Ruptura e Continuidade na Política Econômica Brasileira
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1. Ruptura Ideológica e da Política Econômica entre os Dois Mandatos do Governo Lula
O primeiro mandato do Governo Lula (2003-2006) possuiu um forte caráter ortodoxo, demonstrando continuidade na agenda de reformas do governo anterior. Este período foi marcado pelo compromisso com a austeridade fiscal e a busca por estabilidade de preços.
Características do Primeiro Mandato (Ortodoxia):
- Nomeação de Henrique Meirelles para o Banco Central (BCEN).
- Metas rígidas de inflação.
- Elevação da taxa Selic.
- Meta de superávit primário de 4,25% do PIB em 2003.
- Corte nos gastos públicos.
- Comprometimento com as reformas estruturais (de ajuste fiscal e redução das desigualdades).
Já em 2006, em seu segundo mandato, ocorreu a troca do Ministro da Fazenda: com a saída de Palocci e posse de Guido Mantega (conhecido por ser mais radical e contra políticas ortodoxas). Ocorreram várias mudanças no governo, sinalizando uma ruptura:
Características do Segundo Mandato (Heterodoxia e Consumo):
- Aumento da taxa real de variação do gasto público.
- Tendência de afrouxamento dos superávits primários.
- Uso do desconto do investimento na meta de superávit primário com “banda de tolerância”.
- Divergências entre o Ministro da Fazenda e o BCEN.
- Abandono dos estudos sobre contenção da despesa no longo prazo.
- Abandono da retórica de ênfase na “continuidade”.
- Aumento da importância relativa do BNDES.
Foi instalada uma política de consumo como pró-ajuste, tendo-se uma expansão de crédito e política fiscal agressiva com expansão dos gastos públicos. O consumo aumentou por vias de transferência direta (aposentadoria, aumento do salário mínimo, benefícios assistenciais, seguro-desemprego e Bolsa Família).
2. Justificativa e Discussão das Motivações para o Baixo Crescimento do Brasil e sua Relação com a Competitividade
O Brasil possui uma baixa taxa de crescimento do PIB desde a década de 1980. Isso se dá, principalmente, como um reflexo da aguda desigualdade na distribuição de renda e do patrimônio no país. Alguns fatos estilizados ajudam a entender esse panorama:
Fatos Estilizados que Limitavam o Crescimento:
- Despesa corrente primária (exceto juros e encargos da dívida) cresce de forma persistente.
- Carga tributária elevada (cerca de 35% do PIB).
- Poupança do setor público é negativa (a receita não acompanha o ritmo de crescimento da despesa, gerando um hiato crescente do déficit fiscal e impedindo investimento sustentado).
- Altas taxas de juros (taxa de juros média dos empréstimos bancários de 30% a.a.).
- Gargalos de infraestrutura (posição 104º em um ranking de 140 países sobre qualidade geral da infraestrutura).
- Forte crescimento real do salário mínimo, coexistindo com um grande número de trabalhadores com baixo nível de qualificação e pouco treinamento profissional, resultando em baixa produtividade.
- Economia fechada ao comércio internacional.
- Incerteza jurídica e baixa proteção aos direitos de propriedade (“Ranking Doing Business”).
- Grande número de pequenas empresas, informais e improdutivas.
- Atraso educacional.
Definimos competitividade como o conjunto de instituições, políticas e fatores que determinam o nível de produtividade de um país. Este nível de produtividade também determina a taxa de retorno obtida com os investimentos da economia, o qual direciona as taxas de crescimento. A partir dessa definição, pressupõe-se que o Brasil não possui os elementos necessários para uma alta produtividade, visto que é um país com baixa taxa de investimento fixo, fraqueza de demanda, escassez de capital humano, infraestrutura ineficiente e baixa qualidade da educação que forma a mão de obra, entre outros fatores que impedem um maior crescimento e nível de produtividade no país.
Questões de Múltipla Escolha
3. O Brasil no final da década de 90 pode ser caracterizado como uma economia em transição. Dentre essas características, podemos apontar os elementos abaixo, exceto:
- Economia aberta ao comércio.
- Economia aberta aos mercados financeiros.
- (Correta) Forte presença do Estado como produtor direto de bens e serviços.
- Estabilização dos preços.
- Agenda de reformas estruturais iniciadas em discussão.
4. Sobre o Bolsa Família, pode-se considerar vários fatos correlacionados, exceto:
- Promove um aquecimento da economia local.
- Visa superar a extrema pobreza e, por isso, promover uma redução da desigualdade social.
- Gera uma redução do trabalho infantil.
- (Correta) Um aumento da taxa de natalidade nas famílias beneficiadas.
- Observa-se nas famílias beneficiadas um maior empoderamento das mulheres.
5. O chamado tripé de política econômica adotado no segundo mandato de FHC diz respeito a:
- Metas de inflação, câmbio fixo e superávit fiscal primário.
- (Correta) Metas de inflação, câmbio flutuante e superávit fiscal primário.
- Inflação flutuante, câmbio fixo e superávit fiscal primário.
- Inflação flutuante, câmbio flutuante e superávit fiscal primário.
- Nenhuma das anteriores.
6. Com relação aos maiores obstáculos para o incremento da competitividade no Brasil, podemos identificar os seguintes fatores, exceto:
- (Correta) Abundância de recursos naturais.
- Infraestrutura inadequada.
- Estrutura tributária.
- Ineficiência da burocracia governamental.
- Instabilidade de política econômica.