O Romance: Definição, Origem e Características
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Definição e Origem
O romance é uma série indefinida de versos octossílabos (oito sílabas métricas) com rima assonante nos versos pares, ficando os ímpares livres. A rima é a repetição de sons a partir da última vogal acentuada do verso. Quando coincidem todos os fonemas (vogais e consoantes), a rima é consoante; quando coincidem apenas as vogais, é assonante.
O romance é uma série indefinida de versos octossílabos. Sua origem remonta aos cantares de gesta (poemas épicos medievais). Esses cantares eram poemas orais, recitados ou cantados por jograis. Com o tempo, alguns fragmentos dos cantares tornaram-se mais populares. O povo começou a repeti-los e aprendê-los, transformando-os em novos poemas autónomos. Assim nasceu o romance.
Como os fragmentos recordados não tinham necessariamente o mesmo comprimento, o romance define-se como uma série indefinida de versos. Originalmente, os cantares de gesta tinham versos longos (frequentemente 16 sílabas) com uma cesura a meio e rima única (monorrima). Ao dividir esses versos longos pela cesura, surgiram os versos de 8 sílabas característicos do romance, e a rima passou a ocorrer apenas nos versos pares (que correspondiam aos antigos finais de verso). É por isso que se diz que os romances apresentam rima assonante nos versos pares.
Outra definição possível para romance é: uma composição épico-lírica destinada à difusão oral, frequentemente através do canto. Sua origem é popular e anónima. São narrativos e épicos porque contam histórias, descrevem lugares, pessoas e narram eventos. São líricos porque são poemas escritos em verso, com ritmo e rima, e também porque expressam sentimentos subjetivos, focando-se muitas vezes mais nos sentimentos das personagens do que nas suas ações.
Características Principais
- Fragmentarismo: Por serem frequentemente fragmentos de poemas épicos mais longos, muitas vezes têm um início abrupto (in medias res, sem introdução detalhada de personagens, local, etc.) e um final truncado ou aberto. Como resultado, o romance é geralmente pouco descritivo, sintético e, por vezes, omite informações, deixando o fim em aberto.
- Repetições: É comum a repetição de palavras, sons ou estruturas sintáticas (paralelismo), conferindo musicalidade e auxiliando a memorização. Podem ocorrer figuras como o poliptoto (repetição da mesma raiz lexical com flexões diferentes).
- Uso de Diálogo: O diálogo é um recurso frequente, conferindo vivacidade e dramatismo à narrativa.
- Ordenação Cronológica: Os factos são geralmente apresentados em ordem cronológica linear.
- Linguagem Arcaizante e Fórmulas: Uso de expressões, vocabulário ou construções que remetem à linguagem antiga ou fórmulas épicas típicas (epítetos, invocações, etc.).
- Predomínio de Verbos de Ação: O uso abundante de verbos, muitas vezes no pretérito perfeito ou imperfeito do indicativo (tempos narrativos por excelência), herança da épica, contribui para a narração ágil dos factos.
- Gosto pelo Suntuário: Apreciação e descrição de elementos de luxo, riqueza e nobreza (vestes, armas, castelos). Sendo de origem popular, refletia muitas vezes o desejo e a admiração do povo por esses itens presentes nas histórias da aristocracia.
- Elementos Sobrenaturais ou Maravilhosos: Por vezes, incluem acontecimentos extraordinários, mágicos ou sobrenaturais, apelando ao gosto popular por uma literatura diferente do quotidiano.
- Dinamismo: A narrativa é geralmente ágil e direta, com poucas descrições longas ou digressões, focando-se na ação.