez, os torna cativos. O personagem Martín Fierro faz um relato detalhado do que ele descreve como o temperamento e estilo de vida dos índios, que ele retrata como selvagens, preguiçosos, abusivos e insensíveis às mulheres:
Não têm amor a ninguém
Nem o que conhecer é amar;
Não esperam
Bronze os seios!
Eu sabia que eles para chegar lá e DESDE Calar.
Segunda Parte
Capítulos VI a X
Enquanto está entre os índios, uma epidemia de varíola atinge Cruz antes que ele possa fugir. Martín Fierro sofre muito e pede em vão pela saúde de seu amigo, que acabou dominado pela dor, e morreu. Fierro o enterra e passava horas deitado ao lado dele, até que um dia, estando lá, lamentando, ouve o grito de uma mulher. Vai ao encontro e descobre uma viúva que chora a morte de seu filho, que morrera minutos antes à sua frente. Ela vivia como uma escrava. Após uma longa luta em defesa de sua protegida, Fierro mata o índio que a mantinha em cativeiro. A mulher fica muito grata ao gaúcho. Enterram os mortos e decidem fugir antes de serem encontrados. Martín oferece à mulher seu cavalo e viajam através do deserto até a fronteira, onde se separam.
Terceira Parte
Capítulos XI a XIX
Martín fica sabendo, por um velho amigo, que o juiz que o perseguia morrera há algum tempo e é aconselhado a ficar calado, pois o governo não o busca mais. Martín Fierro, muito feliz, vai a uma corrida entre vários proprietários e encontra dois de seus filhos. Eles dizem que a mãe está morta, e cada um começa a contar ao pai o que lhes aconteceu durante os dez anos de sua ausência.
O filho mais velho começa a contar suas aventuras como "órfão" e como, sendo peão, foi injustamente acusado de roubar um pecuarista em uma fazenda próxima e levado para a prisão, que ele narra como um inferno. O segundo filho de Martín Fierro, após ser abandonado por sua família, é acolhido por uma tia que lhe dá todos os cuidados. Após a morte dela, e por não ter idade suficiente para administrar o dinheiro, é nomeado um tutor: um senhor viúvo que morre pouco tempo depois em situação de pobreza, deixando-o novamente sem-abrigo. A herança não pôde ser entregue até que ele completasse a maioridade. A viúva fica inconsolável, e o padre e o juiz se separam.
Quarta Parte
Capítulos XX a XXVIII
A festa continua para o pai e os dois filhos. Surge um novo personagem que pede para ser ouvido, pelo nome de "Picardía", que lhes conta, de uma forma única, como o nome indica, a história de sua vida: como ele era órfão, foi acolhido por tias, as aventuras que viveu com elas, seu interesse no jogo e as consequências que isso lhe causou.
Quinta Parte
Capítulos XXIX a XXXIII
(A partir daqui, o autor fala.) Entre as muitas festas, surge o cantor "Moreno", que desafia Martín Fierro a pegar o violão. Martín Fierro pega sua guitarra e começa a relembrar sua experiência como cantor desde tenra idade, e convida o público a ouvir até o amanhecer. O Moreno responde contando a história de sua família, descrevendo suas características culturais e o estatuto do negro. Ambos, o branco e o negro, apontam semelhanças e diferenças. Compartilham a sabedoria e o amor de cantar, o conhecimento da natureza, os conceitos de lei, a criação e a divisão do tempo. O Moreno amaldiçoa o fim que matou sua mãe, e Martín Fierro vai passar a noite no campo com seus filhos para ver as estrelas. O livro termina com os conselhos que o pai e amigo Martín Fierro dá aos seus filhos e a Cruz, fala sobre trabalho, coragem, mulheres, música e muitas outras coisas que aprendeu em sua experiência:
Essas coisas e muitas outras
Minha solidão me ensinou:
Sei que não há falsidades
Nem erro nesses conselhos
Que da boca de um velho
Sai a verdade.
Finalmente, o autor se despede com uma breve justificativa de sua obra.
- Nesta segunda parte, pode-se observar a importância do canto e dos personagens que representam a sabedoria popular que José Hernández queria destacar.
- "O que este pincel pinta / Nem o tempo pode apagar", José Hernández escreveu na introdução da segunda parte de seu poema. Hernández faleceu em 21 de outubro de 1886, e sua obra continua a ser uma força contínua, como um digno representante da literatura gaúcha, argentina e universal.