Saúde Nutricional no Brasil: Desafios e Políticas Públicas
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Anemia: Público Vulnerável e Distribuição Social
Indivíduos com necessidades elevadas de ferro, em função da rápida expansão do volume plasmático e pelo crescimento acentuado dos tecidos, são considerados mais vulneráveis para o desenvolvimento de anemia. Estes incluem:
- Crianças menores de cinco anos (sendo as menores de 2 anos as mais vulneráveis);
- Gestantes.
Ressalta-se que, diferentemente da desnutrição, a anemia está disseminada por todas as classes de renda.
Ações do Governo Brasileiro para Controle da Anemia
Suplementação com Sulfato Ferroso
Ação curativa para indivíduos deficientes ou profilática para grupos de risco. PROBLEMA: efeitos colaterais indesejáveis e a longa duração do tratamento.
Educação Nutricional
Busca o aumento do consumo de ferro, melhorando a ingestão dos alimentos-fonte ou dos alimentos habituais com densidade de ferro adequada. Aconselha sobre fatores estimuladores e inibidores da absorção do ferro.
Fortificação de Alimentos
Conforme RDC nº 344, de 13/12/2002 da Anvisa, desde junho de 2004 todas as farinhas de trigo e milho disponibilizadas para venda no Brasil passaram a ser fortificadas com ferro e ácido fólico.
Programa Nacional de Suplementação de Ferro
Suplementação preventiva (ou seja, mesmo para indivíduos sem anemia) com ferro para:
- Todas as crianças de 6 a 18 meses;
- Gestantes a partir da 20ª semana (Ferro e Ácido Fólico);
- Mulheres até o terceiro mês pós-parto e pós-aborto;
- Fornecimento gratuito de suplemento oral de ferro e ácido fólico.
Estratégia NutriSUS: Fortificação Infantil
Estratégia de fortificação da alimentação infantil com micronutrientes em pó – NutriSUS consiste na adição direta de nutrientes (vitaminas e minerais em pó) à alimentação oferecida às crianças de 6 meses a 3 anos e 11 meses em creches.
Deficiência de Vitamina A no Brasil: Cenário e Controle
A prevalência de deficiência de vitamina A (DVA) no Brasil é de 17,4%, considerada moderada.
Prevenção e Controle da DVA
Controle da Deficiência Clínica
Tratamento em hospitais e consultórios dos casos diagnosticados, usualmente com administração de altas doses de vitamina A.
Suplementação de Altas Doses
Para populações em risco, sendo esta uma estratégia de ação de curto prazo.
Fortificação de Alimentos
Estratégia mundialmente aceita e recomendada, priorizando alimentos de consumo popular.
Educação Nutricional
Visa à diversificação alimentar e ao maior consumo de fontes de vitamina A, principalmente em grupos de maior risco.
DVA: Papel da Educação Nutricional
Estímulo à amamentação. Educação nutricional com ênfase na diversificação da dieta e aumento do consumo de alimentos ricos em vitamina A. Estímulo ao consumo de alimentos fontes de vitamina A, que podem ser garantidos com o fomento à produção e cultivo desses alimentos, levando em consideração a diversidade regional brasileira e considerando, entre outras alternativas, as hortas caseiras, comunitárias ou escolares.
- Origem animal: óleos de fígado de peixes, derivados do leite (como queijo e manteiga);
- Origem vegetal: folhas de cor verde-escura, frutos amarelos, raízes de cor alaranjada e óleos vegetais.
Iodo: Histórico e Controle dos DDI no Brasil
Na década de 50, os Distúrbios por Deficiência de Iodo (DDI) foram detectados como problema de saúde pública no Brasil, com 20% da população apresentando bócio. Iniciou-se a iodação do sal em áreas endêmicas, evoluindo para a iodação universal do sal. Desde então, verificou-se uma significativa e gradativa redução nas prevalências de bócio. O Brasil atualmente está entre os países que eliminaram virtualmente os DDI.
