Revolução Cultural: Impacto das Aquisições no Pensamento
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As aquisições sucessivamente obtidas obrigaram a profundas alterações na maneira de ser, sentir e pensar, conduzindo ao desmantelamento de conceitos tradicionais fundamentais, quebrando e demolindo as estruturas do pensamento científico e cultural tradicionais, constituindo uma autêntica "revolução cultural".
Dessas necessidades práticas de adaptação primeiro, depois do domínio do real e da matéria, resulta a alteração de conceitos basilares e fundamentais que envolviam e condicionavam o pensamento e a ação: os conceitos de espaço, tempo e número.
O primeiro, espaço, passa a ser uma realidade física, visível, definida e concreta onde se desenvolve a ação de homens, e onde se localizam e definem concretamente as coisas, não míticas e fabulosas, mas reais. Nesse espaço bem concreto se adquire a perceção do real e visual das coisas.
O mesmo se diga do tempo, que deixa de ser algo impreciso, indefinido, indeterminado, não mensurável onde decorrem comportamentos e ações mítico-fabulosas ou providenciais. Também ele passa a ser uma realidade concreta, mensurável onde se medem e onde duram as ações e intervenções do homem real. Cada vez mais ganha sucessivamente uma noção positiva de precisão, dentro da qual o homem desenvolve e programa as suas ações.
A quantificação adquire uma extensão e uma importância enorme. A noção de número, de exatidão de medida e precisão entram definitivamente no âmbito do real e do concreto para a medição das atividades. O deve e o haver, o mais e o menos, estendem-se das necessidades e práticas contabilistas aos conceitos e necessidades globais da exatidão e precisão. Tudo é estimado e avaliado em função do número, do quantitativo. Em consequência, desenvolve-se a numeração algébrica simplificando e ampliando enormemente os processos de contagem tradicionais, tornando mais fácil o manejo e a proximidade com o número.
As necessidades trazidas pela navegação marítima, pela navegação e orientação astronómica, a medição das costas, das distâncias dos ancoradouros e portos, das distâncias oceânicas no interior dos mares, as necessidades de contagem de um comércio cada vez mais ativo, alargado e competitivo, quebram por completo, junto dos homens de ação, as noções e conceitos tradicionais carregados de imprecisão e de indefinição.
Estas profundas alterações estão intimamente correlacionadas com a vivência do real, com a ação, com a prática do quotidiano, com a experiência.