O Romantismo: Contexto, Características e Autores
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O Romantismo: Contexto Histórico e Cultural
O Romantismo surge na primeira metade do século XIX, numa época marcada pelas consequências da Revolução Francesa. Liberais e membros do movimento operário enfrentaram os partidários do Antigo Regime, que se opunham à renovação das estruturas sociais.
Este movimento cultural opõe-se aos princípios do Iluminismo, como resultado da profunda crise social e ideológica de um mundo em rápida mudança, onde o materialismo e a automação cresciam, causando um conflito de identidade no ser humano. Deste conflito, nasceram duas atitudes opostas: o romantismo conservador, que rejeita a nova sociedade e anseia por um passado perdido, e o romantismo liberal, que reivindica o progresso, conduzindo a um futuro idealizado.
Características do Romantismo
As origens do Romantismo encontram-se no século XVIII, sob a influência da filosofia alemã, que revalorizou a expressão dos sentimentos. As suas principais características são:
- Irracionalismo: Recusa em explicar a realidade unicamente através da razão.
- Subjetivismo: Valorização das emoções e dos sonhos, que exploram o inconsciente.
- Idealismo: Busca pelo ideal e pelo absoluto, decorrente de um sentimento de incompletude.
- Individualismo: Consciência aguda e, por vezes, dolorosa de ser diferente dos outros.
- Génio Criativo: Revalorização da espontaneidade e da originalidade.
- Insegurança Radical: O romântico é, por natureza, inseguro e insatisfeito.
- Desencanto: Rebelião contra os padrões morais e sociais, pois a realidade não satisfaz.
- Solidão: O indivíduo refugia-se em si mesmo.
- Natureza Dinâmica: A natureza é identificada com o estado de espírito do poeta.
- Nova Sensibilidade: Exaltação da intimidade, do sentido de transitoriedade e da infelicidade da vida, o que provoca a revolta romântica.
O Romantismo em Espanha
O movimento romântico em Espanha foi tardio e surgiu de forma abrupta, devido às circunstâncias históricas e políticas que marcaram o país durante o primeiro terço do século XIX (Guerra da Independência e o reinado absolutista de Fernando VII). Com o fim do seu reinado, os emigrantes liberais regressaram a Espanha, trazendo consigo as ideias românticas. As décadas de 30 e 40 marcam o apogeu da literatura romântica, mas, devido ao seu desenvolvimento tardio, não alcançou a mesma profundidade que no resto da Europa.
Poesia
Na poesia, destacam-se dois tipos: a poesia narrativa, em poemas que combinam descrição, diálogo e lirismo (ex: O Mundo do Diabo, de Espronceda), e a poesia lírica, que expressa sentimentos pessoais como o cansaço da vida, a melancolia, o amor e a mulher idealizada (destacam-se Espronceda e Zorrilla).
José Zorrilla
Domina a narrativa, a lírica e os recursos dramáticos. A sua poesia é variada em temas e métrica, muda de registo poético com facilidade e lida fluentemente com diferentes estilos, possuindo também um grande sentido de ritmo e musicalidade.
José de Espronceda
É o poeta mais representativo do Romantismo liberal espanhol. A sua poesia divide-se em várias etapas:
- Poesia de influência neoclássica.
- Poesia da fase do exílio.
- Poesia plenamente romântica, onde abundam os tons sociais. Escreveu poemas líricos (O Carrasco, O Mendigo) e narrativos (O Mundo do Diabo, O Estudante de Salamanca).
O estilo de Espronceda é exaltado, prefere sentimentos extremos e interessa-se pela reação emocional que os seus versos podem produzir, abusando de recursos melodramáticos e de situações misteriosas.
Bécquer e Rosalía de Castro
São dois poetas do pós-romantismo que contrariam a corrente realista dominante na sua época.
Gustavo Adolfo Bécquer
Escreveu para jornais, publicou coleções de cartas e as Lendas. As Lendas são uma coleção de contos de fantasia com uma atmosfera marcadamente romântica (ex: A Corça Branca, O Beijo).
A prosa de Bécquer é notável pela sua musicalidade, valores rítmicos e qualidades pictóricas. Em 1871, um ano após a sua morte, foram publicadas as suas Rimas, cujos temas são o amor e a própria poesia. Os seus poemas caracterizam-se por uma aparente simplicidade e concisão, aproximando-se do Simbolismo ao aludir a ideias e sentimentos através de imagens da realidade externa. Combina recursos da poesia culta com elementos da poesia popular.
Prosa
Na prosa, o género de destaque é o romance histórico, como O Pajem de Henrique o Enfermo de Larra ou Sancho Saldaña de Espronceda. São romances ainda rudimentares, onde o narrador se envolve na história e que frequentemente desenvolvem enredos amorosos.
Outro género importante é o artigo de costumes, que se foca em aspetos concretos ou em formas de comportamento coletivo. Apresenta duas variantes: o tipo, que é o retrato de uma pessoa que representa uma classe social ou profissão, e a cena, que envolve várias personagens para descrever um costume particular. Entre os costumbristas, destacam-se Serafín Estébanez Calderón, Ramón de Mesonero Romanos e Larra.
Mariano José de Larra
A sua obra inclui artigos de costumes, crítica literária e política. O seu estilo é funcional, direto e procura convencer o leitor. Utiliza a ironia e o sarcasmo como mecanismos fundamentais para desmascarar as aparências.
Teatro
No teatro, o tema principal é o amor, misturando o trágico e o cómico para realçar o contraste entre os ideais e a realidade.
José Zorrilla
É o dramaturgo romântico de maior sucesso, com obras maioritariamente de tema histórico. Destacam-se O Sapateiro e o Rei e, sobretudo, Don Juan Tenorio, obra que transforma a figura do libertino, que, após uma vida escandalosa, é finalmente salvo pelo amor angelical de uma mulher.