A Revolução Cognitiva: Da Mente ao Corpo Pensante
Classificado em Psicologia e Sociologia
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A Revolução Cognitiva foi a expressão utilizada para designar o movimento científico iniciado nos anos 50, que deu origem à chamada Ciência Cognitiva. É o estudo da mente e das perspectivas fundamentais da mente e do cérebro. Ou seja, não é o nome de uma ciência, é a cooperação de muitas ciências. Todo o estudo da mente, tal como tudo na mente, deriva da cognição.
A Revolução Cognitiva na psicologia foi uma resposta ao behaviorismo predominante na tipologia da psicologia experimental. Com influências de Ivan Pavlov, Skinner e outros fisiologistas. A partir do Behaviorismo, podemos referir que a psicologia é o estudo da mente e do comportamento. O paradigma da Ciência Cognitiva refere a relação entre a mente, cérebro, corpo e, em particular, a relação entre a razão e a emoção.
Atualmente, vivemos numa superação das visões dualistas da mente e do corpo, possuímos uma visão pós-dualista da vida mental, em que o dualismo é característico da visão de duas substâncias. Temos a visão dualista de que a mente é, em última instância, uma realidade física, a qual era considerada metafísica pelo cristianismo e pelo platonismo. A mente está alojada no corpo como os seres humanos estão alojados na caverna do mundo. Platão refere que o cérebro é parte da caverna, da escuridão, e a mente é superior ao corpo, era por ela que superaríamos os dogmas e atingiríamos a luz (verdadeiro conhecimento). O paradigma hoje é que a mente é parte do corpo, onde só existe corpo, sendo a mente essencialmente corpo. Nas visões dualistas, o corpo não pensa, quem pensa é a mente que está alojada no corpo.
A emoção está relacionada com os estímulos exteriores, sendo a razão o domínio superior da mente que deve controlar o domínio inferior, o corpo. A moral sexual, em particular na moral religiosa, é baseada numa perspetiva entre a razão que pertence à mente e a razão que pertence ao corpo. Tudo o que é emoção é físico, é uma pulsão física que influencia as atitudes mentais. Quando se diz que a mente é superior ao corpo, refere-se à razão e à emoção. No mundo das emoções, a mente torna-se a expressão das emoções físicas, pois a emoção expressa o corpo e a razão expressa a mente. Quando a emoção domina uma pessoa, é o corpo que domina a mente. Sendo que a emoção, a expressão do corpo, que acaba por desvirtuar a vida da mente, ou é o declínio da mente, que acaba por gerar rutura e a destruição. O dualismo corpo-mente torna-se, com esta analogia, o dualismo razão-emoção. Na visão tradicional da cognição da mente e do corpo, é a mente que pensa e o corpo sente. Para a nova ciência da cognição, o corpo e a mente pensam, a mente é uma dimensão do corpo que não está apenas alojada no cérebro, a mente é fundamentalmente corpo. O corpo pensa e a mente sente. Para o paradigma cognitivo, a mente é corpo e apenas corpo, não se relacionando com o metafísico.
Thomas Kuhn introduz a noção de que a ciência não é estudada em detrimento da quantidade de descobertas, mas sim de um processo histórico, além disso, a ciência é um processo sociológico e subjetivo, que coloca a noção de irracionalidade na arena da atividade científica. A ciência progride através de um estágio pré-paradigmático, passando pelo estágio paradigmático, crise e revolução, que dá origem a um novo paradigma, uma verdade temporária que, ao ser contradita, passa a um período revolucionário. É esta última fase que produz uma nova ideia, ainda que não tome novas visões sobre o mundo, novas crenças e ideologias. A psicologia atual é constituída pela junção da neurodiversidade, constituída por dois princípios, com a interdisciplinaridade. O princípio da integração, visando a igualdade, e o princípio do normal psicológico, onde muito do que se considera de distúrbio pode ser considerado normal.
António Damásio surge com a ideia base do livro Erro de Descartes, feita a transformação da relação ao pós-dualismo, uma crítica ao dualismo cartesiano. A tipologia cartesiana centra-se na máxima 'penso, logo existo', referindo que, se eu penso sobre mim, é porque eu existo para além de mim.