Desnutrição: Avanços e Desafios Atuais
O controle da desnutrição foi um grande avanço para a saúde pública. Por que esse distúrbio nutricional ainda precisa ser estudado? Devido à magnitude e às consequências negativas para o crescimento, desenvolvimento e sobrevivência infantil.
Ações Governamentais para Controle da Desnutrição
O controle da desnutrição na população geral se deu com a soma de diversas ações para a promoção da Segurança Alimentar e Nutricional e da garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada:
- Programa de Transferência de Renda – Bolsa Família;
- Programa de Aquisição de Alimentos;
- Programa Nacional de Alimentação Escolar;
- Programa de Cisternas;
- Crédito Rural.
Estratégias Brasileiras para Controle da Obesidade
As estratégias para o controle da obesidade no Brasil incluem:
Cirurgia Bariátrica no SUS (2007)
Ações para Promoção de Práticas Alimentares Adequadas e Saudáveis
Ações para Promoção de Ambientes Alimentares Saudáveis
Guia Alimentar para a População Brasileira (2014)
Papel do Governo
Ações de controle sobre a publicidade e rotulagem de alimentos. Ampliar o acesso a alimentos saudáveis (emprego e locais de venda) e a locais para a prática de atividade física próximos das pessoas.
Papel do Setor Privado
Produção de alimentos de forma responsável. Saúde do trabalhador – espaços para prática de atividade física e promoção de alimentação saudável nas empresas.
Papel Individual
Melhorar escolhas alimentares e prática de atividade física. Buscar suporte profissional.
Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) e DHAA
“Segurança Alimentar e Nutricional é a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis.”
Todos nascemos com o direito humano a uma alimentação saudável, fácil de ser conseguida, de qualidade, em quantidade suficiente e de modo permanente.
O Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) é composto de duas partes inseparáveis:
- Toda pessoa tem o direito de estar livre da fome e da má-nutrição;
- Toda pessoa tem o direito a uma alimentação adequada.
Para a garantia do DIREITO HUMANO À ALIMENTAÇÃO ADEQUADA é necessário que tenhamos SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL e, esta depende da garantia da SOBERANIA ALIMENTAR.
Soberania Alimentar e sua Relação com a SAN
SOBERANIA ALIMENTAR: Cada nação tem o direito de decidir a política que vai adotar para garantir uma alimentação segura e nutritiva à sua população, respeitando a sua diversidade produtiva e cultural. Deve ser sustentável economicamente, ambientalmente e socialmente.
É fundamental para garantir o direito humano à alimentação adequada a todos os habitantes de seu território.
LOSAN: Lei Principal da SAN no Brasil
A Lei Orgânica de SAN (LOSAN) - Lei nº 11.346/2006:
- Foi uma conquista popular – II Conferência Nacional de SAN em 2004;
- Cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – SISAN – com o objetivo de assegurar o DHAA;
- Estabelece que o poder público, com a participação da sociedade civil organizada (através do CONSEA), formulará e implementará políticas, planos, programas, ações com vistas a assegurar o DHAA;
- Afirma que a consecução do DHAA e da SAN da população far-se-á por meio do SISAN, integrado por um conjunto de órgãos e entidades da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, além de instituições privadas com ou sem fins lucrativos.
A LOSAN é a carta dos princípios, das diretrizes, das regras do SISAN, com o objetivo de assegurar o DHAA e promover a SAN no Brasil.
Deve-se ressaltar que a LOSAN é uma lei federal aprovada pelo Poder Legislativo (Congresso Nacional) e considerada o principal instrumento sobre o DHAA no Brasil. Mas qual é a importância disso? É importante porque uma lei federal visa ao bem comum, tem efeito em todo o território nacional e deve ser obedecida por todos.
Programas Brasileiros de Promoção da SAN
Programas existentes no Brasil que atuam na promoção da SAN incluem:
- Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA);
- Programa Banco de Alimentos;
- Programa Cisternas;
- Cestas de Alimentos para grupos populacionais específicos;
- Programa Restaurantes Populares;
- Programa Cozinhas Comunitárias;
- Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais;
- Educação Alimentar e Nutricional.